Apesar dos impactos negativos, tarifaço pode ser uma oportunidade para o mercado imobiliário
em Diário do Comércio, 24/julho
Especialistas avaliam que investidores possam recorrer à compra de imóveis para tentar proteger o patrimônio em meio à incerteza econômica.
Apesar dos potenciais impactos adversos do tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, no setor, o mercado imobiliário espera que os investidores recorram aos grandes negócios com imóveis para proteger o patrimônio em meio à incerteza econômica. O setor espera sofrer indiretamente os efeitos as tarifas trumpistas, que deverão pressionar a cotação do dólar, a inflação e os custos de materiais importados na construção civil.
As expectativas de um dólar mais forte frente ao real e de uma inflação ainda elevada deverão afetar o poder de compra da população e compelir o Banco Central (BC) a manter a taxa básica de juros (Selic) em patamar elevado por mais tempo do que o esperado pelo mercado, o que afeta para cima os custos dos financiamentos.
Atualmente, a Selic está em 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006, ainda durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC será na semana que vem e a expectativa do mercado financeiro é de manutenção do atual patamar da taxa de juros.
A presidente da Comissão Estadual de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil Seção-MG (OAB/MG), Eliza Novaes, afirma que a tarifa de 50% dos EUA sobre todos produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor no dia 1º de agosto, provocará um aumento do custo do crédito e deve reduzir a liquidez no mercado.
Esses efeitos devem impactar diretamente os lançamentos e os investimentos em empreendimentos residenciais e comerciais, segundo Eliza Novaes, e ainda encarecer os custos dos materiais de construção importados, o que pode inclusive atrasar a entrega de novos projetos. “Esse aumento nos custos repercute em toda cadeia imobiliária, gerando desafios para incorporadoras e fornecedores”, comenta.
Com todo um contexto de maior instabilidade econômica, Eliza Novaes aposta que os investidores devem realizar grandes aportes em imóveis, sobretudo nos de alto padrão, para buscar um investimento seguro frente à grande volatilidade econômica que se avizinha. “A gente acredita que grandes negócios vão ocorrer nesse sentido, de investimento em imóveis, por segurança, principalmente diante do cenário da bolsa de valores”, avalia.
A presidente da comissão da OAB-MG destaca que o tarifaço de Trump pegou o setor produtivo de surpresa e ainda está muito recente. Por isso, prega cautela ao mercado imobiliário na hora de agir. “Agora é observar o mercado. A tendência muito maior é que as pessoas busquem investimento na proteção patrimonial. Nesse momento de incerteza política econômica, o que esperamos é que investidores migrem para ativos mais seguros”, pontua.
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