Prédios escultóricos marcam paisagens de capitais do país

em Valor Econômico / Imóveis de Valor, 15/agosto

Novos residenciais com design que lembra obras de arte chegam a São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. A tendência valoriza bairros e mostra a evolução do setor.

Vistos de longe, eles mais parecem obras de arte: imponentes, marcam a paisagem urbana com designs únicos e instigantes — de perto, são complexas obras de arquitetura e engenharia, que propõem um novo jeito de morar nas grandes cidades. Seja de que distância for, os prédios escultóricos têm o poder de capturar a atenção e a admiração das pessoas e mostram a evolução construtiva do mercado imobiliário local.

Uma nova safra desses residenciais começa a surgir nas capitais brasileiras. Em São Paulo, a Benx Incorporadora apresentou oficialmente, nesta semana, o 280 Art Boulevard: uma “escultura de morar” na região dos Jardins, com torre única em forma de arco, terraços ajardinados suspensos e um véu de brises metálicas cobrindo boa parte de seus 115 metros de altura. “Quando compramos o terreno, já tínhamos a convicção de criar ali um ícone para a cidade, por sua localização única e vista incrível para o Jardim Europa”, conta Luciano Amaral, CEO da Benx.

O projeto é assinado pelo escritório norte-americano Gensler, vencedor de uma competição promovida pela própria incorporadora com outras três empresas. A execução ficará a cargo da Zien Arquitetura, que representa a Gensler no Brasil. “Foram seis meses de desenvolvimento do projeto até chegar a esse desenho, que é realmente uma escultura”, define Amaral.

Para Michel R ike, fundador da Zien Arquitetura, o que define o projeto como uma escultura é a compreensão que se tem dele, independentemente do ponto de vista. “Será possível apreciar o prédio de todos os ângulos, como uma obra de arte em exposição”, compara.

Segundo ele, a torre em formato de arco exigiu cálculos estruturais mais complexos. “Os pilares inclinados e as ferragens terão de suportar um esforço maior do que em um edifício convencional”, explica.

Serão 22 residências: um garden, uma cobertura e 20 apartamentos-tipo. As plantas variam de 600 a 1,3 mil metros quadrados. Restam apenas três unidades à venda nos planos intermediários, negociadas a R$ 70 mil o metro quadrado.

O design de interiores é do escritório canadense Yabu Pushelberg, o mesmo que projetou o Park Lane Hotel, em NYC, e o Aman Residences, em Tóquio. O paisagismo ficou com Alex Hanazaki, e a curadoria de arte, com Marc Pottier. Na esquina do condomínio, haverá uma escultura em uma praça pública. “Lançamos um concurso para definir qual obra de arte ficará no espaço. Será um presente para a cidade”, informa Amaral.

O executivo acredita que o impacto do 280 Art Boulevard não será apenas no mercado imobiliário paulistano. “A Benx muda de patamar com esse projeto e passará a ser reconhecida internacionalmente a partir de agora como uma incorporadora de projetos de altíssimo padrão.”

O efeito deve ser similar ao sentido pela Idea!Zarvos em 2009, quando lan“Era um terreno interessante, no alto de uma colina, mas em um bairro que não estava entre os mais valorizados. Por isso, a escolha de um nome (360º) que justificasse a ida das pessoas para lá. E Weinfeld nos surpreendeu com esse projeto.”

Zarvos também observa essa tendência ressurgindo na cidade, mas chama a atenção de incorporadores quanto a investir em projetos do gênero. “Isso exige um design atemporal, uma ruptura com o que foi feito antes. E, para se chegar a isso, é preciso ter critério na escolha do arquiteto, que deve ser alguém cujo trabalho tenha sido avalizado por críticos de arquitetura, para que o prédio não fique obsoleto com o tempo”, afirma.

Outras capitais

Em Curitiba (PR), a incorporadora AG7 destaca-se com o AGE360: uma torre com 36 andares e 124 metros de altura revestida por um exoesqueleto de concreto branco, que pode ser vista de vários pontos da capital paranaense.

“O AGE360 nasceu da intenção de criar um marco urbano que redefinisse o horizonte de Curitiba. Foram 48 estudos volumétricos até o desenho final”, revela Juliana Zandoná, gerente do projeto na AG7.

Ela acredita que o design dos escritórios Architects Office e Triptyque inspirou outros projetos similares na cidade e impulsionou a valorização imobiliária no entorno imediato. Mais além, agregou valor aos imóveis. “A arquitetura de autor trouxe uma assinatura única para o empreendimento, que tem hoje o metro quadrado mais valorizado da região”, afirma Juliana.

Na orla do Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, o Tom Delfim Moreira, da Gafisa, conseguiu a façanha de chamar a atenção das pessoas mesmo com o mar exuberante diante dele. O projeto também da Gensler se destaca pelo design ousado.

“O edifício tem fachada escultural e linhas curvas elegantes, que revelam sua imponência por meio de varandas e panos de vidro generosos, que aumentam a entrada de luz natural e também emolduram, com delicadeza, a paisagem do Leblon. Isso traz para os moradores a sensação de que o mar é parte da residência”, explica Sheyla Resende, CEO da Gafisa.

Com apenas seis apartamentos e lobby repleto de obras de arte, o prédio pretende ser mais do que elegante e escultórico. “Será um edifício também funcional, com plantas personalizáveis, ambientes integrados e tecnologias que promovam o bem-estar”, acrescenta.


Ver online: Valor Econômico / Imóveis de Valor