População 60+ redefine o mercado imobiliário nas grandes cidades

em Jornal de Brasília, 17/junho

O perfil do consumidor maduro é ativo e exigente na hora de escolher imóveis.

Dados da Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios, divulgados pelo IBGE em 2025, revelam uma mudança silenciosa, mas profunda nas dinâmicas urbanas e de consumo no Brasil: a população com 60 anos ou mais têm buscado e influenciado bairros com melhor infraestrutura, mobilidade e qualidade de vida.

De acordo com o levantamento, 93,3% das pessoas com 70 anos ou mais vivem em vias largas, com maior fluidez de circulação, e 36,7% estão em áreas com pelo menos cinco árvores, o maior índice entre todas as faixas etárias. Essa concentração em regiões com atributos urbanos valorizados indica que o público 60+ está moldando padrões de moradia e impulsionando o valor de bairros bem estruturados.

“O consumidor maduro não está apenas acompanhando tendências, ele está criando novas exigências. Morar bem, com conforto, segurança e acesso facilitado a serviços, não é luxo para esse público, é prioridade”, afirma Martin Henkel, especialista em marketing 60+ e CEO da SeniorLab.

A economia prateada, ou seja, atividades econômicas voltadas para a população idosa, em especial acima dos 60 anos, já movimenta uma renda trilionária anualmente no Brasil e representa um público exigente, com maior poder aquisitivo, tempo livre e atenção à qualidade de vida. Esse perfil impacta diretamente o setor imobiliário, exigindo novos parâmetros para projetos residenciais e comerciais, desde a planta até a localização.

Martin alerta que o setor precisa entender que a economia prateada já é uma realidade concreta, e ignorar esse consumidor é perder relevância e oportunidades. “As decisões de moradia hoje incluem questões como calçadas com rampas, arborização, mobilidade urbana e proximidade de hospitais, supermercados, lazer e centros de saúde. Isso impacta diretamente o planejamento urbano e o lançamento de novos empreendimentos”, complementa.

“A população madura não quer morar em lugares ‘preparados para idosos’, mas sim em bairros que ofereçam autonomia, estímulo à vida ativa e conforto para todas as idades”, reforça Henkel. “Cada rampa construída, cada calçada bem planejada e cada metro quadrado arborizado é, na prática, um investimento na valorização imobiliária do futuro.”


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