A indústria da construção alcançou em 2023 os melhores resultados da série histórica em segurança do trabalho. De acordo com levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI), o setor registrou queda expressiva nos principais indicadores de acidentalidade, doenças ocupacionais e letalidade.
O estudo, conduzido pelo especialista em Segurança e Saúde do Trabalho, Gustavo Nicolai e elaborado pela Comissão de Política de Relações Trabalhistas da CBIC (CPRT/CBIC), avaliou dados públicos da Previdência Social e do INSS referentes ao período entre 2010 e 2024, consolidando um panorama nacional da segurança na construção.
Em 2023, o setor apresentou uma redução de mais de 30% de acidentes típicos em relação ao ano anterior. No mesmo período, o número de doenças do trabalho caiu 25%, atingindo o menor índice da série. A letalidade também apresentou recuo 60% menos do que em 2022. Já o indicador de mortalidade caiu 71%.
Para Ricardo Michelon, vice-presidente de Política de Relações Trabalhistas da CBIC, os resultados representam um marco na trajetória da construção civil brasileira.
“Os dados reforçam que o setor vem avançando de maneira consistente na redução dos índices de acidentes ao longo dos últimos 15 anos. Hoje, a construção ocupa a sexta posição no ranking de incidência de acidentes típicos e a nona em doenças relacionadas ao trabalho, o que demonstra uma evolução significativa frente ao passado em que a atividade era marcada pelo alto risco”, afirmou.
Michelon ressalta que o avanço é fruto de investimentos contínuos em gestão de segurança, qualificação profissional e políticas de prevenção, impulsionados pela atuação conjunta das entidades representativas.
“Esse resultado reflete a adoção progressiva de práticas de gestão, o fortalecimento das políticas de prevenção e a ação articulada de empresas, sindicatos e instituições. A atuação permanente da CBIC na construção de uma agenda técnica e normativa em SST tem sido fundamental para consolidar essa cultura de segurança”, destacou.
O estudo também reforça a importância de campanhas de conscientização, como a CANPAT Construção, promovida pela CBIC em parceria com o SESI. Realizada em outubro, a iniciativa reuniu empresas, trabalhadores e órgãos públicos em ações voltadas à prevenção e difusão de boas práticas, reforçando a conexão entre dados, políticas e resultados concretos.
“Os indicadores mostram que há espaço para avançar ainda mais. Este levantamento não é um ponto de chegada, mas uma base estratégica para orientar políticas setoriais, apoiar o diálogo com o poder público e qualificar a tomada de decisão das empresas”, completou Michelon.
De acordo com Gustavo Nicolai, a análise foi desenvolvida com base em informações do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS), do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT) e do sistema CATWEB, do INSS.
“O objetivo é organizar e demonstrar, de forma técnica e transparente, os dados sobre acidentes e doenças do trabalho na construção. O cruzamento dessas bases permite entender as tendências, medir os impactos das ações de prevenção e orientar políticas mais eficazes”, explicou o especialista.
Resultado atualizado do levantamento está sendo disponibilizado exclusivamente às entidades associadas à CBIC e maiores informações podem ser obtidas por e-mail à cprt@cbic.org.br.
O tema tem interface com o projeto “Conhecimento, Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção”, da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC, com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi).