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Morar em arranha-céus vira tendência no país
em Valor Econômico / Imóveis de Valor, 16/maio
Edifícios residenciais acima de cem metros de altura são as novas estrelas do alto padrão imobiliário nacional. O mais alto deles chegará a meio quilômetro.
A vista dos imóveis sempre foi um atributo valorizado pelo cliente de alto padrão: poder contemplar o horizonte da sala do apartamento, sobretudo nas grandes metrópoles do país, é um privilégio desejado por muitos — e para poucos. Mas, à medida que a tecnologia construtiva evolui, permitindo edifícios mais altos, essa percepção entra em uma nova era. Agora, não basta mais ter vista: ela precisa estar cada vez mais alinhada com as nuvens. Ou acima delas.
É a experiência que viverá o futuro morador do Senna Tower, o prédio residencial mais alto do mundo, com mais de 550 metros de altura, lançado oficialmente no último dia 10, em Balneário Camboriú (SC) — a capital brasileira dos arranha-céus, que tem sete dos dez prédios mais altos do país.
Já em fase de construção, o empreendimento terá 157 pavimentos, dos quais 144 de moradias, alguns unificados para receber apartamentos duplex, coberturas triplex e andares só para lazer. No total, serão 228 apartamentos: 18 mansões suspensas de 420 a 563 metros quadrados; 204 unidades-tipo, com até 400 metros; quatro duplex e duas megacoberturas de 903 metros quadrados.
“Vendemos quase 20% dos apartamentos mesmo antes do lançamento, chegando a R$ 1,3 bilhão. As unidades a partir do 120º andar são as preferidas”, afirma Jean Graciola, CEO da FG Empreendimentos, que desenvolve a torre em parceria com a Senna Brands, empresa que cuida dos direitos de imagem do piloto Ayrton Senna.
Para o executivo, o quesito altura virou um atributo do luxo imobiliário, algo muito desejado pelos clientes, sobretudo por estar ligado à vista que pode proporcionar. “No caso de Balneário Camboriú, é possível ter o mar à frente ou a Mata Atlântica, que é igualmente linda”, informa.
O Senna Tower tem investimento total de R$ 3 bilhões, com VGV estimado de R$ 8,5 bilhões. As coberturas deverão ser negociadas via leilão internacional por cerca de R$ 300 milhões cada. A entrega do empreendimento deve acontecer em 2030.
Em São Paulo, a incorporadora REM lançou em abril o projeto Altitude Jardins por Artefacto. Localizado ao lado da Avenida Paulista, um dos pontos mais altos da capital, vai ter residências até o 33º andar e chegar a 121 metros de altura. Acima disso, um último piso será dedicado ao lazer, com lounge, bar, salão de festas e piscina de borda infinita.
“Somado aos 800 metros de altura do Espigão da Paulista, onde ficará o Altitude, seu topo estará a cerca de um quilômetro acima do nível do mar, com vista para toda a cidade”, explica Rodrigo Mauro, CEO da REM. As unidades mais altas, de 155 a 205 metros quadrados, e as coberturas duplex, de 310 a 414, são as mais procuradas, segundo ele.
“Estamos vendendo de cima para baixo. Do 29º ao 33º pavimento, quase tudo foi comercializado. O apelo de morar o mais alto possível é muito forte nesse segmento”, analisa Mauro. O metro quadrado desses apartamentos tem sido negociado próximo a R$ 50 mil. Com projeto do escritório aflalo/gasperini arquitetos e VGV de R$ 700 milhões, o Altitude tem entrega prevista para 2028.
Na Zona Sul paulistana, vai surgir um novo residencial panorâmico: o PG Residences, com 173 metros de altura, dentro do Parque Global. Segundo Luciano Amaral, CEO da Benx Incorporadora, a decisão de erguer um prédio dessa magnitude foi embasada em pesquisas de mercado que apontaram a valorização da moradia em andares mais altos, por causa da vista e da exclusividade.
Amaral afirma que 90% das unidades acima do 30º andar já foram vendidas, por cerca de R$ 30 mil o metro quadrado. O VGV do projeto, com entrega prevista para 2026, é de R$ 14,2 bilhões.
“São Paulo está vivendo uma verdadeira corrida por edifícios acima de 40 andares nos últimos anos, impulsionada sem dúvida pela vista privilegiada. Com o crescimento da cidade e a escassez de áreas amplas em regiões centrais, a verticalização vem se consolidando como uma solução moderna, sofisticada e valorizada”, analisa.
Nordeste
Outras regiões do país têm vivido fenômeno semelhante. No Nordeste, a incorporadora OR constrói a maior torre residencial da Bahia: Legacy, com 183 metros de altura, no bairro Caminho das Árvores, em Salvador. No Centro-Oeste, em Goiânia (GO), o Edifício Kingdom Park Residence tem 52 pavimentos e 180 metros.
Construir edifícios altos assim representa um enorme desafio de engenharia, com orientações e normas técnicas distintas dos prédios convencionais. No caso do Senna Tower, por exemplo, a atenção principal está ligada à estabilidade estrutural e à fundação do prédio.
“Existem edifícios mais altos no mundo, mas nenhum tão esbelto e fino como este, o que representa uma complexidade extra”, diz a engenheira Stéphane Domeneghini, diretora-executiva da empresa Tall Solutions, responsável pela torre catarinense.
Para dar conta do desafio, a executiva afirma que foram contratados 50 consultores nacionais e internacionais para desenvolver a torre. Dentre eles, o engenheiro Fatih Yalniz, maior especialista em residenciais elevados do mundo, com projetos como Steinway Tower, em Nova York, de 435 metros; e Harry Poulos, responsá- vel pela fundação do Burj Khalifa, em Dubai, com 828 metros de altura.
Stéphane destaca ainda a questão da resistência ao vento, fundamental em arranha-céus. No Senna Tower, será usado um sistema chamado “tuned mass damper”, que funcionará como um pêndulo no topo do prédio, equilibrando a torre em caso de vendaval.
“Esse tipo de projeto exige tantos ensaios prévios e análises técnicas tão apuradas para garantir sua estabilidade que ficam mais estáveis do que edifícios mais baixos”, garante ela. Outro ponto relevante é o elevador: serão usados sete equipamentos de alta performance, capazes de conectar o térreo ao “rooftop” sem paradas intermediárias e em menos de um minuto.
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