Fundos imobiliários renovam recorde no primeiro mês de 2024

em Valor Investe, 1º/fevereiro

Depois de tocar a máxima histórica no último pregão do ano passado, o Ifix, índice de referência dos fundos imobiliários, bateu um novo recorde já no primeiro mês de 2024. O indicador alcançou os 3.340 pontos no dia 19 de janeiro. Mas na reta final, apesar de ter se valorizado 0,49%, o índice encerrou o período um pouco abaixo do pico, aos 3.333 pontos.

O desempenho do Ifix foi bastante tímido no primeiro mês do ano, sobretudo se comparado aos ganhos de 4,25% registrados em dezembro. É de se levar em consideração, porém, que a classe superou, com folga, o principal índice de ações da bolsa, o Ibovespa. Em janeiro, o principal indicador do comportamento das ações listadas na B3 recuou 5,06%.

Quem ganhou e quem perdeu?

A lista dos cinco fundos listados no Ifix que mais subiram em janeiro está bem diversa. O destaque vai para o fundo MFII11, do setor de desenvolvimento imobiliário, que registrou ganhos de 13% no mês. Também aparecem fundos do segmento de lajes corporativas, o TVRI11 e o RBRP11, de recebíveis imobiliários, a exemplo do URPR11, e de fundos de fundos, como o BCIA11.

FIIs que mais subiram em janeiro de 2024

Nome do fundoTickerVariação (em %)
FII Merito ICI MFII11 +12,99
FII TIVIO RICI TVRI11 +8,03
FII BCIA CI BCIA11 +6,02
FII URCA RENCI URPR11 +5,05
FII RBR PROPCI RBRP11 +5,01

Do lado oposto, dois fundos do setor de lajes corporativas aparecem na lista de fundos que mais caíram no mês: RECR11 e XPPR11. Mas a maior queda, de 17%, foi registrada pelo fundo BTRA11, que investe em terras agrícolas. O fundo imobiliário de hotel, o HTMX11, por sua vez, registrou o segundo pior desempenho no mês.

E apenas um fundo de recebíveis imobiliários apareceu entre as cinco maiores perdas. Foi o caso do HCTR11, que se desvalorizou 6,4% em janeiro.

FIIs que mais caíram em janeiro de 2024

Nome do fundoTickerVariação (em %)
FII BTG TAGR CI BTRA11 -17,00
FII HOTEL MXCI HTMX11 -12,92
FII REC RENDCI RECR11 -8,91
FII XP PROP CI XPPR11 -7,98
FII HECTARE CI HCTR11 -6,40

Conforme levantamento realizado pelo aplicativo Trix, da gestora TRX, para o Valor Investe, entre os setores, os fundos de recebíveis imobiliários saíram na frente no mês, com valorização de 0,57%. Logo atrás vieram os fundos de galpões logísticos, com 0,50%, seguidos por lajes corporativas, com 0,44%, e pelos fundos de varejo, com 0,44%.

Os fundos imobiliários de shoppings foram na contramão dos demaise encerraram janeiro com perdas de 0,43%, após serem os grandes protagonistas da classe em 2023.

Apesar do desempenho tímido da indústria neste começo de ano, Leonardo Garcia, analista de fundos imobiliários da TRX, lembra que, historicamente, em cenários de cortes de juros, os ativos de renda variável tendem a se valorizar, devido à diminuição da rentabilidade oferecida pela renda fixa.

“Visto que a inflação segue controlada, a gente entende que o ciclo de corte de juros deve ser mantido para as próximas reuniões do Copom e, com isso, os fundos imobiliários devem continuar registrando valorização e realizando novas emissões para capitalizar esse momento de mercado”, destaca.

Oportunidades

Fernando Siqueira, chefe de análise da Guide, defende que os fundos imobiliários de shoppings, renda urbana e de recebíveis imobiliários do tipo “high grade” (baixo risco) são as apostas mais seguras, apesar de não possuírem um espaço para valorização tão grande da cota, por já estarem negociando perto do valor patrimonial.

O especialista também está otimista com os Fundos de Fundos (FoFs), que investem em cotas de outros fundos imobiliários, apesar de carregarem um risco maior.

“É um setor que normalmente vai bem quando os juros estão caindo porque negocia com desconto, abaixo do valor das participações que detém em outros fundos. Então, quando o mercado sobe, como temos visto, os FoFs costumam registrar um desempenho melhor”, diz. E o oposto também é verdadeiro: quando a aversão ao risco se instala no mercado, esses fundos tendem a sofrer mais.

No caso dos fundos imobiliários de lajes corporativas, o especialista diz que é um mercado que tem espaço para subir a depender da trajetória de queda dos juros e de uma retomada mais forte do mercado como um todo. “É um segmento que a gente [Guide] vê bastante potencial para os próximos 12 meses”, destaca.

Tanto os escritórios como os fundos de fundos foram os setores mais prejudicados durante os anos de pandemia e de alta de juros. Basicamente, como as cotas desses fundos passaram a ser negociadas por um preço mais baixo que o valor patrimonial dos fundos, esses dois segmentos acabam tendo maior potencial de valorização à frente. Isso não garante, porém, que os ganhos futuros já estejam contratados.

Os fundos de galpões logísticos, por sua vez, estão no meio do caminho. Não são tão defensivos como shoppings e recebíveis, mas também não são tão alavancados como os fundos de lajes corporativas. “Ainda é uma boa opção, mas o oba-oba desse setor foi muito maior durante a pandemia, quando as pessoas buscaram por galpões por causa do e-commerce”, explica o especialista da Guide.


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