Quintas da CBIC debate tendências e oportunidades do mercado imobiliário brasileiro
em Agência CBIC, 14/agosto
O Quintas da CBIC, realizado nesta quinta-feira (14), apresentou um panorama detalhado das tendências e oportunidades do mercado imobiliário brasileiro, com atenção especial ao programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). O debate contou com a participação do vice-presidente Financeiro da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Eduardo Aroeira Almeida, e do CEO da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Tadeu Araújo, que apresentou dados exclusivos da pesquisa nacional do segundo trimestre de 2025.
O levantamento, realizado com 720 entrevistas com pessoas de famílias com renda de até R$ 12 mil, revelou que 7% das famílias brasileiras com renda acima de R$ 2,5 mil adquiriram imóvel nos últimos 12 meses. O percentual se mantém estável em relação à média histórica, mas está abaixo dos picos de 10% registrados em anos anteriores. Entre os compradores, 89% adquiriram imóveis para moradia, 10% para lazer e 5% para uso comercial. No caso do MCMV, o percentual destinado à moradia sobe para 95%.
Segundo Araújo, o resultado representa cerca de 3 milhões de famílias comprando imóveis por ano, considerando novos e usados. Ele destacou ainda a relevância do investidor: “Cerca de 20% das famílias que compraram imóvel o fizeram para investir, principalmente para alugar. Isso reforça que o mercado imobiliário é resiliente, mesmo em períodos de juros altos”, afirmou.
Intenção de compra em alta histórica
O estudo aponta que 49% dos entrevistados têm intenção de comprar um imóvel nos próximos dois anos, o maior índice da série histórica. Apesar da alta dos juros, fatores como o menor nível de desemprego da história (5,8%) e o aumento da renda, 22% entre os mais pobres e 11% na média geral, impulsionam o otimismo das famílias. “As pessoas avaliam a sua própria vida e situação financeira mais do que o cenário macroeconômico para decidir comprar”, observou Araújo.
Do total, 36% ainda não iniciaram a busca, 9% já pesquisam online e 4% visitam imóveis presencialmente, o que corresponde a 1,7 milhão de famílias em busca ativa. Entre os que pretendem comprar, 30% planejam fazê-lo em até um ano e 46% entre um e dois anos.
Perfil e preferências do comprador
O apartamento é o tipo de imóvel mais desejado por 46% dos entrevistados, seguido por casas em rua (41%). Nas capitais, 63% das compras são de apartamentos, enquanto no interior cresce a procura por lotes e imóveis horizontais. A segurança foi citada como fator determinante, influenciando diretamente a escolha da localização.
O principal motivo para compra é “não pagar mais aluguel” (28% no geral e 40% no MCMV), seguido por troca para um imóvel maior ou melhor localizado. No MCMV, 58% dos que pretendem comprar buscam o primeiro imóvel.
Mercado Minha Casa Minha Vida
No primeiro semestre de 2025, as unidades lançadas pelo MCMV caíram 7,3% em relação a 2024, totalizando 94,9 mil, mas ainda representando 47,4% do total de lançamentos residenciais verticais no país. A redução é atribuída à elevação dos preços: o valor médio do m² subiu cerca de 10%, limitando o número de unidades financiadas com recursos do FGTS.
As vendas, por outro lado, cresceram 19,4% no MCMV, alcançando 103,3 mil unidades, quase metade (42,9%) de todas as vendas de imóveis novos no país no período. Destaque para a região Norte, onde os lançamentos subiram 70% e as vendas 74%, com forte desempenho em Manaus. “A participação do MCMV na região Norte passou de 63% para 77%, resultado de adequações ao programa que levaram em conta as características locais”, ressaltou Araújo.
O vice-presidente da CBIC também comentou sobre o programa Minha Casa Minha Vida: “Infelizmente, para as faixas mais necessitadas, o programa não consegue representar integralmente o déficit habitacional. Apesar de liderar as aquisições nessa faixa, ainda está longe de atender à demanda real. Compreendemos a situação fiscal do país, mas, no futuro, será necessário investir ainda mais para priorizar essa parcela da população, que precisa de imóveis acessíveis de até R$ 200 mil.”
Aroeira reforçou a importância do programa: “O déficit habitacional permanece entre 6 e 7 milhões de moradias. Imóvel é qualidade de vida e segurança para as famílias. É um investimento necessário”.
Desafios e perspectivas
Para os participantes, o desafio central está em equilibrar custo e metragem. Em várias cidades, como Brasília, o aumento dos preços reduziu o tamanho médio das unidades para enquadramento no programa. “Infelizmente, muitas vezes é preciso diminuir a metragem para caber no bolso do comprador”, disse Araújo.
Os dados apresentados indicam que, apesar das restrições de oferta em alguns segmentos, a demanda segue robusta. “Podemos ter problemas no mercado, mas falta de demanda não é um deles”, concluiu Araújo.
Ver online: Agência CBIC