Fundos imobiliários de shopping estão “baratos”? Entenda cenário do setor

em Fiis, 18/julho

Quase todos os fundos imobiliários do setor se valorizaram desde o começo do ano, mas ainda não alcançaram equidade com o valor patrimonial.

O XPML11 é o maior dos fundos imobiliários de shopping do mercado, com mais de R$ 6,6 bilhões de patrimônio líquido. E, no entanto, vem sendo negociado com um desconto de mais de 10% em relação a seu valor patrimonial, de R$ 117,39 por cota.

Essa vem sendo uma característica do segmento ao longo do ano: 8 dos 10 FIIs de shopping que fazem parte do IFIX tiveram aumento do valor se comparados com o fim de 2024, mas os preços de mercado ainda não conseguiram se aproximar do valor patrimonial.

Essa análise é feita a partir da relação P/VP, indicador que calcula a diferença percentual entre o preço de mercado, que oscila diariamente devido às negociações na B3, e o valor patrimonial por cota, que é atualizado mensalmente. Não é o único indicador que deve ser usado para avaliar um FII, mas serve de referência no mercado para avaliar se um ativo está “barato” (P/VP abaixo de 1) ou “caro” (acima de 1).

No caso dos FIIs de shopping que fazem parte do IFIX, o principal índice do mercado de fundos imobiliários, é possível dizer que, em diferentes condições, todos estão “baratos”. A lista abaixo foi feita com o preço de fechamento da última quarta-feira (16):

Ticker VPC* VM** P/VP Var. Mês*** Var. ano***
GZIT11 R$ 91,11 R$ 46,50 0,510x 1,09% 6,97%
AJFI11 R$ 12,15 R$ 7,18 0,591x -2,31% -4,90%
BPML11 R$ 130,22 R$ 80,20 0,616x 0,22% 9,92%
BBIG11 R$ 9,43 R$ 7,06 0,749x -4,47% -15,45%
HSML11 R$ 104,89 R$ 83,18 0,793x -2,50% 14,09%
MALL11 R$ 121,22 R$ 100,59 0,830x -0,89% 5,35%
CPSH11 R$ 11,83 R$ 9,89 0,836x 2,06% 10,01%
VISC11 R$ 123,95 R$ 104,60 0,844x 0,93% 7,77%
XPML11 R$ 117,39 R$ 102,98 0,877x -1,12% 5,44%
HGBS11 R$ 21,61 R$ 19,30 0,893x -3,02% 3,71%

*Valor patrimonial por cota em 30/6/25; ** Valor de mercado em 16/7/25; ***Variação em relação aos valores de mercado de 30/06/25 e 30/12/24, respectivamente.

Fundos imobiliários “baratos”: vantagens e desvantagens

A principal explicação para o P/VP baixo é o forte recuo do mercado de FIIs no segundo semestre de 2024, momento em que se consolidou o cenário de alta dos juros como medida para combater a inflação. Isso puxou para baixo o IFIX, que acumulou mais de 10% de queda, e derrubou o preço da maioria dos ativos.

Especialistas apontam que, aos poucos, o mercado percebeu que a queda havia sido acentuada demais e sem correlação específica com os resultados apresentados pelos fundos. No setor de shoppings, por exemplo, a elevação da Selic para 15% ao ano teve até agora pouco impacto na atividade econômica.

Os principais fundos mantiveram seus indicadores, sem mexer na distribuição de dividendos. E, com isso, os preços voltaram a subir, mas ainda em ritmo lento e sem alcançar a equidade com o valor teoricamente real dos ativos.

A principal vantagem imediata de um fundo descontado em relação ao valor patrimonial é a possibilidade de valorização do ativo no médio e longo prazo. Por outro lado, o atual cenário prejudica ações dos FIIs para crescer por meio da emissão de novas cotas, já que novas ofertas precisam do fundo com P/VP ao menos perto de 1, para valer a pena diante dos preços no mercado secundário.

É o caso do XPML11, que precisa captar cerca de R$ 300 milhões até o fim do ano para cumprir com pagamentos devidos em operações de compra de novos ativos a prazo. A gestão descarta a possibilidade de uma emissão de cotas agora, diante do desconto, e deve partir para uma emissão de CRIs, o que vai aumentar a alavancagem do fundo, hoje na casa de 15%.

Vale reforçar que o P/VP não deve ser o único indicador que deve ser usado para avaliar o investimento em fundos imobiliários. No segmento de shoppings, é importante avaliar o portfólio de ativos, a diversificação na localização e o percentual de empreendimentos voltados a públicos de alto padrão, setor que tende a sofrer menos volatilidade diante de um cenário macroeconômico que leve à redução no consumo.


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