Cariocas lideram rejeição à moradia compartilhada entre capitais do Sul e Sudeste

em Diário do Rio, 15/julho

Pesquisa mostra que 76% dos moradores do Rio se sentem desconfortáveis com a ideia de dividir o lar com pessoas de fora da família.

Dividir a casa com estranhos? Para o carioca, ainda é não. Segundo uma pesquisa encomendada pela Loft e realizada pela Offerwise, três em cada quatro moradores do Rio de Janeiro dizem se sentir desconfortáveis com a ideia de morar em um imóvel compartilhado com pessoas que não são da família. A resistência, inclusive, é a mais alta entre todas as capitais do Sul e Sudeste incluídas no levantamento — São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.

O modelo, comum em grandes cidades do exterior, como Berlim, Nova York ou Londres, ainda encontra portas fechadas por aqui. Apenas 16% dos cariocas se disseram abertos ou totalmente abertos à proposta, mesmo em tempos de aluguel caro e imóveis menores. É, no fim das contas, um reflexo do modo de vida ainda muito baseado na ideia de lar próprio, privado e familiar.
Cultura da propriedade e vínculos familiares pesam na balança

No Rio, o sonho da casa própria continua vivo — e, em muitos casos, já realizado. O estudo mostra que 49% dos entrevistados vivem em imóveis quitados por eles ou por algum membro da família. Um dado que ajuda a explicar por que morar com desconhecidos nem passa pela cabeça de boa parte da população.

“O Rio é uma cidade com forte cultura de propriedade e de convivência familiar prolongada, o que ajuda a explicar essa resistência”, analisa Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft. Apenas 6% dos entrevistados disseram morar em imóveis alugados com pessoas de fora da família. A convivência, quando há, segue sendo majoritariamente entre parentes.

Há também uma questão de perfil geracional. Entre os mais velhos, o desconforto com a ideia de dividir a casa é ainda maior: 48% dos entrevistados da Geração X afirmaram estar totalmente desconfortáveis com o modelo. É quase o dobro da Geração Z, na qual esse índice cai para 28%.

Entre os jovens, no entanto, o cenário começa a mudar. O percentual de abertura entre os nascidos a partir de 1995 dobra: 18% da Geração Z no Rio se dizem confortáveis ou muito confortáveis com a ideia de dividir o imóvel — mais do que a média nacional, que ficou em 8%. No Brasil como um todo, 10% dos jovens dessa geração já vivem algum tipo de experiência de moradia compartilhada, quase o dobro da média geral da população.

O levantamento foi realizado na segunda quinzena de junho, com 1.010 pessoas nas quatro capitais analisadas. No Rio, foram 250 entrevistas, em amostra representativa da população local.


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