Projetos imobiliários já levam em conta as ondas de calor extremo

em Extra - Morar Bem, 10/fevereiro

As mudanças climáticas impactam a concepção dos empreendimentos, que devem ser energeticamente mais eficientes e adequados ao futuro.

O custo da energia elétrica e as ondas de calor cada vez mais intensas estão levando pessoas e empresas a buscar soluções de baixo custo, mas com potencial de economia, para amenizar o clima no interior dos edifícios. O tema tem sido alvo de debates também nos condomínios, que vêm colocando Insulfilm nas janelas e optando por fontes alternativas de energia para reduzir o valor das contas.

Os empreendimentos da Novolar, empresa do Grupo Patrimar, são projetados de acordo com alguns critérios: áreas com ventilação natural, uso de materiais com alto desempenho térmico e investimento em paisagismo para reduzir a sensação de calor.

— As mudanças climáticas trazem desafios que precisam ser considerados já na concepção dos projetos. Essas estratégias garantem que os empreendimentos sejam mais eficientes e preparados para o futuro — diz Nathália Gomes, gerente de Qualidade e Sustentabilidade do Grupo Patrimar.

Entre as iniciativas adotadas estão lâmpadas de LED e sensores de presença nas áreas comuns, placas fotovoltaicas para suprir parte da demanda e reduzir a taxa condominial, medidores individuais de energia para incentivar o consumo consciente e janelas amplas que garantam luz natural aos ambientes.

Vinicius Benevides, diretor Operacional e head de Inovação da Dimensional Engenharia, diz que a empresa estuda a concepção arquitetônica e de design dos projetos para garantir o uso eficiente de energia.

A construtora entregou recentemente o empreendimento Comunidade do Aço, em Santa Cruz, em que redução do consumo de energia chega a 64%, e a de água, a 37%.

—A redução do carbono incorporado nos materiais foi de 39% quando comparada ao de uma edificação convencional. Até pouco tempo atrás, construções eficientes e sustentáveis eram vistas como algo inacessível para habitações econômicas. Hoje é prérequisito para todos os novos empreendimentos — informa Benevides.

A Avanço Realizações Imobiliárias costuma inserir em seus projetos de médio padrão infraestrutura para instalação de sistemas solares, além de materiais sustentáveis e técnicas construtivas que contribuam para aumentar a eficiência energética.

Sanderson Fernandes, CEO da companhia, afirma que nos projetos da marca Now, por exemplo, as áreas de lazer fechadas, como academias, salão de festas e de jogos e brinquedotecas, são climatizadas.

— O sistema de climatização pode aumentar os custos de construção e manutenção e de consumo de energia, mas a adoção de sistemas eficientes e de tecnologias sustentáveis compensa esses custos ao longo do tempo — ressalta.

Nos condomínios, as ondas de calor também são temas de debates. A Administradora Nacional, que faz a gestão de cerca de 700 edifícios na Região Metropolitana do Rio, observa mudanças nas pautas das assembleias.

— Aprovações do uso de placas solares e da implementação de sensores de presença são demandas constantes. A procura por empresas no mercado livre de energia também tem sido comum — afirma Victor Tulli, diretor da administradora.

Bruno Queiroz, gerente de Operações e Negócios da Cipa, diz que consumo excessivo pode aumentar o valor das contas de luz em até 20%, com impactos no orçamento condominial e no valor das taxas. A adoção de lâmpadas de LED, a otimização de sistemas elétricos e a adesão à energia de fazendas solares são algumas soluções que, juntas, podem gerar uma economia de 10% a 20%.

— Existem opções para todos os orçamentos. A energia solar, no caso da instalação de placas e da modernização de sistemas, exige um investimento maior, mas o retorno é garantido — reforça.

Revisão preventiva de aparelhos é essencial

Identificar desperdícios e oportunidades de economia é uma das práticas que devem estar na agenda dos condomínios para reduzir custos. O conselho é de Luiz da Cal, gerente-geral de Condomínios da Apsa, que sugere ainda a adesão ao mercado livre de energia como uma alternativa que não exige investimentos e que reduz custos.

— Um bom conselho é também investir na manutenção preventiva de equipamentos, para ajudar a economizar durante os meses de calor intenso do verão — sugere Cal.

Patrick Galletti, engenheiro de climatização e CEO do Grupo Retec, alerta que muitos sistemas gastam mais energia por falta de cuidado ou de modernização.

—O equipamento que está ultrapassado ou não passa por manutenção adequada consome mais e não entrega o conforto esperado.

Investir em soluções mais modernas e fazer manutenções regulares pode ajudar a reduzir o consumo. Carlos Murdoch, coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Veiga de Almeida, diz que medidas simples e acessíveis, como instalar filmes reflexivos nas janelas para rebater a radiação solar, podem ser adotadas para que o custo da energia não pese no bolso.

— O uso de isopor com forração de madeira ou um revestimento cerâmico são alternativas viáveis, queajudam a manter o calor do lado de fora do apartamento. Com as mudanças climáticas, as chuvas também são mais intensas e podem gerar prejuízos.


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