Vitória: novo fenômeno imobiliário nacional
em Valor Econômico / Imóveis de Valor, 25/julho
Mercado da capital capixaba vive alta valorização do metro quadrado residencial com modernização de projetos e destaque para o uso de matérias-primas locais.
A capital do Espírito Santo é o mais novo fenômeno do mercado imobiliário nacional. Na última pesquisa Índice Fipezap, referente a junho, Vitória liderou todos os indicadores de valorização do preço médio residencial para venda, registrando a maior alta naquele mês (2,7%), no semestre (11,8%) e no acumulado de 12 meses (21,1%), em relação às demais capitais do país.
Já na comparação de valor do metro quadrado com todas as 56 cidades monitoradas pelo estudo, a capital capixaba fica atrás apenas das líderes Balneário Camboriú e Itapema, em Santa Catarina. Mas o que explica tal performance do mercado em Vitória?
“Um conjunto de fatores geográficos, econômicos e sociais”, enumera Marcos Murad, sócio-diretor da Lopes Consultoria de Imóveis de Vitória. Segundo ele, a capital tem restrição de terrenos para incorporação, por se tratar de uma ilha com cerca de cem quilômetros quadrados.
“Em bairros como a Praia do Canto e a Enseada do Suá, quase não há mais terrenos para novos projetos, o que eleva os preços na cidade”, afirma Murad, acrescentando que o valor do tíquete médio vendido em sua agência no ano passado foi de R$ 2,6 milhões, comparável ao praticado no Rio de Janeiro (R$ 2,9 milhões).
O aspecto econômico também impacta o setor. O PIB capixaba cresce de forma robusta nos últimos anos, apoiado na indústria, no comércio e nos serviços. O Espírito Santo abriga grandes parques industriais da Petrobras, da ArcelorMittal e da Vale, e é um poderoso hub logístico por sua localização estratégica, entre São Paulo e o Nordeste, com rodovias, ferrovias e portos como porta de entrada e saída de produtos. “A atividade econômica atrai novos moradores e eleva o nível da renda na cidade, que tem ótima infraestrutura urbana e segurança”, diz Murad.
Em Vitória, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que indica o nível da qualidade de vida, foi de 0,796 em 2021, a 6ª posição entre as 21 capitais brasileiras, segundo o Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento (Pnud).
“Leblon capixaba”
Os lançamentos de alto padrão se concentram em dois bairros: Praia do Canto e Enseada do Suá. O primeiro é conhecido como “Leblon capixaba”, em referência ao bairro da Zona Sul carioca, por suas ruas arborizadas e oferta de bares, restaurantes e lojas de grife. O metro quadrado no bairro chega a R$ 35 mil no 495 Joaquim Lírio, um empreendimento da RS Construtora e Incorporadora.
“O residencial fica no local mais caro da cidade, e todo mundo quer morar ali”, afirma Renato Sandri, CEO da companhia, informando que essa condição se deve à defasagem arquitetônica e funcional dos prédios da orla, que perderam valor na última década, ao contrário do que ocorreu na Praia do Canto, onde a valorização anual ficou acima de 30% desde 2015.
A Enseada do Suá, consolidada recentemente e com terrenos maiores, vem recebendo projetos mais modernos, como o Landscape Green Living, da MZI Incorporadora, que tem biofilia e uso de matéria-prima brasileira. São rochas naturais e madeira trazidas pela arquiteta Vivian Coser, que é de Vitória e tem escritório também em São Paulo. “Buscamos oferecer uma proposta visual diferente na fachada e uma experiência de bem-estar para o morador mais aprimorada”, explica Rachel Menezes, diretora da MZI.
Para Vivian Coser, a arquitetura do mercado local está em evolução. “Eu procuro valorizar a cultura capixaba por meio do paisagismo e do uso de pedras ornamentais, como mármores e granitos, que são extraídos no próprio estado, o maior polo produtor desses materiais no Brasil”, ressalta.
De fato, o design imobiliário começa a ser percebido na cidade. Fernanda Marques, Triptyque, Benedito Abbud e Alex Hanazaki são nomes que já estampam tapumes e estrelam campanhas de vendas. O Cyan Ocean Front, por exemplo, tem assinatura de João Armentano nos interiores, Benedito Abbud no paisagismo e Diocelio e Bernardo Grasselli, da DG Projetos, na arquitetura.
O Cyan é um projeto da incorporadora Nazca na Enseada do Suá, de frente para o mar e vizinho ao Shopping Vitória e ao Parque Cultural Reserva Vitória. A área de 16 mil metros quadrados é projetada pelo Escritório Burle Marx e tem obras de arte a céu aberto.
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