Novos apartamentos compactos são desenhados sob medida para a Geração Z
em Estadão / Economia, 30/junho
Em 2024, a participação dos imóveis pequenos nos lançamentos ficou na faixa de 80%, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Os apartamentos compactos estão dominando o setor imobiliário. Em 2024, a participação dos imóveis pequenos no total de lançamentos ficou na faixa de 80%, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Na cidade de São Paulo, 70% já são considerados compactos com metragem entre 40 m² e 45 m² ou menos.
“O compacto vem de uma tendência, principalmente pós-pandemia, consequência do aumento muito grande do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). De 2017 a 2024, o crescimento acumulado foi de mais de 54%, enquanto a renda não acompanhou essa proporção”, afirmou a diretora de Incorporação da Plano&Plano, Renée Silveira, no Summit Imobiliário 2025, nesta segunda-feira, 30, em São Paulo, no Dia do Mercado Imobiliário Estadão.
“Temos um déficit habitacional gigante, em especial, concentrado nas faixas 1, 2 e 3 do Minha Casa, Minha Vida, e essa diminuição vem justamente para atender essa necessidade”, completa.
Para o diretor de Relações com Investidores da Lopes, Cyro Naufel, o aumento dos compactos é uma combinação de fatores sociais e econômicos. “Observamos uma diminuição no número de habitantes por domicílio. Hoje, a média de habitantes por moradia é de 2,65. Com isso, poderíamos dizer que ninguém precisa de um apartamento grande em São Paulo.”
De acordo com Naufel, a Geração Z também tem desempenhado papel relevante nessa transformação. “São pessoas que não podem perder tempo no deslocamento e valorizam a praticidade.”
“A Geração Z tem comprado mais apartamento, é algo que transmite segurança para eles. São jovens que vêm de um processo de insegurança de gerações anteriores que não tinham acesso ao crédito imobiliário. Somente no ano passado, 23% dos clientes no ano passado era Geração Z”, diz Renée.
O perfil geracional também molda um novo cotidiano nos condomínios. “O público aceita um apartamento menor que trará menos gastos, no entanto, o prédio para se destacar precisa oferecer as áreas compartilhadas que são bem-vistas e bastante usadas pelos novos moradores”, afirma Renée.
E não é só a Geração Z que está de olho nas unidades menores, o público de alto padrão também tem buscado imóveis com esse perfil, de acordo com a vice-presidente na Setin Incorporadora, Bianca Setin.
“Há uma migração para apartamentos compactos, de famílias que os filhos não moram mais com os pais, vemos muito na região do Jardim Paulista, ou de moradores de casas grandes”, ela diz.
“O alto padrão hoje não tem a ver com o tamanho do apartamento. Há edifícios com unidades compactas de altíssimo padrão”, complementa Naufel.
Detalhes fazem a diferença
A valorização de um apartamento compacto não está necessariamente ligada apenas ao imóvel. “O diferencial de um apartamento compacto está da porta para fora”, salienta Naufel.
O primeiro ponto para que isso valha na prática, segundo o diretor da Lopes, é a localização, acesso ao transporte públicos e grandes avenidas. Além disso, as áreas comuns atuam como um prolongamento da unidade reduzida, com a oferta de espaços como academia, lavanderia, área gourmet, coworking etc.
Para Bianca, o principal ponto que contribui para um compacto ter liquidez é a localização. “Na sequência, o custo de condomínio não pode comprometer a renda”, completa.
Ao analisar o preço do metro quadrado, os especialistas são unânimes em afirmar que a tendência é de aumento. “No alto padrão, em São Paulo, o valor do metro quadrado está abaixo do que deveria estar. Não estamos conseguindo alcançar nem o INCC do nosso preço”, diz Bianca.
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