Caixa busca recursos para evitar freio no setor imobiliário
em Valor Econômico, 26/fevereiro
Passado um ano, não houve avanços concretos e a situação segue difícil.
Desde o início do ano passado a Caixa vinha alertando que a desaceleração na poupança gerava uma dificuldade de "funding" para habitação e que outras alternativas de captação precisavam ser construídas. O presidente do banco, Carlos Vieira, comentou na ocasião que o orçamento para 2024 estava resolvido, mas que o mercado teria problemas em 2025 se nada fosse feito. Passado um ano, não houve avanços concretos e a situação segue difícil.
Na divulgação de resultados de 2024, Vieira afirmou que a Caixa ainda está finalizando suas projeções (“guidance”) para 2025, mas que pelo menos R$ 200 bilhões em originação do crédito habitacional estão garantidos. No ano passado, esse volume chegou a R$ 223,6 bilhões. “Ainda estamos definindo a alocação de recursos, as fontes e usos. Mas esses R$ 200 bilhões estão garantidos”, disse.
Ou seja, se ficar mesmo somente nesses R$ 200 bilhões, a Caixa teria uma queda de 10,5% na originação de crédito imobiliário este ano.
A vice-presidente de habitação, Inês Magalhães, afirmou que há meses o banco montou um grupo de trabalho para buscar alternativas de funding e que uma série de medidas estão sendo discutidas. Ela citou o pedido para que o BC reduza depósitos compulsórios, altere prazos das LCIs, e também para que o CMN crie um novo título de dívida que seja suficientemente atraente para permitir que fundos de pensão invistam em crédito habitacional, como acontece em muitos outros países. Sobre esse último ponto, disse que a proposta ainda está estágio inicial e que a discussão não é simples, já que envolve subsídios — pois os títulos têm isenção de imposto.
Vieira afirmou que decisão do governo de liberar o saque-rescisão do FGTS para quem já optou pelo saque-aniversário não afeta o banco. Segundo ele, esses recursos que garantem a antecipação do saque-aniversário ficam em uma conta segregada do FGTS e não são usados para o funding da habitação. “O papel da Caixa é operacionalizar o FGTS. Isso não tem impacto [no funding da habitação], são recursos que já estavam provisionados”, disse.
O vice-presidente financeiro da Caixa, Marcos Brasiliano, afirmou que não vê para 2025 necessidade, neste momento, de realinhamento de taxa no crédito habitacional. Ou seja, com o orçamento que o banco tem neste momento para o segmento, não prevê subir os juros cobrados do cliente. Brasiliano lembrou que no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) a taxa máxima é de 12% e a Caixa já cobra 11,5%.
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