Rochas naturais: protagonistas do mercado de revestimentos
em Valor Econômico, 28/fevereiro
Feira mundial realizada em São Paulo revelou um interesse crescente pelo produto. Brasil é o 4º maior produtor mundial e o 5º em exportações.
O Distrito Anhembi, na Zona Norte de São Paulo, virou uma autêntica "Babel" cultural entre 18 e 20 de fevereiro, quando recebeu mais de 12 mil visitantes de 75 países para a aguardada estreia da MarmoMac Brazil — a maior feira de rochas ornamentais do mundo, criada na Itália nos anos 1960, que saiu do país de origem pela primeira vez.
A escolha do Brasil e da capital paulista se justifica: o país é o quarto maior produtor do mundo da matéria-prima e o quinto em exportações. Em 2024, o mercado brasileiro faturou US$ 1,2 bilhão, um aumento de 12,7% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas).
Já São Paulo é o maior mercado interno, com forte demanda da construção civil. "A cidade é uma vitrine internacional e ajudou a atrair novos públicos, que era nosso objetivo principal", explica Flávia Milaneze, CEO da Milanez & Milaneze, organizadora do evento.
Segundo ela, apesar de a Itália ser o berço do setor, com uma cultura milenar no trabalho com pedras, o Brasil já é uma potência no mercado mundial. "Os italianos que nos desculpem, mas a diversidade e a qualidade de nossos materiais são únicas no mundo", diz.
Paulo Giafarov, CEO da empresa DGG Stones e um dos maiores especialistas brasileiros no assunto, compartilha do entusiasmo de Flávia. "A rocha brasileira não deve em nada a nenhum outro mineral importado. Não bastasse, somos o maior produtor global de quartzitos, um tipo de rocha exótica e resistente que está sendo muito requisitado lá fora", conta.
A amazonita é um desses quartzitos. Extraída de minas na Paraíba pela mineradora cearense Granistone, ela foi uma das grandes estrelas da feira. "Conversei com muitos arquitetos, designers de mobiliário, comerciantes, construtores e prestadores de serviços, que ficaram bastante interessados nessa joia que oferecemos com exclusividade", conta Hugo Meneses, CEO da Granistone.
O Natura, um quartzito da mineradora Pedra do Frade, do Espírito Santo, também chamou a atenção. A empresa exporta 90% de toda a sua produção, com 12 tipos de pedras diferentes, para 32 países. "Nosso faturamento cresceu 36% no ano passado. Para 2025, a projeção é de aumento de 20%", comemora Geovane Peterle Fiorio, fundador da empresa.
A arquiteta Vivian Coser, especialista em projetos com rochas naturais, tem entre seus clientes incorporadoras e grandes corporações que não param de desenvolver novos projetos: o volume de trabalho em seu escritório aumentou 50% no ano passado. "A rocha natural brasileira virou um hit mundial.
Acabei de voltar de Nova York e vi como ela é valorizada, usada nos empreendimentos mais icônicos da cidade: da loja da Tiffany&Co., na Quinta Avenida, ao emblemático WTC", afirma.
Sustentável
Outro atributo da pedra natural extraída no Brasil é a durabilidade, característica que a torna mais sustentável. "O ciclo de vida de uma rocha é infinitamente superior ao de qualquer outro revestimento, evitando a substituição frequente", afirma Tales.
Machado, presidente do Centrorochas, que congrega 472 empresas do setor. Machado explica que as companhias têm investido cada vez mais em tecnologia para tornar mais eficientes a extração, a lapidação e o reaproveitamento dos resíduos. "Todas as empresas associadas ao Centrorochas utilizam água de reúso nas minas, que circula dentro de um circuito fechado com baixíssimo desperdício. Além disso, o material sólido sem valor comercial é destinado para a confecção de itens de decoração ou brita para construção civil", informa.
O próximo passo da entidade é a elaboração de um mapa da pegada de carbono do setor, com o apoio técnico de universidades brasileiras e órgãos internacionais. Enquanto isso, a edição 2026 já tem data marcada: será de 24 a 26 de fevereiro, no mesmo pavilhão de exposições do Distrito Anhembi
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