Os desafios da construção civil: escassez de mão de obra direta e seus impactos

em Monitor Mercantil, 30/abril

A construção civil enfrenta escassez de mão de obra qualificada: problemas de prazos, custos e qualidade do serviço. Por Amanda Silva e Felipe Macedo.

A construção civil brasileira enfrenta um obstáculo significativo que vai além do aumento no custo dos materiais: a escassez de mão de obra qualificada. Empresas do setor têm reportado atrasos em obras, aumento de custos e dificuldades em manter a qualidade dos serviços, consequências diretas da falta de profissionais experientes. De acordo com dados levantados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2022), cerca de 90% das construtoras relatam dificuldades em contratar trabalhadores qualificados. Esse cenário reflete um mercado de trabalho onde a mão de obra qualificada está envelhecendo, e há um desinteresse crescente das novas gerações por profissões que exigem esforço físico e qualificação técnica (SENAI; CBIC, 2023).

A escassez de mão de obra é ainda mais crítica em serviços especializados e nas fases finais das obras, como acabamento e instalações. De acordo com levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV, 2023), aproximadamente 40% das empresas afirmam ter “muita dificuldade” para preencher essas vagas, mesmo oferecendo melhores salários. Ainda assim, muitas organizações do setor não avançaram na modernização de seus processos, o que reforça a dependência de uma mão de obra que, atualmente, está cada vez mais escassa e concentrada em profissionais mais velhos.

Diante disso, algumas construtoras têm adotado medidas para mitigar o problema, como investimentos em treinamentos internos, parcerias com instituições de ensino técnico e realocação de profissionais entre regiões. Tais estratégias, no entanto, não têm sido suficientes para conter os impactos sobre o cronograma e o orçamento das obras (CBIC, 2023), o que indica a necessidade de ações mais estruturais e de longo prazo para tentar reverter a fragilidade da mão de obra no setor.

Para garantir a sustentabilidade da construção civil nos próximos anos, será essencial investir na valorização da mão de obra, oferecer melhores condições de trabalho e tornar a profissão mais atrativa para as novas gerações (CBIC, 2023). Sem essas mudanças, o setor poderá enfrentar um futuro em que a escassez de profissionais qualificados comprometerá o crescimento, bem como o desenvolvimento das obras em todo o país.


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