Eventos Realizados

Arq.Futuro promove debates sobre arquitetura e economia da cidade

O Consultor Técnico da ADEMI, Ephim Shluger, acompanhou o ciclo de seminários Arq.Futuro, projeto realizado no Rio de Janeiro, teve como objetivo de criar um espaço para reflexão sobre a amplitude de atuação da arquitetura e do urbanismo e ampliar o fórum de discussão sobre suas dimensões sociais, econômicas e ambientais. Nesta edição, realizada no MAM e no Espaço Tom Jobim, foram convidados os renomados arquitetos Shigeru Ban e Zaha Hadid, e os economistas José Alexandre Sheinkman, professor de economia da Universidade de Prnceton, e Edward Glaeser, professor de economia da Universidade de Harvard. Os urbanistas cariocas Augusto Ivan Pinheiro e Sergio Magalhães apresentaram palestras sobre o Rio de Janeiro. 

A palestra de Edward Glaeser, autor do grande sucesso "Triumph of the City, Penguin", da lista de best sellers do New York Times, é um incansável defensor das cidades pelas externalidades positivas que geram e oferecem aos residentes - um termo de economia que aplica com muita propriedade para explicar os benefícios materiais e imateriais que formam a qualidade de vida urbana. Favelas, para Glaeser, são uma solução encontrada pelas populações de baixa renda: "Elas não produzem nem reproduzem pobreza, pelo contrario, moradores das favelas e periferias possuem ampla criatividade e estima para viver na cidade". O economista completa dizendo que as favelas são um produto e acumulo de políticas públicas equivocadas.  Ao responder a uma questão sobre a importância de investir em capital humano versus infraestrutura urbana, afirmou que a médio e longo prazo as externalidades do capital humano superam na maioria das vezes o investimento realizado em infraestrutura, pois esses geram crescentes retornos econômicos e sociais.   

O arquiteto japonês Shigeru Bao apresentou seus projetos realizados com uso de tubos de papelão, madeira compensada, bamboo laminado e diversos materiais descartáveis. Seus projetos de casas provisórias para abrigar as populações de Rwanda (após o conflito armado e do Haiti após o terremoto), foram apoiados pela ONU e entidades filantrópicas japonesas. Sua obra apresenta soluções simples, criativas e bem econômicas, com muita originalidade no uso de materiais e concepção arquitetônica.  O diferencial da obra do Shingeru esta na sua experimentação de uso de materiais disponíveis e recicláveis e na sua postura ética - sua meritória busca de trabalhar junto com as populações vivendo em acampamentos temporários ao perderam todos os seus pertences.  

Sobre a obra da arquiteta anglo-iraquiana, Zaha Hadid, pode-se afirmar que é o oposto da obra do Shingeru.  Hadid é conhecida pelas obras espetaculares em suas formas, escala e conteúdo programático. Suas obras mais recentes, muitas delas em construção, incluem teatro de opera de Chonquin, na China, uma estrutura administrativa com um centro cultural, em Marselha, um complexo cultural e teatro em Baku, Azerbaijão, e um aeroporto novo que ainda não iniciou as obras (fazendo mistério sobre a sua localização). São obras de formas inusitadas, estruturas de aço recobertas com placas (escamas) de fibro-concreto. Um grupo grande de estudantes de arquitetura brindaram a Zaha Hadid como se fosse uma "artista pop", pedindo autógrafos e tirando fotos com a arquiteta.     

O último dia de evento terminou com um encontro realizado na Casa do Saber reunindo o professor José Alexandre Sheinkman, da Universidade de Princeton, a arquiteta Karen Stein, de Nova York, e o jornalista Mauro Ventura - que foi mediador da sessão. O tema mais discutido deste encontro foi o impacto dos Jogos na cidade.  A questão do legado que os vastos investimentos programados deixarão para os cariocas. Segundo Karen Stein, os jogos olímpicos tem que ser um pretexto para resolver os problemas mais prioritários da cidade, como aconteceu em Barcelona cujos resultados positivos deixaram uma marca indelével em sua qualidade de vida. Sheinkman abordou os gargalos no trânsito carioca, recomendou políticas públicas mais severas no tratamento dos automóveis, elevando o custo de seu uso, e optando pelos investimentos em transporte coletivo de qualidade a médio e longo prazo.  A congestão esta começando a ameaçar a viabilidade de se viver e trabalhar em muitos bairros cariocas. 



Envie para um amigo
Imprima este texto
 
 
 
 

webTexto é um sistema online da Calepino

Matéria impressa a partir do site da Ademi Rio [http://www.ademi.org.br]