Clientes de fora impulsionam vendas de alto padrão em SP
em Valor Econômico, 11/julho
Compradores de outros estados já representam cerca de 50% dos negócios fechados nos principais lançamentos da cidade. Busca por um ponto de apoio e rentabilidade são os principais atrativos.
Nem “Faria Limer”, nem a elite tradicional paulistana: quem tem comprado a maioria dos apartamentos de alto padrão lançados em São Paulo são clientes de outros estados do país. Imóveis de Valor ouviu algumas das principais incorporadoras em operação na cidade e constatou que o volume pode chegar a mais da metade das unidades negociadas.
Esse cliente vem basicamente do Sul, do Centro Oeste e de estados do Sudeste. O reflexo imediato é sentido no caixa das companhias. “Sem dúvida, esse fluxo de clientes de fora tem colaborado para o desempenho das incorporadoras do mercado de São Paulo, levando muitas delas a fazer campanhas maciças nessas regiões”, afirma Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty.
O interesse está dividido entre ter um ponto de apoio na cidade — seja para lazer, trabalho ou estudo — e buscar rentabilidade em um mercado imobiliário mais pujante. “No segundo caso, são investidores à procura de diversificação de portfólio, apostando na valorização que o setor entrega na capital paulista”, analisa Romero, acrescentando que produtos compactos, de até 80 metros quadrados, em bairros como Itaim, Jardins, Vila Olímpia e Vila Nova Conceição, têm a preferência desse público.
A análise do CEO da Bossa Nova encontra respaldo no empreendimento PJM Simple Living, de estúdios modernos concebidos pela Marquise Incorporações, nos Jardins. Com arquitetura de aflalo/gasperini arquitetos, decoração de João Armentano e paisagismo de Benedito Abbud, o prédio tem 55% dos compradores oriundos de outros estados.
“É um índice expressivo, que demonstra como o produto dialoga com um público nacional atento às transformações do mercado imobiliário paulistano e que enxerga valor em investir em imóveis compactos, bem localizados e com potencial de rentabilidade”, afirma Andrea Oliveira, diretora executiva de Incorporação da Marquise.
Segundo ela, muitos compradores procuravam um ativo líquido, com design, infraestrutura moderna e serviços para investir. “Eles entendem o valor do bairro também: os Jardins representam um estilo de vida sofisticado e acessível ao mesmo tempo, com forte apelo patrimonial e simbólico”, diz Andrea.
O comprador que deseja um “pied-à-terre” paulistano, procura apartamentos de metragens maiores. No Etmo Jardins, da Plaenge Empreendimentos, quase metade das unidades — entre 120 e 478 metros quadrados, no caso dos duplex — já foi vendida. Desse total, 50% serão ocupadas por famílias do Amazonas, de Minas Gerais, do Paraná, de Santa Catarina, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul.
“É um perfil de público exigente, que vem à capital paulista com frequência e não quer mais se hospedar em hotéis, preferindo a conveniência de manter seus pertences por perto”, explica Fernando Motta, diretor da Unidade de Negócios da Plaenge em São Paulo.
O projeto foi concebido com arquitetura autoral de Jonas Birger, paisagismo de Ricardo Cardim e fachada e interiores assinados pelo LW Design Group. “Esse cliente de fora valoriza empreendimentos que aliam estética e funcionalidade. As plantas espaçosas, bem resolvidas, com flexibilidade de layout e elevador privativo, são bastante valorizadas”, afirma Motta.
Quase no Espigão da Avenida Paulista, a REM Construtora disputa o mesmo cliente no empreendimento Altitude Jardins por Artefacto — assinado pela trinca de escritórios aflalo/ gasperini, Anastassiadis e Soma Arquitetos. O pacote de “sedução” inclui parceria com a marca de mobiliário de luxo e o fato de a torre ter 121 metros e chegar a quase um quilômetro de altura em relação ao nível do mar.
“Além disso, oferecemos serviços de hospitalidade da CBRE, que cuidará de toda a gestão das unidades, como manutenção e limpeza, o que atraiu muitas pessoas de fora”, afirma Rodrigo Mauro, CEO da REM Construtora.
Segundo ele, 50% das unidades até o momento foram vendidas para clientes com esse perfil. “Estive na capital da Paraíba recentemente e conversei com uma pessoa que sabia, em detalhes, como é o bairro onde está o prédio em São Paulo. Ela mora em João Pessoa, mas tem um ponto de apoio nos Jardins, principalmente por estar perto do Aeroporto de Congonhas”, analisa Mauro.
Cientes da importância crescente de contar com esses compradores na carteira, as incorporadoras têm adotado estratégias comerciais diferenciadas. A própria REM tem promovido “road shows” por cidades do Sul e do Centro-Oeste. “Já estivemos em Curitiba, Londrina, João Pessoa e Cuiabá. Em agosto, iremos a Goiânia e a Rio Porto Alegre para apresentar o projeto”, informa o CEO da construtora.
Outro passo da empresa nesse sentido é a parceria com a imobiliária norte-americana Keller Williams, para representar o Altitude Jardins by Artefacto em Miami (EUA). “O alvo são investidores brasileiros residentes na Flórida que, mesmo morando fora do Brasil, seguem atentos às oportunidades de investimentos no mercado imobiliário da capital paulista, principalmente nos segmentos de alto padrão e luxo.”
A Marquise Incorporações criou campanhas segmentadas para capitais e outras cidades que têm forte conexão com São Paulo, como Belo Horizonte, Salvador, Florianópolis e Fortaleza, onde fica a sede da companhia.
“Também investimos em ações institucionais de aproximação com investidores dessas regiões, promovendo encontros com parceiros locais e participando de eventos direcionados ao público premium e a investidores de renda urbana”, afirma Andrea Oliveira.
Já a Plaenge Empreendimentos faz uso de sua grande capilaridade no território nacional, onde está presente em nove cidades, além de três no Chile, para apresentar o Etmo Jardins. “Em mercados em que o relacionamento já é consolidado, desenvolvemos ações conduzidas pelas equipes de vendas, para promover o Etmo e reforçar o vínculo de longo prazo com o cliente”, explica o diretor Fernando Motta.
Por dentro do mercado
Green Park Barra: mais de 300 unidades vendidas no lançamento
Mais de 300 unidades da primeira fase do Green Park Barra foram vendidas no lançamento do projeto, no sábado passado. O condomínio-clube do Opportunity FII conta com múltiplas plantas de dois, três e quatro quartos e infraestrutura de lazer completa e será construído no KM-1 da Avenida das Américas, no terreno do antigo Hipermercado Extra. O VGV é estimado em R$ 450 milhões.
Paisagismo ecológico em alta
Muito valorizados no mercado imobiliário, os projetos com paisagismo ecológico têm demanda crescente em São Paulo. No Estúdio Musgo, o volume saltou de 42 para 97, entre 2023 e 2024, levando o faturamento a disparar 164,8% no período. Presente na CasaCor SP 2025, com o “Jardim das descobertas”, a empresa criada por Denis Bessa estima aumentar em 54,8% os resultados neste ano.
Imóvel valoriza quase 200% em Itapema (SC)
Em Itapema (SC), litoral norte catarinense, o Residencial George VI, da Gessele Empreendimentos, registrou valorização de 188,8% desde 2021. Lançados por R$ 2,77 milhões, os imóveis hoje ultrapassam o valor de R$ 8 milhões, com rentabilidade superior a R$ 5 milhões em quatro anos. A menos de um mês da entrega, 91,7% das unidades já foram comercializadas.
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