Nova faixa do Minha Casa, Minha Vida é bem recebida pelo setor imobiliário

em O Globo, 15/abril

Construtoras projetam crescimento com nova modalidade para imóveis de até R$ 500 mil.

A criação de uma nova faixa de financiamento habitacional no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), para famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, foi bem recebida pelo mercado imobiliário. Hoje, o programa só atende a famílias com renda de até R$ 8 mil mensais. A medida foi aprovada nesta terça-feira pelo Conselho Curador do FGTS. Segundo reportagem de Geralda Doca, o programa terá taxa efetiva de juros limitada a 10,5% ao ano e, neste ano, a nova modalidade vai dispor de um volume total de R$ 30 bilhões, para imóveis de até R$ 500 mil, novos e usados.

O presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) , Luiz França, afirma que a nova faixa contempla um segmento que realmente apresenta um déficit importante de moradias e que se trata de um público que agora passará a ser mais bem atendido com os R$ 30 bilhões que serão injetados no mercado.

— A taxa de juros de TR mais 10% ao ano é realmente muito interessante, inclusive se comparada com as taxas que temos hoje no SBPE (recursos da poupança). Com uma taxa de TR +10% em até 30 anos, você amplia significativamente o número de pessoas capacitadas a comprar imóveis.

Segundo França, há uma demanda real por imóveis na faixa de até R$ 500 mil. Para atender a essa demanda, destaca, é essencial que haja financiamento ao comprador.

— Hoje há recursos no mercado, mas com custo elevado, principalmente via poupança, devido à alta das taxas de juros. Isso tirou uma parte importante do público do mercado. Então, ao oferecer uma linha de crédito com prazo de 30 anos, valor de R$ 30 bilhões e taxa de TR +10%, você resgata um público desatendido — e que é comprador de fato.

O blog ouviu outros atores do setor. Thiago Soares, diretor da The INC Incorporações, considera que a chamada "Faixa 4" tem potencial para provocar uma reorganização importante no mercado. Segundo ele, a medida pode aquecer o setor, principalmente em um momento em que os juros altos reduzem o poder de compra da classe média.

Jamille Dias, consultora de vendas e marketing da Riviera Construções, avalia que o impacto da Faixa 4 é muito positivo, pois ampliará o acesso ao crédito para mais clientes em busca do primeiro imóvel, além de estimular novas iniciativas do setor.

— Isso deve animar as construtoras para mais lançamentos. No entanto pode resultar em menos lançamentos dentro do segmento mais dependente das linhas de crédito tradicionais do MCMV. Ou seja, clientes com rendas de até R$ 5 mil que não têm dinheiro guardado para a entrada ou saldo de FGTS. Espero que o governo fique atento e cuide também das faixas 1 e 2.

Mariliza Fontes Pereira, CEO da Riooito Incorporações, também considera a medida uma boa decisão. Segundo ela, era necessário incluir a faixa de clientes com imóveis entre R$ 350 mil e R$ 500 mil, que estavam sem oportunidade de financiamento com custo mais acessível, diante dos juros elevados.

— A Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida será muito bem-vinda para esses clientes. E será bem-vinda também para nós, construtoras, pois dará uma alavancada no setor. Estou com uma expectativa boa, no entanto a Caixa precisa ser mais flexível na liberação.


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