Como uma ideia simples transformou o mercado imobiliário brasileiro em um império de luxo
em Novarejo, 10/outubro
Em 1961, uma ideia que parecia absurda se tornou um grande sucesso no setor de luxo. Isadore Sharp, um jovem arquiteto de Toronto, decidiu criar um hotel que tratasse os hóspedes como pessoas, não como números. Apesar de não ter crédito e enfrentar dificuldades financeiras, ele contou com o apoio de amigos e familiares para dar vida ao Four Seasons.
O sucesso do empreendimento se deve à filosofia de tratar os outros como você gostaria de ser tratado. Com isso, em 1977, Bill Gates e o Príncipe Al Waleed bin Talal se tornaram sócios, elevando o valor do negócio para impressionantes $3,8 bilhões, incluindo dívidas.
A importância do crédito para a construção é inegável, sendo fundamental para viabilizar projetos, tanto para empresas quanto para pessoas físicas. No entanto, o modelo tradicional de financiamento imobiliário, que beneficia apenas as instituições financeiras, começou a ser questionado.
A escassez de crédito bancário levou a uma nova geração de incorporadores a desenvolverem seus próprios modelos de captação de recursos, baseados na confiança e no tratamento ético com investidores. Agora, a tecnologia e a governança jurídica estão se unindo para expandir essa estratégia por todo o Brasil.
O mercado imobiliário brasileiro está passando por uma transformação silenciosa, especialmente fora dos grandes centros financeiros. Um novo modelo de captação de recursos está emergindo no Sul do país, onde incorporadoras estão encontrando maneiras inovadoras de financiar seus projetos.
Durante anos, incorporadores regionais buscaram investidores locais para tirar seus projetos do papel. Embora algumas obras não tenham sido concluídas, outras conseguiram estabelecer uma governança jurídica sólida, transformando o improviso em um método eficaz.
Atualmente, plataformas reguladas e escritórios especializados estão profissionalizando essas captações, tornando-as seguras e transparentes, o que promete revolucionar o desenvolvimento imobiliário.
A origem desse novo modelo está na escassez de crédito imobiliário, que se intensificou desde 2021. Com a alta dos juros, o financiamento bancário se tornou caro e difícil de obter, especialmente para pequenas e médias empresas do setor.
Enquanto grandes centros enfrentavam paralisações, cidades médias do Sul, como Porto Alegre e Florianópolis, criaram alternativas como permutas inteligentes e sociedades de propósito específico, permitindo que incorporadoras captassem recursos de forma mais eficiente.
A lógica de captação também mudou. Antes, o foco era apenas em conseguir recursos para construir; agora, a estruturação jurídica e tecnológica é prioridade. O funding se tornou um produto em si, refletindo uma tendência global de desintermediação financeira que aproxima investidores e incorporadores.
Para captar recursos sem depender dos bancos, as incorporadoras estão adotando cinco pilares jurídicos estratégicos: diagnóstico societário, due diligence regulatória, contrato-base adaptável, custódia de lastro e governança digital. Isso garante maior segurança e transparência para os investidores.
Esses novos mecanismos visam evitar os erros do passado, como ofertas irregulares e falta de lastro. O futuro do mercado imobiliário não dependerá mais do crédito bancário, mas sim de fundings híbridos e plataformas reguladas que conectam investidores qualificados e incorporadoras estruturadas.
Essa é a nova fronteira do capital imobiliário no Brasil, e as oportunidades estão se multiplicando, especialmente no Sul.
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