BB BI analisa a performance do setor imobiliário em julho - Setorial Construção

em BB / Investalk, 4/agosto

Apesar de uma atividade pujante do setor de construção civil no Brasil, taxas de juros, carga tributária e dificuldades de mão de obra seguem sendo citados como os principais desafios para a indústria.

A indústria da construção civil vive um momento aquecido no Brasil. Dados mais recentes relativos ao fechamento do primeiro quadrimestre, em escala nacional, pela Abrainc/Fipe, mostram um recorde histórico de lançamentos imobiliários consolidados na janela de 12 meses. O número chama a atenção em meio a um cenário de juros elevados no Brasil, com Selic em 15% a.a., mas é basicamente puxado pelo segmento econômico, que abrange os empreendimentos enquadrados no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Enquanto isso, o segmento de médio e alto padrão, mais dependente de taxas de mercado para financiamentos habitacionais, vem mostrando desaceleração na oferta de novas unidades, fato evidenciado na atualização da pesquisa da CNI que lista os maiores desafios do setor de acordo com os próprios participantes.

O fator “elevadas taxas de juros” vem sendo citado desde o 4T24 como principal problema do setor, com duplo efeito negativo: (i) encarece o financiamento imobiliário com taxas de mercado, limitando o poder de compra da população e restringindo o mercado endereçável; ao mesmo em tempo que (ii) dificulta o acesso à crédito pelas construtoras, especialmente aquelas com maior grau de alavancagem, que acabam precisando reduzir o ritmo de atividade para respeitar clausulas de dívida. Embora não tenhamos no momento um reflexo direto nos níveis de inadimplência, as taxas de juros de mercado seguem renovando máximas e preocupam o setor para o segundo semestre.

A “carga tributária” do setor aparece na segunda posição da pesquisa, sendo listada em seu Top 3 há praticamente uma década. No entanto, chama a atenção o avanço de questões relacionadas a mão de obra, tanto ‘qualificada’ como ‘não qualificada’ como desafios à incorporação imobiliária. Estudos recentes mostram um constante envelhecimento da base de trabalhadores da construção civil no Brasil, que apresenta dificuldades de atrair maior volume de trabalhadores jovens, ainda que o setor tenha apresentado criação líquida de vagas de emprego em todos os meses 2025. Como efeito dessa situação, o principal índice de preços da construção, o INCC-M, mostra uma inflação de mão de obra de dois dígitos na base anual, substancialmente acima da inflação ao consumidor no período e em aceleração no momento.

Como um alívio pontual relacionado a funding, a poupança voltou a apresentar captação líquida no mês de junho, o que não acontecia desde dezembro de 2024. Já a captação do FGTS permanece renovando recordes históricos e apoiando a atividade no setor, dando segurança com relação às fontes de financiamento para o MCMV e ampliando opções para as famílias na decisão de aquisição do imóvel próprio.

Para o mês de agosto, a divulgação dos resultados das companhias listadas relativos ao 2T25 deve trazer mais pistas sobre a continuidade desse ritmo de atividade e dar direcionamentos para o segundo semestre de 2025.

Destaques desta edição: Dados de Confiança

Confiança da Construção (ICST) recua, com preocupações relacionadas ao crédito em meio a um cenário de juros elevados para os próximos meses.

Indicadores de Atividade

Nível de atividade volta a subir em junho, após breve interrupção no mês anterior, mas nível de utilização de capacidade e intenção de investimentos recuam na leitura.

Fontes de Recursos e Novas Contratações

Poupança registra um leve volume de resgates líquidos em maio, mas registra o maior saldo nominal desde fevereiro/25 após os rendimentos. Contratações de operações imobiliárias utilizando seus recursos apontam desaceleração.

Dados de Crédito e de Emprego

Estoque de vagas de emprego no setor da Construção desacelera o ritmo, mas segue crescendo na última leitura. Já as taxas médias de juros para crédito imobiliário apresentam movimento misto em junho.

Índice de preços

INCC-M dá sequência no movimento de aceleração na leitura mensal de julho e acumula 7,43% nos últimos 12 meses. O componente mão de obra volta ao patamar de dois dígitos pela primeira vez desde maio de 2023.

Dados de Mercado – Construção Civil

Índice imobiliário (IMOB) recua 6,1% em julho, performance inferior à apresentada pelo IBOV (-4,17%), enquanto o mercado repercute prévias do setor e se prepara para os resultados das companhias relativos ao 2T25.

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