Cidade do Rio terá seu 1º clube de surfe com piscina de ondas: projeto de R$ 1 bilhão

em O Globo / Capital, 24/setembro

Empreendimento de Brasil Surfe Clube (BSC) e Carvalho Hosken ficará na Barra Olímpica.

A cidade do Rio terá seu primeiro clube de piscina de ondas, em um projeto de R$ 1 bilhão em Valor Geral de Vendas (VGV) que aposta na demanda latente por surfe mesmo a poucos minutos da praia. A Brasil Surfe Clube (BSC), que está finalizando a construção de um empreendimento do tipo em Búzios, fechou acordo com a Carvalho Hosken para erguer um clube na Barra Olímpica, na agora chamada Zona Sudoeste.

O clube será construído em terreno de 40 mil metros quadrados da Carvalho Hosken, ao lado do Shopping Metropolitano e nas imediações do hotel Hilton. O investimento está estimado em cerca de R$ 200 milhões. A expectativa dos sócios é iniciar as obras já no primeiro semestre do ano que vem e começar a operar 18 meses depois.

De acordo com Ricardo Laureano, CEO e cofundador da BSC, “as pessoas têm a percepção errada de que piscina briga com mar.”

— Pode parecer contraintuitivo, mas concluímos que a piscina tem que estar perto da praia, porque é onde está o meu mercado. O Rio tem 2 milhões de surfistas. Se fosse montar uma piscina longe da praia, eu teria que criar uma cultura do zero. Além disso, há uma grande oportunidade na mesa, que é o público feminino e infantil. Estamos mirando as famílias — explica.

Título por R$ 350 mil

A piscina da BSC Barra usará tecnologia Endless Surf, da gigante canadense dos parques aquáticos White Water, e oferecerá ondas de até 30 segundos de duração.

— Com essas ondas, é possível aprender a surfar em uma semana, o que é impossível no mar — diz Laureano, advogado carioca que, antes da BSC, fundou as fintechs MaxiPago e Koin, vendidas à Rede (Itaú) e à Decolar.

O clube será de uso exclusivo de associados e seus convidados — e os titulares da piscina de Búzios poderão usar as dependências do clube do Rio. Os valores ainda estão sendo calculados, mas o plano é vender cerca de 3 mil títulos a um preço médio na casa dos R$ 350 mil — daí o VGV estimado em R$ 1 bilhão. Os associados também pagarão mensalidades entre R$ 500 e R$ 700. O título padrão dá acesso ao titular, ao cônjuge e a dependentes de até 26 anos, mas estão previstas versões mais baratas, 100% individuais, e para jovens associados.

— A gente quer dar um prazo bastante longo para que a parcela do título e a mensalidade resultem em um valor compatível com outros clubes da cidade, com custo mensal abaixo de R$ 2 mil — diz Laureano.

Além da piscina em si, o empreendimento contará com restaurantes, sauna, coworking, academia, spa e quadra de beach tennis. Dada a proximidade do Hilton, não está prevista a criação de hotelaria no projeto.

Segundo o CEO da Carvalho Hosken, Carlos Felipe de Carvalho, as negociações duraram quase um ano. O terreno escolhido faz parte de uma área da Barra Olímpica que a companhia reservou para futuros residenciais e nas imediações de projetos de data centers do Rio AI City, que tem o apoio da prefeitura.

— A tecnologia escolhida é mais eficiente que as alternativas em termos de espaço. E o clube não gera densidade populacional e acrescenta paisagismo, o que acaba contribuindo para os empreendimentos no entorno — observa o executivo, ele próprio um amante do surfe.— Eu já estava observando essa tendência e entendia que, no Rio, ela acabaria procurando a Barra, dada a disponibilidade de terrenos e a concentração do público com esse perfil.

Tendência

O projeto do Rio se insere em uma tendência que movimenta grandes grupos. Há dois anos, a JHSF construiu o Boa Vista Village Surf Club, no interior de São Paulo, e está abrindo outro empreendimento do tipo em plena capital, em frente à Ponte Estaiada. Também na cidade, BTG, KSM Realty e Reality Properties estão lançando o Beyond The Club, no local onde ficava o Hotel Transamérica. Os títulos desses empreendimentos custam entre R$ 700 mil e R$ 1 milhão.

— Quisemos nos posicionar porque sabíamos que havia a possibilidade de outros grupos virem explorar esse mercado no Rio — conta Laureano.

No Rio, um empreendimento residencial da Calper, também nas imediações do Shopping Metropolitano, está construindo uma piscina de ondas, mas ela será indoor e não funcionará no modelo de clube, com títulos permanentes.

A Brasil Surfe Clube foi criada em 2022 e, além de Laureano, tem como sócios investidores o Carpa Family Office, de Ian Dubugras (ex-presidente do JP Morgan e do Bank of America no Brasil), e Celso Colombo (da família que era dona da marca Piraquê).


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