Projetos imobiliários no Rio unem passado e futuro
em O Globo / Morar Bem, 16/fevereiro
Na Zona Sul, residenciais modernos são erguidos ao lado de casarões antigos, preservando parte da História da cidade.
Quem caminha pelas ruas do Rio de Janeiro atento aos casarões e aos prédios antigos que resistem ao passar do tempo pode nem se dar conta de que esse imóveis trazem a história de quem os construiu e ainda ajudam a contar como uma cidade se desenvolve.
Muitas dessas pequenas histórias do cotidiano estão voltando a encantar os cariocas com a onda de projetos imobiliários que recuperam o brilho de antigos casarões e fazem deles o ponto de partida para residenciais contemporâneos. A recuperação de imóveis antigos — nem todos tombados, mas sempre importantes para a arquitetura da cidade — vem mudando aos poucos a cara do Rio. Aqui e ali, as belas mansões do passado voltam a ganhar novos usos e destaque na paisagem urbana.
É o que está acontecendo com o casarão em que morou o jurista Pontes de Miranda, na Rua Prudente de Morais, em Ipanema. O Opportunity e o Brix, dois fundos de investimento imobiliário, fecharam negócio com a família em novembro de 2022 e, desde então, buscavam um formato que desse nova vida à construção, tombada desde 2003 por seu valor cultural e arquitetônico.
A solução foi incorporá- la a um empreendimento da coleção Be.in.Rio com 45 unidades — 42 delas estarão no prédio anexo, batizado de Prudente 1356. Na casa, ficarão duas unidades de dois quartos (um garden e um apartamento linear no segundo pavimento) e outro garden de um quarto. A piscina ficará de frente para a mansão e, no interior, estarão lounge, espaço fitness, bar, minimercado e espaço coworking.
— O jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda foi uma das mais proeminentes figuras intelectuais e jurídicas do Brasil no século XX. Alguns de seus objetos farão parte dessa nova fase da casa, como duas corujas que estão sendo restauradas. Essas iniciativas enaltecem o bairro e valorizam os imóveis, unindo passado, presente e futuro — pontua o gestor do Opportunity, Marcelo Naidich, acrescentando que a parceria com o Brix rendeu outra joia: o Raro Palacete Art Déco, em Botafogo, que permitiu a recuperação de uma construção dos anos 1920.
A Sig Engenharia é outra incorporadora que caiu de amores por essa tendência. O sucesso do Oba Urca, que tem apenas uma unidade à venda, estimulou ainda mais a busca por imóveis do gênero: residências seculares que têm terrenos para a construção de prédios. O próximo da lista é o Arc, na Rua Alberto de Campos, em Ipanema.
— Gostamos de desenvolver residenciais com registro histórico. É muito triste andar pelas ruas da cidade e ver casas ou prédios antigos desgastados pelo tempo. Parece que uma parte do Rio está se perdendo. No Arc, o casarão será restaurado e muito bem aproveitado — conta o sócio-fundador da Sig Engenharia, Schalom Grimberg.
Resgate & respeito
A Mozak também aposta nessa tendência. No Verdê, no Jardim Botânico, a casa principal será revitalizada, dando origem a unidades tipo garden que convidam o morador a usufruir da arquitetura original da construção no interior e nas áreas externas. Os novos apartamentos ficarão em um bloco atrás do casarão. E o próximo lançamento da incorporadora, no Leblon, será nos mesmos moldes: um bloco preservado e um edifício totalmente novo.
—A preservação de casas e prédios é uma forma de resgatar e respeitar a cidade. Na verdade, essa tendência nos faz pensar em diferentes formas de desenvolver novos produtos e soluções arquitetônicas, que conciliem passado e futuro, mas de forma inovadora — diz a gerente de Projetos da Mozak, Clarissa Grinstein.
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