Censo de 2022 aponta que Niterói tem a maior renda per capta do Estado do RJ

em Diário do Rio, 10/outubro

Mercado imobiliário aquecido e oferta de serviços de qualidade atraem profissionais liberais de renda mais elevada, inclusive da capital. O bairro mais procurado pelos que deixam o RJ é Icaraí.

Com base nos indicadores de renda mensal do trabalho, peso do trabalho na composição da renda e renda domiciliar per capita, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) verificou, através do Censo 2022, que a cidade de Niterói, na Região Metropolitana fluminense, tem a maior renda per capita do Estado do Rio de Janeiro.

O estudo mostrou que a renda média mensal do trabalho dos habitantes da cidade, índice correspondente ao rendimento médio mensal de todos os trabalhadores ocupados, a partir dos 14 anos, foi de R$ 5.371 – valores de julho de 2022.

Segundo o IBGE, o peso do trabalho na renda total de Niterói – participação do valor do rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos na composição do rendimento domiciliar dos moradores, fechou em 70%. A renda domiciliar por pessoa, por sua vez, atingiu R$ 3.577, sendo considerada a mais elevada das cidades do Estado do Rio. Na capital, a renda domiciliar per capita foi de R$ 2.515, renda média do trabalho de R$ 4.082 e peso do trabalho de 72%.

Ouvido pelo jornal O Globo, o professor do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jorge Nogueira de Paiva Britto, afirmou que os bons indicadores de Niterói eram previsíveis:

“O rendimento alto de Niterói captado pelo Censo é esperado, dado o perfil do município. É uma cidade com população menor, de cerca de 600 mil a 700 mil habitantes, e com nível de escolaridade elevado, em grande parte de classe média e média alta”, afirmou o economista, complementando que Niterói tem atraído moradores da capital que procuram qualidade de vida e infraestrutura urbana:

“Há um movimento crescente de moradores que trabalham no Rio e buscam melhor qualidade de vida em Niterói. Também tem ocorrido uma migração de parte da classe média carioca para a cidade, impulsionada pelo crescimento do mercado imobiliário local e por preços mais atrativos”, afirmou ainda o economista.

O professor destacou que a atratividade de moradores do Rio é resultado do mercado imobiliário aquecido e da oferta de serviços mais qualificados, o que consolida o perfil de renda mais elevado e com preferência por bairros, como Icaraí, um dos mais valorizados da cidade.

Jorge Nogueira de Paiva Britto observou que a economia niteroiense tem como base o setor de serviços, com uma forte presença de profissionais liberais, especialmente os dedicados às atividades médicas e de clínicas, por exemplo. Mas o professor observou ainda que as atividades ligadas à cadeia petrolífera também contribuem para dinamizar a economia:

“Há impacto das atividades vinculadas à operação de logística de petróleo e offshore, com empresas que prestam serviços à Petrobras e aos estaleiros de reparo de embarcações. Essas atividades trazem empregos mais qualificados e aumentam a renda média”, esclareceu o economista, acrescentando que a cidade também conta com boa arrecadação tributária, proveniente dos polos de petróleo:

“Como Niterói tem bastantes recursos, principalmente por causa das receitas ligadas ao petróleo, o município consegue investir em melhorias urbanas, o que atrai moradores de maior poder aquisitivo”, disse Paiva Britto ao Globo.

Segundo o professor, já que Niterói tem pouca atividade industrial, o peso da renda do trabalho na renda total, que atinge 70%, é testemunho do peso do setor de serviços e dos profissionais qualificados.


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