80% empresas de construção civil usam IA para melhorar sua eficiência, aponta pesquisa

em Decision Report, 17/fevereiro

Análise movida pela Minsait aponta que dois terços das companhias do setor ao redor do mundo já aderiram à tecnologia para otimizar processos de segurança e gestão de riscos.

Apesar de ser um setor historicamente mais conservador e menos digitalizado que outros segmentos, a construção civil tem passado por uma transformação sem precedentes nos últimos anos, em grande parte graças à adoção da inteligência artificial (IA). É o que mostra o Informe Ascendant de Maturidade Digital, estudo produzido pela Minsait, que analisa o contexto e o grau de adesão à IA por companhias privadas e instituições públicas ao redor do mundo.

Intitulada “IA: radiografia de uma revolução em curso”, a mais recente edição da pesquisa, divulgada em 2024, ouviu mais de 900 organizações espalhadas pelo globo e especializadas em 15 diferentes áreas de atuação. No caso do mercado de construção civil, 83% das empresas consultadas afirmaram enxergar a inteligência artificial como uma ferramenta indispensável para otimizar seus processos internos e melhorar sua eficiência.

O estudo também aponta que o impacto dessa tecnologia se estende a todas as etapas que compõem a cadeia de valor do setor da construção: desde a fase de licitação das obras, facilitada por aplicações de análise automática de documentos, até a execução de projetos, amparada por assistentes virtuais capazes de agilizar consultas técnicas e regulatórias, além de garantir a automatização de procedimentos de inspeção de qualidade. Nesse sentido, 60% das companhias ouvidas pela Minsait disseram já utilizar a IA para melhorar a gestão e o planejamento de seus projetos.

Outra possibilidade oferecida pela inteligência artificial é o reconhecimento de infraestruturas, tanto para detecção de incidentes quanto para análise e classificação eficiente de especificações técnicas. Além disso, 67% das empresas do setor têm concentrado seus esforços para garantir a melhoria da gestão de riscos ligados à segurança, utilizando, para isso, aplicações como sensores de detecção automática por imagens de equipamentos e pessoas nos canteiros de obras.

A quinta edição do Informe Ascendant revela ainda que 60% das organizações respondentes têm empregado a IA no fortalecimento de seus ativos de cibersegurança, ao passo que 40% vêm adotando o recurso para fomentar a retenção de talentos. Essa mesma porcentagem de companhias também tem utilizado a inteligência artificial para dar suporte a procedimentos de exploração de dados preexistentes e à tomada de decisões baseadas em dados.

Por fim, a pesquisa indica que a variedade de cases de aplicação da IA no setor da construção civil costuma ser maior do que em outros segmentos de mercado, exigindo, portanto, uma avaliação de impacto cada vez mais minuciosa por parte das empresas, antes da efetiva implementação dessas soluções em seus expedientes de trabalho.

Um olhar para o futuro: governança, requalificação e copilotos

Apesar da maturidade precoce da IA e da ampla gama de casos de uso, o mercado da construção se mostra ciente da necessidade de que o uso dessa tecnologia seja coordenado e regulamentado. Nesse sentido, vale ressaltar que as empresas têm se utilizado da inteligência artificial não só para fins de inovação, mas também para equipar seus departamentos de governança. Com isso, o Informe Ascendant da Minsait prevê que, nos próximos anos, devem ser desenvolvidos projetos na área apoiados por uma arquitetura técnica robusta e elevados padrões éticos.

Essa evolução da IA, no entanto, também traz desafios significativos, como a alta dependência de capital humano, que contrasta com a constatação de 60% das empresas ouvidas pela Minsait, que apontam a escassez de talentos especializados na tecnologia como uma barreira fundamental para o avanço do setor. Nesse sentido, a requalificação dos colaboradores será essencial, a fim de garantir que as equipes contem com perfis profissionais habilitados para identificar novas oportunidades de negócios.

O Informe Ascendant também chama a atenção para o potencial de ferramentas de IA generativa, como copilotos, que podem auxiliar na organização de projetos e na otimização de tarefas diárias, incluindo gestão de obras em fase de execução, melhorando a rapidez e a precisão das operações das obras.

“A IA está redefinindo os padrões de eficiência e qualidade na construção civil. As empresas que investirem nessa tecnologia hoje liderarão o setor amanhã”, afirma Eladio García, diretor global de Indústria e Construção da Minsait.

Ainda de acordo com o executivo, as companhias que estão se modernizando já passaram por uma evolução significativa, que deve se estender a todas as suas frentes de atuação: “Para que essa transformação seja sustentável, é essencial o envolvimento da alta gestão, a criação de planos estratégicos e a implementação de um modelo de governança em IA alinhado ao crescimento do setor”, finaliza.


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