O histórico Hotel Aymoré, conhecido pela icônica escultura de um indígena em sua fachada, na Cruz Vermelha, no Centro do Rio, foi vendido por R$ 600 mil e será assumido pela Rede Atlântico de Hotéis. O edifício, que tem 50 quartos e já teve grande movimento de hóspedes ligados ao Instituto Nacional de Câncer (INCA), fechou as portas durante a pandemia e agora deve ganhar um novo uso. A venda foi feita pela Sergio Castro Imóveis.
O imóvel foi adquirido por um grupo canadense em 2022, que pretendia realizar um retrofit e transformar o espaço em um residencial. No entanto, o projeto não saiu do papel e a propriedade foi colocada novamente à venda, tendo sido anunciada desde 2023. Porém, a venda só veio a ocorrer 2 anos depois.
O prédio, com aproximadamente 1.500 metros quadrados, ocupa quase todo um quarteirão na esquina das ruas Carlos Sampaio e Carlos de Carvalho, com frente também para a praça. Sua imensa testada ocupa a face de um bloco inteiro. Sua fachada histórica em estilo eclético característico do início do século XX, com pedras de cantaria e ornamentos inspirados em motivos indígenas, é considerada um dos destaques arquitetônicos da região.
O grande atrativo do edifício é a escultura de um índio Aymoré, posicionada no topo da construção, que fez o local ficar popularmente conhecido como “hotel do índio”. O nome e o estilo arquitetônico foram uma homenagem do antigo proprietário, Antonio Mendes, à cultura indígena. Após a sua morte, o imóvel passou para a filha, Maria José Campos Seabra, antes de ser negociado com outros proprietários.
A admiração de Antonio Mendes pelos índios Aymoré também resultou na criação de outro espaço histórico, a Vila Aymoré, na Glória, atualmente sede da ESPM, que se tornou um ponto cultural e educacional na cidade.
Com a chegada da Rede Atlântico de Hotéis, o imóvel deve passar por um processo de revitalização sendo reaberto ao público, no perfil econômico e trazendo novo fôlego para a região. A venda do Hotel Aymoré simboliza não apenas a preservação de um dos marcos históricos do Rio, mas também a chance de promover a revitalização urbana em uma área tradicional da cidade, num momento em que a Prefeitura volta suas atenções para os sobrados e casarões caindo aos pedaços.
Proapac Patrimônio
A negociação ocorre no momento em que a Prefeitura lança o projeto Proapac Patrimônio, em que pretende desapropriar sobrados históricos abandonados na região Central, e vendê-los em hasta pública, concedendo subsídios para que interessados restaurem estes imóveis. Vendido a cerca de R$ 400,00 por metro quadrado, o prédio, que se encontra em regular estado de conservação, pode servir de paradigma para a avaliação das propriedades na região. No processo de desapropriação, a Prefeitura deve providenciar a avaliação dos imóveis, o que é normalmente feito pela Procuradoria Geral do Município. Porém, a PGM avalia sem entrar nos imóveis, o que pode dificultar a avaliação dos mesmos. “Tendo em vista que os valores da Planta Geral de Valores – PGV – dos imóveis do Centro estão absolutamente irreais, estamos preocupados que sejam hiper-avaliados. Pois há salas comerciais vendidas por 30 mil reais que para fins de IPTU são avaliadas em valor 700% superior”, explica Wilton Alves, corretor de imóveis que atua na região Central há mais de 50 anos.