Os aluguéis residenciais no Rio de Janeiro acumularam alta de 5,93% nos últimos doze meses até junho deste ano, segundo o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A pressão sobre os preços reflete um descompasso entre oferta e demanda: enquanto a procura por imóveis para locação cresceu 61% desde a pandemia, a oferta disponível encolheu 44% no mesmo período, conforme dados do Secovi Rio.
Os dados da FGV mostram que a taxa acumulada saltou de 3,98% em maio para 5,93% em junho, uma aceleração de quase dois pontos percentuais em trinta dias. Outros indicadores do setor confirmam a tendência: o Índice FipeZAP, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, apontou acumulado de 7,42% entre janeiro e setembro.
É uma boa notícia para proprietários que buscam rentabilidade; os locatários, porém, enfrentam reajustes que superam a inflação geral. Na capital fluminense, o IVAR passou de 3,98% para 5,93% entre maio e junho. A variação é o maior salto mensal do índice no período analisado.
Oferta recua e demanda avança no mercado carioca
O Secovi Rio, sindicato que representa o setor imobiliário na região, aponta um fator que ajuda a explicar a valorização. A demanda por imóveis para aluguel aumentou 61% desde a pandemia. A oferta disponível, por outro lado, caiu 44% no mesmo período.
A valorização facilita o reposicionamento de unidades com preços mais altos. Proprietários aproveitam a concorrência intensa entre locatários, já que o retorno ao trabalho presencial ampliou a procura. O leilão de imóveis judicial adiciona dinâmica ao mercado ao disponibilizar propriedades de processos de execução. Bairros próximos a centros comerciais e transporte público se tornaram mais disputados e o estoque reduzido tornou o mercado competitivo.
As áreas centrais, em sua maior parte revitalizadas, puxam essa disputa porque atraem novos moradores. Os preços sobem, e proprietários com boa ocupação aproveitam esse ambiente favorável.
Setor imobiliário apresenta rentabilidade acima da média nacional
Imóveis em leilão no RJ ampliam o leque de oportunidades no mercado imobiliário carioca. A pesquisa da FGV sobre rentabilidade do aluguel residencial aponta o retorno médio de 19,1% ao ano em regiões metropolitanas como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O cálculo soma valorização patrimonial e ganhos com locação.
A fundação divulgou que, no ano passado, o aluguel por temporada movimentou R$ 99,8 bilhões na economia brasileira e sustentou 627,6 mil empregos. O estudo utilizou metodologia de insumo-produto para mensurar os efeitos indiretos: cada R$ 10 gastos em acomodação geraram R$ 52 em outros setores. O setor adicionou R$ 55,8 bilhões ao PIB nacional e arrecadou R$ 8 bilhões em tributos diretos.
Dados de mercado mostram que o Rio de Janeiro possui 30.425 listagens ativas em plataformas de locação de temporada, o segundo maior volume do país. O número de anúncios saltou de 23 mil para 500 mil em dez anos no Brasil, segundo o mesmo levantamento de 2024 da FGV. O leilão de imóveis Itaú e demais instituições financeiras oferecem propriedades que podem ser direcionadas tanto para residência quanto para locação
Uma análise da Stays e PriceLabs aponta que mais de 100 mil novos anúncios foram criados entre abril de 2023 e abril de 2024. A média nacional permanece em 20 noites reservadas por ano por listagem, com ocupação estável.
A diária média alcança R$ 332, a mais elevada nacionalmente. A receita anual média chega a R$ 67 mil por imóvel. O retorno sobre investimento (ROI) varia entre 8,5% e 9,8%, dependendo da localização e das características da propriedade.
A renda média mensal dos anfitriões alcança aproximadamente R$ 1.500 por anúncio de imóvel inteiro, segundo a FGV. Mulheres representam mais de 55% dos provedores de acomodação por temporada no Brasil, segundo análise do Banco Mundial que examinou dados de plataformas globais. A atividade é um dos tipos de complementação de renda familiar em diferentes perfis socioeconômicos brasileiros.
Taxa de juros elevada dificulta compra e aquece setor de locação
O cenário de juros em patamares elevados encarece o crédito imobiliário. O acesso à casa própria se torna mais difícil, o que amplia o contingente de pessoas que dependem do aluguel. Esse movimento aquece também o segmento de locação por temporada, impulsionado pela recuperação do turismo doméstico.
Os gastos totais em viagens nacionais com pernoite alcançaram R$ 22,8 bilhões em 2024, alta de 11,7% sobre 2023, segundo a PNAD Contínua do IBGE. Imóveis por temporada representaram 5,2% das viagens realizadas. O Ministério do Turismo prevê faturamento recorde de R$ 157,74 bilhões entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025 na alta temporada, o maior valor dos últimos dez anos. Já o setor hoteleiro registrou aumento de 1,2% na taxa de ocupação nos oito primeiros meses de 2024.
Investimentos estrangeiros em atividades ligadas ao turismo somaram US$ 360 milhões em 2024, crescimento de 40% em relação a 2023. O setor hoteleiro prevê investimentos de R$ 8,4 bilhões até 2028, segundo projeções do Ministério do Turismo. O mercado de aluguel por temporada mais que dobrou entre 2020 e 2024, conforme análise da Stays e PriceLabs. Os índices setoriais indicam que a tendência deve se manter nos próximos meses.