
Com uma oferta, governo licita Rota Agro Norte
em Valor Econômico, 27/fevereiro
Consórcio da 4UM e da Opportunity deverá conquistar concessão em Rondônia.
O governo federal realiza nesta quinta-feira (27) o leilão da concessão rodoviária da Rota Agro Norte, que inclui o trecho da BR-364 entre Porto Velho e Vilhena, em Rondônia. O consórcio formado pelas gestoras 4UM e Opportunity foi o único a entregar proposta pelo ativo e deverá conquistar o contrato.
O projeto, de 687 km, prevê investimentos de R$ 6,35 bilhões, que incluem cerca de 108 km de duplicações e 191 km de faixas adicionais. Também foram estimados outros R$ 3,9 bilhões em custos operacionais para os 30 anos de contrato. A taxa de retorno do contrato é de 11,17%.
O critério de disputa do leilão seria o maior desconto sobre o pedágio - porém, como há apenas um interessado, a expectativa é de um lance mínimo. A tarifa básica máxima fixada no edital é de R$ 0,19115 por km.
O principal atrativo do lote, segundo os estudos, é a demanda de carga do setor agropecuário. O trecho licitado faz parte do corredor rodoviário que liga o Centro-Oeste ao porto da capital Porto Velho, no rio Madeira.
A 4UM fez sua estreia no setor rodoviário em agosto de 2024, com a vitória no leilão da BR-381 em Minas Gerais, a chamada Rodovia da Morte. A gestora, antiga J.Malucelli, formou um fundo de investimentos que, além da família Malucelli, tem como cotistas as famílias Salazar, Federmann e Backheuser, donas das construtoras Aterpa, Senpar e Carioca Engenharia, respectivamente.
Já a Opportunity deverá conquistar seu primeiro projeto do setor nesta quinta, com a Rota Agro Norte. No ano passado, a gestora passou a disputar diversos leilões rodoviários. O grupo chegou a concorrer contra a 4UM no leilão da BR-381, sem sucesso. Depois disso, as duas empresas se associaram e participaram em em consórcio de outras duas licitações de rodovias federais, da Rota dos Cristais (BR-040 entre Minas Gerais e Goiás) e do Lote 3 do Paraná, mas, nos dois casos, saíram perdedoras das competições.
Este leilão rodoviário será o primeiro de 2025 - a primeira concorrência teria sido a da ponte binacional São Borja-São Tomé, em janeiro, mas a licitação foi suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e teve de ser remarcada para abril.
Na avaliação de fontes do governo, o fato de apenas um grupo ter entregado proposta não é um sinal de alerta para as futuras licitações - só no portfólio federal, o plano é fazer 15 leilões neste ano. Uma delas afirma que o lote era desafiador e que inicialmente havia cinco companhias estudando o projeto. Duas delas, diz a fonte, pediram adiamento do leilão para participarem, o que não foi aceito pela equipe.
No mercado também já havia uma percepção de que a Rota Agro Norte não atrairia muita concorrência, devido ao cenário macroeconômico turbulento dos últimos meses, ao extenso portfólio de leilões rodoviários no país e ao perfil específico deste lote. “O fato de ser um trecho em Rondônia, uma região longe dos grandes centros, e em uma via nunca antes concedida, sem histórico consolidado de tráfego, traz desafios ao projeto. Na situação desafiadora em que país está, conseguir um interessado reconhecido no mercado é uma vitória para o governo”, avalia Rodrigo Campos, sócio do Vernalha Pereira Advogados.
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