Retrofitado, prédio de escritórios no Centro do Rio vai ser movido a energia solar

em Diário do Rio, 6/outubro

Com isenção de IPTU, incentivos do Reviver Centro e a chegada do primeiro prédio corporativo da região a operar com 100% energia solar, empreendimentos reduzem custos de condomínio e ganham fôlego na disputa por inquilinos ’premium’.

O Centro do Rio vive uma fase de retomada, ainda de forma gradativa, mas os sinais já são visíveis. Depois de anos de vacância alta, agravada pelo período pós-pandemia e pela adoção do home office, as lajes corporativas nos chamados “edifícios de primeira linha” voltam a ser ocupadas em um movimento que sinaliza o retorno ao trabalho presencial. As estatísticas das corretoras especializadas dão conta de que cerca de 80% destes prédios já estão ocupados. E, claro, cresce também a procura por endereços que transmitam solidez e representatividade às grandes empresas: os empreendimentos que investem em modernização saem na frente. Quem chega à região não busca apenas um endereço nobre, mas também infraestrutura capaz de reduzir custos de operação e oferecer vantagens reais que façam diferença no caixa das companhias.

Isenção de IPTU, incentivos do programa Reviver Centro e soluções de sustentabilidade que possam reduzir os valores de cota condominial estão na linha de frente dessa corrida. Entre elas, a energia solar vem ganhando protagonismo e se tornou um diferencial cada vez mais valorizado pelas gestoras dos edifícios mais concorridos da região. Além de alinhar os prédios a uma pauta ambiental cada vez mais exigida por grandes companhias, ainda ajuda a baixar o valor do condomínio, item decisivo na hora de assinar o contrato. Segundo Valdemar Barboza, gerente de condomínios da Sergio Castro Imóveis, o valor médio de condomínios corporativos no Centro é de R$ 27,50 por metro quadrado por mês. “Qualquer coisa que o condomínio tenha que trabalhe para baixar este custo, torna o prédio muito mais atrativo. É por isso que há prédios na mesma rua com 100% e 20% de ocupação. O diferencial está no cuidado e na manutenção, mas muito mais na otimização de custos”, explica, citando que a eletricidade é um dos custos mais relevantes de um prédio comercial, além da água.

Daniel Leão, CEO da Construtora Internacional e à frente do retrofit do elegante Edifício Aliança da Bahia, enxerga no prédio um marco para o futuro da região. “O Aliança da Bahia é o primeiro prédio comercial do Centro com energia solar capaz de suprir a demanda dos serviços do condomínio durante o dia. À noite, é claro que não há geração, mas durante o dia toda a operação de consumo de energia e até de água funciona com o sistema solar, o que representa economia real para o inquilino”, afirma.

Segundo ele, iniciativas como essa ajudam a recolocar o Centro no mapa das grandes companhias. A combinação entre modernização, incentivos fiscais e sustentabilidade cria um ambiente competitivo e mais atraente para empresas que buscam não apenas endereço estratégico, mas também eficiência operacional. “Hoje, um edifício que alia tradição, tecnologia e custos reduzidos é visto como ativo estratégico. Essa é a importância do Aliança da Bahia: mostrar que o Centro pode oferecer o que há de mais moderno, sem abrir mão de sua história”, completa.
Tradição e modernidade

Em frente ao Palácio Capanema, na Avenida Araújo Porto Alegre, o Aliança da Bahia acaba de renascer. Construído nos anos 1960 e tombado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, o edifício – que ocupa um quarteirão inteiro – passou por um retrofit completo. O projeto levou a assinatura do arquiteto Ruy Rezende, um dos grandes nomes do urbanismo carioca, que acompanhou de perto cada detalhe até seu falecimento, em 2024.

São 15 andares no total: 14 lajes corridas de mil metros quadrados, classificadas como AAA+, além de uma cobertura envidraçada que entrega imponência ao skyline do Centro. O conjunto se completa com loja e sobreloja, elevadores de última geração — os mais rápidos do mercado — e um pacote de soluções que colocam o prédio em pé de igualdade com os melhores empreendimentos corporativos do Rio.

A aposta, no entanto, vai mesmo bem além da estética e da tecnologia embarcada. Com o sistema de placas solares, o custo de condomínio cai de forma significativa, e a isenção do IPTU pelo Reviver Centro amplia ainda mais as vantagens para futuros ocupantes. Um atrativo e tanto em tempos de contas enxutas e reestruturação de escritórios.

Segundo levantamento da Sérgio Castro, a vacância de prédios retrofitados e adequados às novas demandas não passa de 20%, enquanto os que ficaram parados no tempo enfrentam índices acima de 60%. O Aliança da Bahia, portanto, chega ao mercado em um momento favorável e pronto para receber um inquilino de peso. “O investimento em energia limpa não foi apenas uma questão de inovação, mas de estratégia”, reforça Daniel. “Queremos que o Aliança da Bahia seja um modelo de eficiência e sustentabilidade, oferecendo ao inquilino a melhor experiência e o menor custo possível”.


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