Depois de duas quedas consecutivas, o setor da construção voltou a crescer e registrou alta de 1,3% no 3º trimestre de 2025, na comparação com o trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. O resultado superou o desempenho da economia brasileira, que ficou praticamente estável no período, com alta de 0,1%, segundo dados do Produto Interno Bruto (PIB), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Indústria cresceu 0,8%, a Agropecuária 0,4% e os Serviços 0,1%.
“O fortalecimento das atividades da construção é essencial para que o país apresente resultados melhores no investimento e consolide o seu crescimento sustentado”, explicou Ieda Vasconcelos, economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
O avanço aconteceu após retrações de 0,7% no 1º trimestre e de 0,3% no 2º trimestre, o que gerou uma base de comparação mais baixa. O setor enfrentou um início de ano pressionado pela alta da Selic, que subiu 2,75 pontos percentuais no semestre, encerrando junho em 15% ao ano. O encarecimento do crédito e a incerteza sobre novos aumentos impactaram o início de obras e adiaram investimentos.
Mesmo diante desse cenário, a construção manteve ritmo de produção e ampliou a geração de empregos. Dados do Novo Caged mostram que, de janeiro a outubro, os três segmentos do setor (Obras de Infraestrutura, Construção de Edifícios e Serviços Especializados) criaram 214.717 vagas formais. No 1º semestre, a Construção ultrapassou a marca de três milhões de trabalhadores com carteira assinada, patamar que não era registrado desde 2014.
No mercado imobiliário, os lançamentos também seguem em expansão. Em 2024, foram 409.150 unidades, das quais 48,44% pelo Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Esses empreendimentos continuam impulsionando a atividade, mesmo com juros elevados. De janeiro a outubro deste ano, 83.853 vagas formais, 39,05% do total, foram criadas na Construção de Edifícios.
As Obras de Infraestrutura tiveram desempenho ainda mais expressivo: geraram 67.481 empregos formais nos primeiros dez meses de 2025, alta de 29,31% frente ao mesmo período de 2024.
Em todas as bases comparativas, o setor registrou crescimento. No 3º trimestre, a Construção avançou 1,3% diante do mesmo período de 2024. No acumulado de janeiro a setembro, a alta foi de 1,7%. No mercado imobiliário, os lançamentos somaram 307.366 unidades nos primeiros nove meses de 2025, aumento de 8,4% em relação a igual período do ano anterior. O MCMV respondeu por 48,96% desse total (150.497 unidades).
A CBIC revisou recentemente suas projeções e espera que o setor encerre 2025 com crescimento de 1,3%. Apesar do resultado positivo, o desempenho será inferior ao de 2024 (4,4%), reflexo direto do atual ambiente de juros altos. De acordo com sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com apoio da CBIC, a taxa de juros elevada é apontada pelos empresários, há quatro trimestres consecutivos, como o principal problema enfrentado pela Construção.
Desde o início da pandemia até o 3º trimestre de 2025, o setor acumulou crescimento de 24,43%, mas ainda permanece 13,49% abaixo do pico alcançado em 2014. O Brasil fechou o trimestre com taxa de investimento de 17,3%, abaixo da média mundial de 25,9% registrada em 2023 pelo Banco Mundial.