Luxo discreto: entenda a tendência na decoração influenciada pela onda dos apartamentos compactos e que será destaque no CasaCor 2025

em O Globo, 9/setembro

Evento de arquitetura, que acontece de 9 de setembro a 26 de outubro, traz espaços baseados no ’quiet luxury’, ou seja, no luxo discreto.

Duas tendências em alta no mercado imobiliário carioca, o retrofit — revitalização ou modernização de espaços antigos — e a venda de apartamentos compactos, inspiram o CasaCor 2025. A mostra de decoração e arquitetura, que abre as portas hoje, ocupa o Fashion Mall, em São Conrado, Zona Sul da cidade, até 26 de outubro. O tema da vez é o “quiet luxury”, o luxo discreto ou luxo silencioso, mais voltado para o bem-estar do que para a ostentação.

— Todo ano, antes de realizar o evento, fazemos uma extensa pesquisa no mercado imobiliário, uma vez que o CasaCor fala sobre o ato de morar. Durante nossas buscas por tendências, escolhemos esse caminho — explica a diretora da mostra, Patricia Quentel.

A 34ª edição do CasaCor Rio apresenta 43 ambientes assinados por mais de 60 profissionais. Para Patricia Quentel, a ideia do “quiet luxury” cabe em qualquer espaço.

— Esse conceito fala justamente de trazer para o seu convívio, para sua residência, o que você realmente valoriza. Essa casa pode ter 40m² ou 140m². É possível fazer com que um espaço seja funcional, equilibrado e belo, independentemente do tamanho.

Dados da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, apontam que apenas no primeiro semestre deste ano os apartamentos compactos representaram mais de 43% das vendas de imóveis no Rio de Janeiro. O número é 9% maior que as negociações totais desses modelos realizadas em 2024.

— Morar em um lugar menor também pode ser um facilitador na vida que temos atualmente. É mais funcional para muitos perfis de pessoas, não apenas para jovens. Estou segura de que essa não é apenas uma nova tendência, mas algo que veio para ficar — diz a diretora do evento, sobre o crescimento da procura por lofts e estúdios.

A arquiteta Vivian Reimers criou um dos menores espaços do CasaCor 2025, que batizou de “Refúgio urbano”, com área de 50m².

— Nós podemos desenhar algo único para cada espaço. Obviamente, quanto menor o local, maior o desafio, mas não quer dizer que seja impossível de fazer — diz a arquiteta. — É preciso entender que a decoração vai além de colocar um objeto em cima de uma mesa. Já existem estudos que demonstram que o local onde você mora pode afetar sua qualidade de vida. Um lugar cômodo, organizado, útil e belo ajuda você a se sentir melhor. Decoração não é apenas design.

Permitidos no Rio de Janeiro somente após 2019, os imóveis compactos são mais comuns em bairros que contam com infraestrutura eficiente, e estão próximos a estações do metrô — como Leblon, Ipanema, Copacabana e Tijuca. Alvo de programas de incentivo ao uso residencial, o Centro e a região do Porto Maravilha estão ganhando espaço nessa lista.

— Esses espaços focam em atender pessoas que estão iniciando a vida economicamente ativa, comprando ou pensando em comprar o seu primeiro imóvel. Obviamente, é o tipo de imóvel que cabe no bolso de uma parcela significativa da população, que, além de procurar casas com valores mais acessíveis, também busca praticidade, comodidade, mobilidade e custos de manutenção e operação reduzidos — afirma o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Rio de Janeiro, Claudio Hermolin.

Segundo Hermolin, além de utilizados para moradia, os apartamentos compactos também podem servir de investimento para pequenos empresários.

— O mercado imobiliário sempre foi um porto seguro para momentos de instabilidade econômica nacional e internacional, pois as pessoas utilizam o imóvel para preservar o seu capital. Esses espaços menores se encaixam perfeitamente nessa função.

Aluga-se

Apesar de não ser pensada exclusivamente para aluguéis por temporada, a decoração criada para os ambientes do CasaCor também atende a este requisito.

— Tentamos construir espaços com uma boa cama, um ambiente para que a pessoa prepare sua comida, um bom banheiro. Focamos na moradia, mas outras possibilidades são viáveis — explica a arquiteta Anna Malta, uma das responsáveis pelo projeto “Porto da correspondente”, que ocupa 68m².


Ver online: O Globo