Novo projeto reposiciona mercado imobiliário da Gávea com foco em mobilidade e moradia estudantil

em Diário do Rio, 24/novembro

Lançamento surge no embalo do metrô, restaura um casarão histórico e preenche a lacuna de moradias próximas à PUC.

Embora seja sede de uma das universidades mais prestigiadas do país, a Gávea nunca desenvolveu uma oferta consistente de moradias compactas voltadas para estudantes. Enquanto outros polos acadêmicos do Rio criaram cinturões de unidades pequenas, o bairro manteve uma predominância de imóveis familiares e caros. Em regiões como Maracanã, Ilha do Fundão e Seropédica, a presença de universidades estimulou o surgimento de moradias para quem vem de outras cidades e passa a semana longe de casa. Na Gávea, isso nunca se consolidou.

Uma das razões sempre foi a própria demografia da PUC-Rio, historicamente composta majoritariamente por alunos que já viviam na Zona Sul. Mas essa realidade mudou. Hoje, cresce o número de estudantes vindos do interior, de municípios da Região Metropolitana e de intercâmbio acadêmico, para quem morar perto da universidade deixou de ser conveniência e se tornou necessidade. Dados do Inep mostram o tamanho do fenômeno: 30% dos quase 5 milhões de matriculados em cursos presenciais no país precisam deixar suas cidades para estudar. E esse público não encontra, na Gávea, o mesmo mercado imobiliário enxuto e funcional disponível em outros centros estudantis do Rio.

Um lançamento que muda o paradigma

Esse cenário começa a virar de página com o lançamento do Gaví, que se apresenta como uma resposta a essa demanda reprimida. A Performance Empreendimentos escolheu a Marquês de São Vicente, em frente à PUC, para voltar ao bairro com um produto até então raro por ali: estúdios compactos voltados para estudantes, jovens profissionais e moradores que dependem de deslocamentos diários.

A localização também ganha peso pela movimentação urbana recente. A futura estação do metrô, aguardada há mais de uma década, entrou em fase final de obras e deverá reposicionar a mobilidade da região nos próximos meses. Para Renato Leite, COO da Performance, esse foi um fator determinante no timing do lançamento. Segundo ele, a inauguração da estação abre “um novo ciclo de mobilidade, fluxo e valorização” e consolida o Gaví como ativo estratégico no novo cenário urbano da Gávea.

“Do ponto de vista de produto e de investimento, essa conexão gera um impacto direto na liquidez, na ocupação e na valorização futura, especialmente para um público jovem, estudantil e acadêmico, que hoje busca moradias mais próximas aos seus deslocamentos diários. O metrô reforça a atratividade do projeto e consolida o Gaví como um ativo estratégico nesse novo cenário urbano da Gávea”, afirma Leite.

Casarão preservado e integração ao bairro

O terreno escolhido — quase 3.800 metros quadrados no número 208 da Marquês de São Vicente — é hoje uma raridade na Zona Sul. No centro dele, um casarão histórico que por anos gerou preocupação entre moradores e estudantes temendo sua demolição. O destino, porém, seguiu caminho inverso. O projeto manteve a construção original, incorporou áreas verdes, respeitou o gabarito e preservou a bossa natural da região. A postura conquistou o apoio até mesmo da AMA Gávea, associação conhecida pelo rigor diante de intervenções urbanas.

A intervenção em curso também dialoga com um debate urbano mais amplo: mobilidade, escala e o impacto das vagas de garagem. A Gávea convive há décadas com um déficit de moradias porque terrenos disponíveis acabam se tornando inviáveis quando os projetos tentam reproduzir o modelo antigo de apartamentos grandes com duas ou três vagas.

A chegada do metrô altera essa lógica e muda o uso da cidade. As unidades do Gaví terão menos vagas, acompanhando uma tendência global de reduzir circulação de carros em bairros consolidados. Isso diminui pressão viária, preserva a ambiência do bairro e possibilita preços compatíveis com o perfil de estudantes e jovens profissionais. Não se trata de bandeira, mas de um zoneamento que começa a refletir a vida real da região.

Para a Performance, é uma mudança estrutural de mercado. A diretora comercial da Performance, Carolina Lindner, explica que a empresa prioriza produtos compactos, funcionais e integrados ao cotidiano do bairro — geralmente localizados em terrenos com história e potencial de transformação.

A preservação do casarão deu origem ao primeiro projeto de retrofit da incorporadora na Gávea. O espaço será reintegrado ao bairro como Hub Criativo, oferecendo coworking, salas de reunião, cabines de videoconferência, estúdio de podcast, sinuca e até um mini-mercado. Desde o início, o imóvel foi tratado como patrimônio do bairro. A solução buscou, como define a diretora, “preservar a arquitetura original sem abrir mão da funcionalidade”, transformando um símbolo afetivo em convivência contemporânea.

Unidades, programa de lazer e arquitetura contemporânea

O Gaví terá 189 unidades, entre estúdios de 30m² a 43m² e apartamentos de 1, 2 e 3 quartos com até 106m². A fachada, assinada pelo escritório A+ Arquitetura, segue a estética moderna de uma nova geração de projetos cariocas.

O rooftop terá piscina em deck com raia; no miolo do projeto, espaços dedicados a lazer e bem-estar, como academia, áreas de yoga, crossfit, recovery, sauna, gourmet e lounge aberto. O terreno será dividido entre o bloco principal, o casarão restaurado e a área verde posterior — um dos diferenciais do empreendimento.

Investidores e a tendência da autoquitação

A transformação do mercado na Gávea também tem atraído um novo perfil de investidor. Cada vez mais compradores — muitos brasileiros que vivem no exterior — utilizam uma estratégia que ganhou tração nos últimos anos: adquirir a unidade por consórcio imobiliário, colocá-la para aluguel por temporada e usar essa renda para pagar as parcelas.

A chamada “autoquitação” começou de maneira discreta, mas hoje se fortalece como tendência e já influencia o desenho de novos lançamentos na Zona Sul. No caso das unidades compactas, bem localizadas e com alto potencial de ocupação, esse modelo se mostra especialmente atraente, consolidando uma relação direta entre moradia estudantil, rentabilidade e transformação urbana.

“Um lançamento raro, em um terreno raro, para um público contemporâneo”, resume Lindner.


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