Gentilezas urbanas dão um novo significado a áreas degradadas

em Valor Econômico, 19/abril

Iniciativas do mercado imobiliário levam beleza, funcionalidade, sustentabilidade, arte e cultura a ruas e outros espaços da cidade.

A adoção das chamadas “gentilezas urbanas” pelo setor de construção e incorporação no Rio de Janeiro está promovendo um verdadeiro resgate da cidade. Mais que embelezar e melhorar a funcionalidade no entorno, a restauração de praças e calçadas, a doação de equipamentos urbanos ou a criação de parques e espaços culturais têm contribuído para ressignificar áreas degradadas — até mesmo no sofisticado Leblon.

No bairro da Zona Sul, a Mozak Empreendimentos inaugurou recentemente o Largo do Piva, uma galeria a céu aberto reunindo obras de renomados expoentes do cenário das artes cariocas. A rua artística foi instalada ao longo das extensas calçadas do Essência, o mais novo projeto de alto luxo lançado pela construtora.

O residencial será erguido em uma área que corresponde a quase um quarteirão, onde ficavam as instalações da Comlurb, a empresa de limpeza pública da cidade.

“A ideia é presentear moradores e frequentadores da cidade com um novo polo artístico e cultural. Queremos que o Essência se transforme em referência para o bairro, um lugar de encontros e admiração”, afirma o presidente da Mozak, Isaac Elehep.

A Performance Empreendimentos e o Opportunity Imobiliário também promoveram uma intervenção urbanística que trouxe mais movimento a um trecho na Lagoa: a Calçada da Fama, instalada na tradicional escola de teatro O Tablado, considerada patrimônio cultural e imaterial do Estado do Rio.

No local, estão estampados em granito os nomes de 108 peças encenadas no teatro criado por Maria Clara Machado. “Buscamos projetos que contribuam para o enriquecimento educacional e cultural da sociedade. Estamos comprometidos em transformar a calçada em frente ao Tablado em algo do qual todos os cariocas possam se orgulhar”, diz o CEO da Performance, Luís Oswaldo Leite.

Para o Opportunity Imobiliário, a cultura e o mercado formam uma parceria especial, que permite desenvolver, sempre que possível, projetos que levem a arte para os empreendimentos e as ruas, beneficiando e inspirando os moradores e as pessoas que transitam por esses locais.

Além de benefícios sociais e ambientais, as gentilezas urbanas também têm impacto econômico positivo. Como ocorreu na Glória, bairro em que a transformação do emblemático Hotel Glória em residencial de luxo pelo Opportunity representou o resgate de todo o entorno, depois de décadas de abandono.

Em parceria com a Sig Engenharia, o fundo promoveu a revitalização da Praça Juarez Távora, recuperando o projeto original com novos canteiros de paisagismo, calçada com piso em pedra portuguesa e postes de iluminação. O resultado foi a valorização dos imóveis do bairro e aumento do comércio local.

Para as construtoras e incorporadoras, o investimento em projetos de gentileza urbana traz retornos de imagem, mas também tem se mostrado uma necessidade do mercado. “Pesquisas feitas com os investidores mostram que tais iniciativas são reconhecidas como diferenciais importantes para a decisão de compra”, afirma o CEO da Calper, Ricardo Ranauro.

“Os benefícios trazidos por essas práticas são desfrutados pelos moradores cotidianamente e contribuem para a valorização dos imóveis”, diz. A Calper é responsável pelo desenvolvimento do Cidade Arte, na Barra, que ocupa mais de 130 mil metros quadrados de área com paisagismo.

“São 70 mil metros quadrados de áreas verdes e arborizadas, com o plantio de mais de 1,2 mil árvores com espécies da Mata Atlântica, gerando um microclima diferenciado e mais fresco na região. O projeto prevê ainda a instalação de obras de arte nas ruas, transformando o ambiente urbano em uma galeria a céu aberto”, informa Ranauro.


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