O sistema de locação que está fazendo sucesso no mercado imobiliário

em Veja Negócios, 15/janeiro

Menor tempo de aluguel e contratos mais flexíveis favorecem os negócios.

O ano começou com um ar de pessimismo econômico, com dólar se mantendo acima de 6 reais, bolsa em queda e taxa Selic a 12,5%. Em meio a esse contexto desafiador, o mercado imobiliário brasileiro segue lutando incansavelmente para driblar as dificuldades. As pontas do mercado sofrem menos com a situação. O setor de luxo segue em um bom momento e, na outra extremidade, o público de mais baixa renda é atendido pelo Minha Casa Minha Vida. O governo Lula aprovou recentemente uma série de mudanças no programa, aumentando a entrada mínima para compra de imóveis usados, reduzindo o valor máximo daqueles que podem ser financiados e ampliando as faixas de preço de enquadramento no Minha Casa Minha Vida. O presidente comemora os números, assim como as construtoras, incorporadores e as empresas envolvidas, pois elas fecharam 2024 com lucros altíssimo e devem seguir no mesmo ritmo em 2025. .

A faixa da população que está no meio, a chamada classe média, é quem mais sofre com o momento econômico no país. O mercado imobiliário está atento a esse público, já que representa a sua maior fatia de consumidores, e tem pensado em formas novas e criativas para atender às suas necessidades e manter o mercado girando. Uma das saídas é apostar em um modelo chamado de locação flexível, um conceito de aluguel que permite que os proprietários adaptem o contrato às necessidades de seus clientes como uma alternativa à dificuldade em manter locações longas e também fazendo contratos para atender a demandas mais específicas do inquilino, dando mais praticidade e mobilidade no aluguel.

Esse estilo de locação não é uma novidade, mas vem ganhando força e deve ser uma forte tendência para esse ano. Os contratos têm durações personalizadas e o modelo beneficia principalmente os que têm medo de se comprometer com contratos longos, com risco de não conseguir pagar as parcelas do aluguel. Com esse cenário econômico, dar a possibilidade de períodos curtos é uma excelente solução. A locação flexível dá mais liberdade aos inquilinos e é diferente do modelo do AirBnb, que é uma plataforma exclusivamente de locação por temporada, com período máximo de até 90 dias. Ultrapassado esse período, não há como ficar no AirBnb, pois o acordo precisa ser no formato de uma locação regular, que tem uma série de regras.

A locação flexível, também chamada de flex stay, pode ser tanto de curta temporada quanto no padrão de 30 meses, com diferenças importantes de um aluguel convencional. Há a liberação de multas e de encargos em períodos de saída antes do prazo final, por exemplo. A ideia desse modelo é o de oferecer uma maior liberdade contratual, visando atender as demandas do inquilino e que, ao final, seja confortável para todo mundo. Em termos financeiros, os valores praticados são parecidos aos do mercado convencional de aluguéis. A diferença está mesmo na facilidade e praticidade do modelo. O objetivo é fazer o negocio girar, economizando na burocracia e nas regras rígidas.

Apesar de ser um negócio atrativo, é importante ter muito cuidado com a celebração desses contratos, pois a locação de imóveis é regida por uma lei própria, a chamada Lei do Inquilinato. Ela prevê obrigações tanto para locadores quanto para locatários com regras e prazos estipulados na norma que devem ser respeitados para que não incidam multas ou processos que altere a proposta de beneficio da locação flexível e ela acabe se tornando uma tremenda dor de cabeça, tudo o que as pessoas querem evitar nesse início de ano.


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