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Venda de imóveis de luxo cresce quase 300% no Rio
em Valor Econômico, 30/maio
De janeiro a março, foram vendidas na capital fluminense 219 unidades, o triplo do primeiro trimestre de 2024. O VGV chegou a R$ 908 milhões, cerca de 50% acima dos demais segmentos.
O mercado imobiliário de luxo no Rio de Janeiro viveu um primeiro trimestre histórico neste ano. Segundo pesquisa da consultoria Brain — Inteligência Estratégica, a capital fluminense registrou 219 unidades vendidas no período, aumento de 298,2% em relação ao primeiro trimestre de 2024. O VGV foi de R$ 908 milhões, contra R$ 210 milhões, uma alta de 332,4%.
O número de lançamentos teve queda de 14,3% no volume de unidades. Nas categorias luxo e superluxo, houve estabilidade. Contudo, esses dois segmentos representaram quase metade do VGV lançado: 46,3%.
“O Rio surpreendeu bastante: cresceu não apenas nas vendas, mas também no VGV, mostrando que os imóveis maiores e mais caros estão liderando a procura. É um fenômeno!”, afirma Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain.
O estudo apontou ainda que a Barra da Tijuca foi o bairro com maior valorização dos imóveis de alto padrão, com cerca de 20%. Já o Leblon, na Zona Sul, segue como o metro quadrado mais valioso da cidade: R$ 82 mil.
“A Barra tem muito espaço para novos empreendimentos, e os produtos estão ficando mais sofisticados. Já no Leblon, a oferta de terrenos é menor, e os preços têm uma margem mais estreita de crescimento”, analisa Araújo.
Para o pesquisador, o PIB forte do país nos últimos três anos tem elevado o lucro das empresas, beneficiando seus proprietários e altos executivos, que são os que compram imóveis de alto padrão. “Com o bolso cheio, a predisposição dessa turma para a compra aumenta. Além disso, estão felizes com o sucesso nos negócios, e isso os estimula a fazer esse tipo de investimento”, afirma.
Turismo em alta
Para Claudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio, há também razões mais locais para a performance do mercado carioca. “Tivemos melhorias recentes na legislação municipal, como a modernização no Plano Diretor, que viabilizou novos empreendimentos e permitiu um maior adensamento nos bairros da Zona Sul”, avalia.
Ele alega ainda que a cidade vem recuperando sua atratividade junto ao turismo mundial nos últimos anos, com grandes shows internacionais na Praia de Copacabana, que se somaram ao calendário de festas da cidade, como Réveillon, Carnaval e Rock in Rio. “Pessoas de outros estados e países voltaram a frequentar o Rio, e isso tem alimentado em muita gente o desejo de ter um imóvel na cidade”, acredita.
Segundo informações levantadas pelo Sinduscon-Rio, metade dos imóveis negociados na capital fluminense foram adquiridos por clientes que não vivem no Rio nem no Brasil. Leandro Costa, diretor Comercial da Balassiano Engenharia, confirma a informação: seu mais novo empreendimento, o Ipanema Almar, lançado em março, teve cerca de 60% das unidades vendidas para compradores de fora.
“Nunca tivemos tantos estrangeiros na carteira como agora. Em geral, são pessoas com alguma relação com o Brasil, seja familiar ou de trabalho, que resolveram investir na cidade”, afirma.
Outro dado importante no perfil da clientela da Balassiano: muitos são executivos do mercado financeiro. “É algo que também tem nos surpreendido neste início de ano, ainda mais por causa dos altos índices da taxa de juros no momento”, diz Costa.
Fábio Araújo, da Brain, justifica: “Essas pessoas sabem que o valor dos imóveis seguirá subindo nos próximos anos, então, preferem fechar negócio agora e travar o preço. Como elas têm muito dinheiro aplicado, dão uma entrada menor na compra e pagam o restante financiado com o rendimento da aplicação. Para essa turma, a Selic alta joga a favor, não contra”, conclui.
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