O alerta sobre o apagão de mão de obra nos canteiros da construção civil
em Veja, 24/abril
Novos dados da FGV quantificaram o tamanho do problema.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), por meio de uma pesquisa chamada A Sondagem da Construção, gera mensalmente um conjunto de informações usadas no monitoramento e antecipação de tendências econômicas do setor. Um dos últimos resultados mostrou que 39% dos empregadores da construção civil declararam ter tido “muita dificuldade” em contratar trabalhadores qualificados.
A fase final do processo da construção, no momento do acabamento e da instalação dos materiais, é quando a falta de mão de obra capacitada é mais sentida pelas empresas. As razões são diversas, desde a falta de incentivo à formação profissional até a migração de trabalhadores para outras áreas. Seja qual for o motivo e ainda que a pesquisa do FGV IBRE indique que essa falta de profissionais ainda não seja uma ameaça tão grande ao andamento das obras, as empresas do setor estão em alerta, se antecipando com planejamento e ações para driblar a escassez de serviço e evitar atrasos, aumento de custos e menor produtividades nos canteiros de obras.
As construtoras estão adotando novas soluções tecnológicas, estratégias de otimização, gestões financeiras mais agressivas, além do uso de materiais não convencionais, como estruturas de concreto reforçado com fibras e armaduras não metálicas, utilização de steel frame e a produção em obras modulares, técnicas que impactam de modo significativo no custo final e no processo produtivo, reduzindo a necessidade de mais pessoas executando os serviços e encurtando o ciclo final da obra.
A tecnologia, por meio de soluções como robôs, drones, impressoras 3D e softwares avançados, automatiza os processos e traz boas soluções para reduzir a dependência de mão de obra. Essas tecnologias, junto à uma gestão financeira bem estruturada, é um casamento perfeito para minimizar os impactos de problemas externos, como a alta dos insumos, a variação cambial e a escassez de mão de obra qualificada. Uma boa estratégia adotada por grandes empresas, dentro de uma gestão administrativa mais agressiva, é a de se aproximar de fornecedores e negociar uma demanda maior de material com antecedência, conseguindo reduzir bastante os custos de compra de material.
Entre as técnicas de construção com materiais não convencionais, o uso de steel frame vem ganhando bastante espaço. Conhecida também como método de “construção a seco”, essa técnica se encaixa perfeitamente na necessidade de adequação à falta de mão de obra, pois oferece vantagens como rapidez de construção, menor desperdício de materiais e maior controle de custos. O steel frame é um sistema construtivo a seco que utiliza perfis de aço galvanizado como estrutura principal de uma edificação, substituindo as tradicionais paredes de alvenaria e o uso de concreto, reduzindo bastante o número de profissionais nos canteiros de obras.
A construção modular, método que utiliza módulos pré-fabricados, também é uma outra alternativa utilizada pelas empresas como antecipação a possíveis crises no setor por falta de pessoal, já que ela reduz os custos das obras, com menos pessoas na execução, e contribui para acelerar o ciclo das obras imobiliárias. Os módulos são montados no local da obra, em vez de se construir a estrutura peça por peça. Outras peças, inclusive, já chegam ao local prontas para serem encaixadas no projeto, um ganho de tempo e execução que faz a diferença no processo.
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