O bairro que leva nome de árvore frutífera, já virou música e sempre cultivou esse ar de calmaria alternativa na Zona Sul está, de novo, no radar das incorporadoras. Laranjeiras, que tinha ficado meio de lado nas transações imobiliárias dos últimos anos, agora acompanha o movimento que também reacendeu o interesse sobre Flamengo e Catete.
A desenvolvedora imobiliária RJDI anda preparando o lançamento de um empreendimento na Rua Gago Coutinho, em um terreno formado a partir da compra de um casario preservado e de outros imóveis comerciais ao lado. O endereço fica no miolo super valorizado entre o Largo do Machado e o Parque Guinle. O imóvel histórico, que já funcionou como consultório e tinha uso comercial, será mantido e integrado ao projeto.
Laranjeiras tem uma característica rara ao juntar vida tranquila, comércio farto e um acervo arquitetônico impressionante. O bairro foi um dos primeiros a serem urbanizados quando a elite carioca começou a se deslocar para fora do Centro. Na época, havia dois vetores principais de expansão: rumo a São Cristóvão, próximo a antiga residência da Família Imperial, e rumo à porção sul do município. O antigo vale do Rio Carioca, como era chamada a região, despontou em meados dos séculos XIX, o que ajuda a explicar a concentração de casarios preservados e prédios tombados em toda a região.
A empresa obteve autorização para unificar três terrenos e erguer um prédio de aproximadamente dez andares, com 100 unidades compactas, seguindo a tendência que vem dominando lançamentos na Zona Sul. O casario tombado será restaurado e funcionará como área de acesso ao condomínio. Logo na entrada, painéis serão instalados no interior da casa, transformando o espaço num cartão de visita.
Segundo Jomar Monnerat, sócio-fundador da RJDI, o restauro virou quase uma missão. Ele contou ao DIÁRIO DO RIO que a negociação para viabilizar a compra dos imóveis levou tempo e exigiu um trabalho “de muita conversa e maturação”, envolvendo equipe e proprietários. A parceria com o IRPH, que tem sua sede praticamente em frente, garantiu a incorporação do imóvel histórico ao conjunto e ainda permitiu que o projeto ultrapassasse o gabarito permitido no bairro, como prevê a legislação quando há preservação arquitetônica envolvida.
Monnerat avaliou que Laranjeiras e seu entorno vivem um momento aquecido. Ele lembrou que a empresa lançou recentemente um empreendimento no Flamengo e disse perceber um fluxo crescente de interessados naquela faixa entre os dois bairros, impulsionado pelo comércio pulsante do Largo do Machado e pela reabertura do Mercado São José, que voltou a movimentar a vida de bairro.
O lançamento está previsto para logo depois do carnaval, e a previsão de entrega é para o fim de 2028.