
Construindo um futuro mais verde e sustentável
em O Globo, 1º/junho
A redução do impacto ambiental das obras e a eficiência energética fazem parte das estratégias do mercado do Rio.
A sustentabilidade vem avançando na construção civil e se consolidando como pilar estratégico para as empresas do setor — não por acaso. No contexto das mudanças climáticas, é fundamental mitigar o impacto das obras no meio ambiente, aumentar a resiliência dos empreendimentos e promover a eficiência energética. As construtoras já vêm adotando práticas que vão desde o uso de materiais recicláveis e de menor impacto ambiental até a implantação de soluções inovadoras de energia.
Edificações que utilizem sistemas de captação de energia solar, ventilação natural e iluminação eficiente conseguem reduzir significativamente os custos operacionais — e, no fim das contas, todos saem ganhando: a obra sustentável permite a oferta de imóveis mais baratos, abre espaço para que o condomínio tenha a mesma pegada e atende às exigências dos consumidores.
O gestor do Opportunity FII, Pedro Bulhões, diz que o fundo analisa a demanda de energia da obra e negocia com geradoras de energia solar, proporcionando uma economia de 10% a 28% no valor das contas de luz de seus empreendimentos. E um exemplo de práticas sustentáveis é o Glória Residencial, retrofit do Hotel Glória, que o fundo faz em parceria com a SIG Engenharia.
— O retrofit por si só já é um tipo de obra que gera menos resíduos, mas também levamos tratamento térmico à cobertura das unidades e iluminação inteligente nas garagens, além de infraestrutura para carregamento de carros elétricos — comenta.
No Cidade Arte, bairro planejado da Calper, na Barra da Tijuca, o asfalto das ruas foi substituído por bloquetes mosaicos, reduzindo o uso de produtos derivados de petróleo. Boa parte das iniciativas sustentáveis está ligada ao objetivo de criar um microclima local, com temperatura mais baixa e aumento da concentração de oxigênio. Para isso, a incorporadora apostou no paisagismo, nas fachadas biofílicas e no plantio de espécies para atrair pássaros e polinizadores. E não parou por aí.
— Sempre procuramos utilizar materiais que agridam menos o meio ambiente. Para isso, compramos insumos de parceiros que extraiam e fabriquem produtos de forma ambientalmente responsável. As portas e as guarnições do empreendimento, por exemplo, são de madeira de reflorestamento — afirma a diretora da Calper, Niceli Maini.
Vanguarda
As iniciativas sustentáveis reforçam o pioneirismo do Ilha Pura, também na Barra. O condomínio, que abrigou os atletas da Olimpíada de 2016, já saiu da prancheta com DNA verde. Muitos itens que há uma década eram novidade hoje compõem o portfólio das construtoras: madeiras certificadas, bacias sanitárias com dualflush, arejadores, restritores de vazão, iluminação LED, telhado verde, carregadores para veículos e bicicletas elétricas e um plano de gerenciamento de resíduos nos condomínios. E, para se manter na vanguarda, o bairro planejado não para de adotar novidades ecológicas.
A gerente de Incorporação e Sustentabilidade do Ilha Pura, Talitha Ribeiro, enumera as iniciativas: playgrounds revitalizados, brinquedos inclusivos instalados e pisos emborrachados refeitos com pneus descartados, gerando novo uso para um material que seria transformado em lixo.
— Fizemos novos deques em madeira plástica, material composto por resíduos reciclados de alta durabilidade e baixa manutenção, com aparência próxima à da madeira natural, mas que não exige corte de árvores e contribui diretamente para a redução de resíduos plásticos no meio ambiente — informa.
Para o presidente da Ademi-RJ, Marcos Saceanu, os últimos anos foram de muito aprendizado para o setor, que entendeu quais iniciativas sustentáveis realmente funcionam e quais precisaram ser adaptadas.
— Hoje, é consenso, por exemplo, que a energia solar funciona bem nas obras e nas áreas comuns dos condomínios, mas não tem uma boa relação custo/benefício nas áreas privativas.
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