Ações do setor imobiliário saem na frente e se destacam como o melhor investimento do semestre

em Valor Investe, 30/junho

IMOB é destaque nos últimos seis meses com mais de 46% no acumulado do ano e ações de emergentes saltam em dupla no mês.

A combinação entre moderação na inflação global, manutenção da Selic em níveis elevados no Brasil e um certo realinhamento das expectativas em relação à trajetória de juros nos Estados Unidos tornou o primeiro semestre de 2025 simbólico para os mercados.

O período abriu espaço para a valorização de ativos de risco em diversas geografias. Mas o desempenho do Índice Imobiliário (IMOB), que representa os ativos mais negociados e de maior representatividade no setor imobiliário, foi o destaque absoluto no primeiro semestre do ano, com alta de mais de 46%.

"O setor imobiliário foi o mais penalizado nos últimos anos e agora lidera a recuperação, sustentado por três pilares: a estabilização da curva de juros de longo prazo, a percepção de que o pior da inflação já passou, e a forte defasagem de preço dos ativos do setor, muitos deles ainda negociando abaixo do valor patrimonial", explica o analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima.

Ainda segundo ele, esse ajuste é reflexo de uma retomada diante de um cenário macro que, embora ainda desafiador, tornou-se mais previsível. Em junho, o próprio IMOB avançou em linha com esse reposicionamento estrutural.

O destaque do IMOB no acumulado do ano reforça o movimento de ajuste de setores cíclicos na bolsa, enquanto Nasdaq e emergentes foram puxados por dados macro mais benignos e expectativas renovadas.

O Nasdaq teve alta de mais de 6% no mês, registrando um alívio nos rendimentos dos títulos do tesouro americano de longo prazo após a divulgação de dados de inflação um pouco abaixo do esperado por lá, o que manteve viva a perspectiva de cortes mais à frente, ainda que postergados para 2026.

Já o índice MSCI Brasil, que subiu mais de 7%, demonstra que os investidores buscaram ativos com maior potencial de valorização relativa e o país está entre os principais destinos desse fluxo.

Tanto Nasdaq quanto MSCI foram puxados principalmente pelo desempenho de empresas ligadas à tecnologia, inovação e setores mais sensíveis à taxa de juros. O investidor global voltou a assumir um pouco mais de risco, o que beneficiou ativos que vinham pressionados nos meses anteriores.

S&P 500 e o Dow Jones também entregaram retornos consistentes. Para o analista da Ouro Preto Investimentos, isso reforça o apetite por risco em escala global, em um mês marcado por menor volatilidade e boas surpresas nos dados econômicos.

"No geral, esse foi um mês em que o mercado reequilibrou suas apostas. A valorização simultânea de ativos globais e locais indica que os investidores estão menos preocupados com riscos sistêmicos e mais focados em capturar oportunidades táticas e de médio prazo".

O chefe da Audax Capital, Pedro Da Matta, destaca também o avanço do Ouro no acumulado do ano (+11,10%), que para ele mostra como os investidores continuam buscando instrumentos de proteção diante das tensões geopolíticas e do debate fiscal no Brasil.

"Esses movimentos reforçam a importância da diversificação e da leitura dos ciclos econômicos. Estratégias baseadas apenas na fotografia atual correm o risco de perder a janela de valorização de classes de ativos que já estão antecipando mudanças no cenário macro. O investidor que conseguiu navegar com agilidade entre renda fixa, bolsa e ativos internacionais ao longo do semestre teve mais chances de proteger e multiplicar seu capital", destaca Matta.

Evolução das aplicações financeiras

Rentabilidade nominal no período - em %
2025 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Ano
Renda Fixa
Selic (1) 1,01 0,99 0,96 1,06 1,14 1,10 6,42
CDI (1) 1,01 0,99 0,96 1,06 1,14 1,10 6,42
CDB (2) 0,83 0,89 0,90 0,96 0,96 1,00 5,67
Poupança (3) 0,67 0,63 0,61 0,67 0,67 0,67 3,99
Poupança (4) 0,67 0,63 0,61 0,67 0,67 0,67 3,99
IRF-M 2,58 0,61 1,39 2,99 1,00 1,78 10,77
IMA-B 1,07 0,50 1,84 2,09 1,70 1,30 8,80
IMA-B 5 1,88 0,65 0,55 1,76 0,62 0,45 6,04
IMA-B 5 + 0,43 0,41 2,83 2,33 2,45 1,86 10,74
IMA-S 1,10 0,99 0,96 1,05 1,16 1,11 6,55
Renda Variável
Ibovespa 4,86 -2,64 6,08 3,69 1,45 1,33 15,44
Índice Small Cap 6,11 -3,87 6,73 8,47 5,94 1,04 26,43
IBrX 50 4,82 -2,79 5,96 2,55 1,26 1,46 13,77
ISE 5,72 -2,92 4,69 10,48 3,84 1,82 25,53
ICON 1,87 -5,51 12,27 12,67 2,37 -1,78 22,44
IMOB 11,23 -3,57 9,61 11,55 7,18 4,16 46,41
IDIV 3,50 -2,78 5,52 3,88 1,31 1,76 13,71
IFIX -3,07 3,34 6,14 3,01 1,44 0,63 11,79
Valor-Coppead Performance 2,17 -3,13 2,50 5,05 5,12 1,03 13,19
Valor-Coppead MV 5,17 -2,61 2,69 3,61 -1,65 1,67 8,97
Dólar Comercial Ptax - BC -5,85 0,32 -1,82 -1,42 0,85 -4,41 -11,87
Dólar Comercial Mercado -5,54 1,35 -3,56 -0,50 0,72 -4,98 -12,08
Euro - R$/€ - BC -5,82 0,35 1,92 3,65 0,81 -0,84 -0,21
Euro Comercial Mercado -5,74 1,28 0,59 4,22 0,99 -1,43 -0,38
Ouro (BC) 1,38 1,79 7,32 4,66 0,27 -4,41 11,10
Bitcoin - R$ 2,38 -15,90 -5,89 13,57 11,26 -2,47 -0,13
Internacional
Dow Jones 4,70 -1,58 -4,20 -3,17 3,94 4,32 3,64
Nasdaq Composite 1,64 -3,97 -8,21 0,85 9,56 6,57 5,48
Nasdaq 100 2,22 -2,76 -7,69 1,52 9,04 6,27 7,93
S&P 500 2,70 -1,42 -5,75 -0,76 6,15 4,96 5,50
Stoxx 600 6,29 3,27 -4,18 -1,21 4,02 -1,33 6,65
Nikkei-225 -0,81 -6,11 -4,14 1,20 5,33 6,64 1,49
SSE Composite -3,02 2,16 0,45 -1,70 2,09 2,90 2,76
MSCI Global 3,47 -0,81 -4,64 0,74 5,69 4,22 8,59
MSCI Emergentes 1,66 0,36 0,38 1,04 4,00 5,65 13,70
MSCI Brasil 12,27 -5,37 5,84 4,28 -0,17 7,18 25,47
Inflação
IGP-M 0,27 1,06 -0,34 0,24 -0,49 -1,67 -0,94
IPCA (5) 0,16 1,31 0,56 0,43 0,26 0,25 3,00

(1) taxa efetiva. (2) rendimento bruto do 1º dia útil do mês. (3) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos até 03/05/12. (4) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos a partir de 04/05/12. (5) expectativa de 0,25% para o mês de junho
Fontes: Anbima, Bacen, B3, Focus, FGV, IBGE, Mercado Bitcoin, MSCI e Valor PRO. Elaboração: Valor Data


Ver online: Valor Investe