Histórico Hotel Aymoré, na Cruz Vermelha, é vendido por R$ 600 mil

em Diário do Rio, 22/setembro

Imóvel, famoso pela escultura de indígena na fachada, foi comprado por grupo canadense em 2022, mas projeto de retrofit não avançou. Agora, rede hoteleira deve revitalizar espaço, num momento em que a Prefeitura volta suas atenções para o mau estado dos sobrados e casarões,

O histórico Hotel Aymoré, conhecido pela icônica escultura de um indígena em sua fachada, na Cruz Vermelha, no Centro do Rio, foi vendido por R$ 600 mil e será assumido pela Rede Atlântico de Hotéis. O edifício, que tem 50 quartos e já teve grande movimento de hóspedes ligados ao Instituto Nacional de Câncer (INCA), fechou as portas durante a pandemia e agora deve ganhar um novo uso. A venda foi feita pela Sergio Castro Imóveis.

O imóvel foi adquirido por um grupo canadense em 2022, que pretendia realizar um retrofit e transformar o espaço em um residencial. No entanto, o projeto não saiu do papel e a propriedade foi colocada novamente à venda, tendo sido anunciada desde 2023. Porém, a venda só veio a ocorrer 2 anos depois.

O prédio, com aproximadamente 1.500 metros quadrados, ocupa quase todo um quarteirão na esquina das ruas Carlos Sampaio e Carlos de Carvalho, com frente também para a praça. Sua imensa testada ocupa a face de um bloco inteiro. Sua fachada histórica em estilo eclético característico do início do século XX, com pedras de cantaria e ornamentos inspirados em motivos indígenas, é considerada um dos destaques arquitetônicos da região.

O grande atrativo do edifício é a escultura de um índio Aymoré, posicionada no topo da construção, que fez o local ficar popularmente conhecido como “hotel do índio”. O nome e o estilo arquitetônico foram uma homenagem do antigo proprietário, Antonio Mendes, à cultura indígena. Após a sua morte, o imóvel passou para a filha, Maria José Campos Seabra, antes de ser negociado com outros proprietários.

A admiração de Antonio Mendes pelos índios Aymoré também resultou na criação de outro espaço histórico, a Vila Aymoré, na Glória, atualmente sede da ESPM, que se tornou um ponto cultural e educacional na cidade.

Com a chegada da Rede Atlântico de Hotéis, o imóvel deve passar por um processo de revitalização sendo reaberto ao público, no perfil econômico e trazendo novo fôlego para a região. A venda do Hotel Aymoré simboliza não apenas a preservação de um dos marcos históricos do Rio, mas também a chance de promover a revitalização urbana em uma área tradicional da cidade, num momento em que a Prefeitura volta suas atenções para os sobrados e casarões caindo aos pedaços.

Proapac Patrimônio

A negociação ocorre no momento em que a Prefeitura lança o projeto Proapac Patrimônio, em que pretende desapropriar sobrados históricos abandonados na região Central, e vendê-los em hasta pública, concedendo subsídios para que interessados restaurem estes imóveis. Vendido a cerca de R$ 400,00 por metro quadrado, o prédio, que se encontra em regular estado de conservação, pode servir de paradigma para a avaliação das propriedades na região. No processo de desapropriação, a Prefeitura deve providenciar a avaliação dos imóveis, o que é normalmente feito pela Procuradoria Geral do Município. Porém, a PGM avalia sem entrar nos imóveis, o que pode dificultar a avaliação dos mesmos. “Tendo em vista que os valores da Planta Geral de Valores – PGV – dos imóveis do Centro estão absolutamente irreais, estamos preocupados que sejam hiper-avaliados. Pois há salas comerciais vendidas por 30 mil reais que para fins de IPTU são avaliadas em valor 700% superior”, explica Wilton Alves, corretor de imóveis que atua na região Central há mais de 50 anos.


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