Deu zebra! Índice do setor imobiliário foi o melhor investimento de agosto
em Valor Investe / Fundos de Investimentos, 29/agosto
De janeiro até aqui, a carteira de ações de construtoras e shoppings avançou 56% graças às expectativas de queda dos juros.
É chegada a hora dos azarões? Depois do pior mês de julho em quatro anos, os índices da bolsa brasileira vieram para a virada em agosto. Com a alta sustentada por um cenário mais otimista para a queda da Selic, índice IMOB, que reúne ações de construção civil e shoppings, lidera a lista de retornos neste mês, com alta de 13%.
O investidor que replicou a carteira do IMOB na virada de julho para agosto foi o que se deu melhor neste mês. E também não está nada mal neste ano. De janeiro até aqui, o índice do setor imobiliário deu uma arrancada de quase 56%.
Com essa performance, o IMOB deixou para trás ativos que têm lugar cativo no pódio dos melhores investimentos mensais: o Bitcoin, que neste mês caiu 6,65%; o ouro, que ficou praticamente estável; e os índices das bolsas de Nova York, que, apesar dos recordes, ficaram com ganhos perto de 2,5% neste mês.
No mês do cachorro louco, a loucura foi a virada da bolsa brasileira. Majoritariamente superados os imbróglios com Donald Trump, o reforço das apostas para a queda de juros garantiu a disparada das ações domésticas, especialmente aquelas mais sensíveis à economia local - caso do setor imobiliário.
Assim, outras carteiras de referência da B3 não ficam muito para trás. O índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa, avançou 6,3% no mês e encerrou agosto numa nova máxima. Mas como a cesta está mais exposta a papéis da indústria e exportadoras em geral, seu impulso não foi tão expressivo.
Na segunda posição entre os ativos com as maiores altas de agosto aparece o índice ICON, com ações de consumo (desde indústria de bens de consumo até varejo e serviços), que avançou 8%.
Já o índice ISE da B3, que mede o desempenho na bolsa das empresas que demonstram compromisso com práticas sustentáveis, aparece como o terceiro maior retorno do último mês, de 7,4%. Com uma carteira mais equilibrada na distribuição de pesos, a cesta do ISE acaba tendo mais companhias ligadas à economia doméstica, já que muitas da indústria pesada não atendem seus critérios de composição.
É hora de investir no IMOB?
A disparada do IMOB está ligada a uma combinação de fatores que estão intrinsecamente ligados. Tudo se resume, basicamente, à virada na política monetária, que saiu de um cenário nebuloso no fim de 2024 para perspectivas de queda da Selic no máximo até o segundo trimestre de 2026. Junto a esse quadro estão também o enfraquecimento do dólar contra o real e, principalmente, os sinais de arrefecimento da inflação doméstica.
As sinalizações que reforçaram o espaço para a queda da Selic - especialmente com a validação para o corte no juro dos Estados Unidos em setembro - alimentam expectativas de que os papéis do setor imobiliário possam surfar mais uma onda de altas neste segundo semestre.
Mas não será um voo sem turbulências, segundo especialistas. A elevada volatilidade das taxas nos contratos futuros de juros, que refletem os riscos e incertezas do país, reduzem a visibilidade para o setor.
Além disso, os riscos de crédito estão particularmente alarmantes enquanto os índices de inadimplência avançam, sugerindo que instituições financeiras e bancos possam fechar as torneiras de recursos com a Selic em 15% pelo menos até o fim deste ano.
Por isso, para quem quiser arriscar um mergulho no universo das construtoras, incorporadoras e shoppings, o alerta é que a próxima onda do mercado imobiliário exigirá ainda mais estômago.
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