A reocupação de prédios antigos virou tendência nas grandes capitais brasileiras. Segundo levantamento do Estadão, Rio de Janeiro e São Paulo concentram 86% dos empreendimentos de retrofit em andamento no país. O estudo mapeou 59 projetos desse tipo em cinco capitais — além das duas líderes, Recife, Salvador e Fortaleza completam a lista.
O que é o retrofit
Retrofit é o nome dado ao processo de modernização de prédios antigos, em que a estrutura original é preservada, mas as instalações são totalmente atualizadas. O conceito ganhou força nos últimos anos como alternativa sustentável para cidades com poucos terrenos disponíveis e imóveis subutilizados em áreas centrais.
No caso do Rio, o movimento é impulsionado por políticas públicas, como o programa Reviver Centro, que oferece incentivos fiscais, incluindo isenção de IPTU e ITBI, a quem converte prédios comerciais em residenciais. O objetivo é estimular o retorno da moradia à Região Central e reverter décadas de esvaziamento urbano. A área concentra 79% do total de retrofits da cidade, somando mais de 450 mil metros quadrados de imóveis antigos já submetidos a esse tipo de intervenção, segundo dados da consultoria Newmark.
Rio desponta no mercado
Entre os empreendimentos cariocas, o sucesso de vendas tem sido expressivo. O antigo Edifício Mesbla, na Rua do Passeio, teve praticamente todas as unidades vendidas no dia do lançamento. O mesmo aconteceu com o Sal Rio, na Pedra do Sal, e com o prédio da antiga sede das Docas do Rio de Janeiro, na Rua do Acre, que vendeu todos os apartamentos antes mesmo da estreia oficial.
Na Rua Buenos Aires, no Saara, outro retrofit seguiu a mesma tendência, com forte procura e unidades esgotadas em poucos dias. Na Rua da Glória, mais recentemente, um novo residencial lançado também registrou boa parte das vendas logo de início, movimento parecido com o empreendimento que ocupa um prédio modernista projetado por Lúcio Costa, na Candelária, que entrou para o mercado de residenciais do Centro há poucas semanas e foi um sucesso de vendas.
Mercado aquecido e público variado
O levantamento do Estadão aponta que, dos 59 empreendimentos mapeados, 20 tiveram vendas esgotadas e outros 25 estão em fase de comercialização, sinal de que o retrofit deixou de ser um nicho e passou a ocupar um espaço relevante no mercado imobiliário.
Embora o modelo tenha surgido com a proposta de reaproveitar edifícios para moradias mais acessíveis, parte das novas unidades está sendo direcionada a um público de alto padrão. Um exemplo é o antigo Hotel Glória, em processo de conversão para uso residencial. As novas unidades variam de 181 a 228 metros quadrados e têm preços a partir de R$ 4,5 milhões, o que equivale a R$ 35 mil por metro quadrado, valor acima da média do Leblon, por exemplo. Atualmente, apenas 25% dos apartamentos ainda estão disponíveis.