BB BI analisa a performance do setor imobiliário em outubro - Setorial Construção

em BB / Investalk, 11/novembro

Taxas de juros elevadas seguem sendo citadas como principal problema da indústria da construção. Mas, apesar de limitar a expansão, a atividade e a geração de empregos no setor se mostram resilientes.

O setor de construção civil passa por um momento aquecido ao longo dos últimos anos, mesmo enfrentando diferentes desafios macroeconômicos nesse intervalo. O PIB da construção cresceu 4,3% em 2024, ajudando a puxar pra cima o PIB do Brasil no mesmo ano (+3,4%), embora o desempenho setorial mostre um recuo de 0,6% no 1T25 e nova queda de 0,2% no 2T25. Essa performance parece estar mais relacionada à forte base de comparação do ano anterior, considerando que a atividade segue demonstrando resiliência; no entanto, é inegável que impactos recentes têm limitado a continuidade do crescimento observado no passado recente. Os participantes do setor têm inclusive se manifestado a respeito, elegendo o tópico “Taxas de Juros Elevadas” como principal problema da indústria da construção desde 4T24. Tendo em vista que a edição mais recente do Boletim Focus, do Banco Central, mostra uma percepção geral de manutenção da Selic em 15% até o final de 2025, e gradual redução até 12,25% ao final de 2026, esse tema deve se manter no radar nas próximas leituras da Sondagem. A nova edição da pesquisa trouxe uma melhora na percepção tanto em relação a atividade atual, como nas expectativas para os próximos 6 meses, sinalizando que mesmo em meio a taxas de financiamento elevadas, o mercado tem enxergado oportunidades no cenário à frente.

Curiosamente, os dados de confiança medidos pela FGV Ibre não formaram consenso nessa direção e exibiram recuos nas bases de comparação, tanto na série sem ajustes, como na dessazonalizada, com o nível de expectativas registrando o menor patamar de 4 anos. Esse descasamento de indicadores não é incomum no setor, mas se não é suficiente para determinar uma desaceleração no médio prazo, também não mostra caminho livre para crescimento em ritmo semelhante ao observado até aqui.

Ainda assim, podemos dizer que outro conjunto de dados nos sugere uma direção ligeiramente positiva. Os números concretos da criação de vagas de emprego segundo o CAGED mostram crescimento da participação do setor na economia formal, enquanto os baixos níveis de desemprego vêm catalisando a arrecadação do FGTS, e a inflação do setor, medida pelo INCC-M, recua ao menor patamar desde o final de 2024. Além disso, a poupança, que é historicamente uma das principais fontes de financiamento para o setor e mostra dificuldades de captar recursos, se beneficia de novas medidas anunciadas pelo governo federal que reduzem gradativamente seu deposito compulsório e liberam recursos adicionais para utilização em financiamentos, aliviando parcialmente até que as condições macroeconômicas permitam a volta da captação por esse veículo.

De qualquer forma, a confiança da indústria da construção parece estar intimamente relacionada ao patamar de juros domésticos, o que tende a seguir atuando como um limitador para que o setor performe em seu pleno potencial de expansão nos próximos meses. O ritmo de cortes na Selic previstos para 2026 pode marcar o tom e potencializar ou não novos investimentos no setor.

Destaques desta edição: Dados de Confiança

Confiança da Construção (ICST) recua nas bases de comparação, acompanhado de movimento semelhante dos demais indicadores da pesquisa referente a outubro.

Indicadores de Atividade

Conjunto de indicadores da Sondagem da Indústria da Construção avança na última leitura, com a utilização de capacidade operacional retornando ao maior nível registrado em 2025.

Fontes de Recursos e Novas Contratações

Poupança registra maior volume mensal de resgate líquido desde janeiro e contratações via SBPE exibem desaceleração. Já o FGTS acumula arrecadação líquida recorde na base anual.

Dados de Crédito e de Emprego

Estoque de vagas de emprego no setor da Construção segue crescendo e aumentando participação na economia formal, enquanto as taxas médias de juros para crédito imobiliário permanecem pressionadas.

Índice de preços

INCC-M apresenta estabilidade na leitura mensal, e acumula 6,58% nos últimos 12 meses, com o grupo mão de obra abaixo dos 10% pela primeira vez desde julho.

Dados de Mercado – Construção Civil

Índice imobiliário (IMOB) recua 1,4% em outubro, se descolando da performance do Ibovespa no mês (+2,3%).

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