Sustentabilidade deve ser colocada como prioridade em projetos, diz CBIC

em CBIC, 7/junho

A sustentabilidade no setor da construção foi o tema em destaque da 11ª edição do Roadshow COIC, promovido por meio da Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC) e da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CMA) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), nesta quarta-feira (6), em Curitiba-PR. Essa edição especial fez parte das ações de comemoração dos 80 anos do Sinduscon-PR, destacou o vice-presidente de Obras Industriais e Corporativas da CBIC, Ilso Oliveira.

A tragédia das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no último mês tem intensificado o debate sobre sustentabilidade e infraestrutura urbana. Nesse contexto, o setor da construção ganha ainda mais destaque e importância, assumindo um papel fundamental na melhoria das cidades e na mitigação dos impactos causados pelas mudanças climáticas. A realidade das alterações do clima exige que o setor se adapte, incorporando práticas e materiais que reduzam esses impactos, protejam as comunidades e garantam um futuro mais sustentável.

“Faz parte da nossa engenharia e da nossa construção encarar esse desafio. É preciso colocar isso como requisito indispensável aos projetos e às obras, para que possamos mostrar nossa competência e compromisso com a sustentabilidade, contribuindo para o país e para o mundo”, destacou o presidente da CBIC, Renato Correia.

Em sua fala de abertura, Correia destacou as mudanças que o país vivencia com a Reforma Tributária e classificou o momento como significativo para a indústria da construção.

“Estamos agora partindo para a discussão sobre a regulamentação, que é onde entram os detalhes, que se não bem regulados, podem não trazer os efeitos regulados esperados dessa boa construção de premissas que a Reforma tem”, afirmou Correia.

De acordo com Correia, a entidade está atenta às mudanças e uma das preocupações é não aumentar a carga tributária do setor. “Nós não vamos admitir que nessa regulamentação ocorra o aumento de preços ao consumidor e ao cidadão com relação a indústria da construção. Isso não é para proteger o setor da indústria da construção, mas sim para que o país possa ter condições de resolver os seus problemas essenciais que passam pela construção”, disse.

Além das mudanças de uma Reforma Tributária, o setor da construção está empenhado para passar por uma industrialização importante e célere, onde as empresas devem estar preparadas, apontou o presidente da CBIC. “Com os avanços do programa Minha Casa, Minha Vida, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os projetos para o Nova Indústria Brasil e a carência de mão de obra percebida no país, o setor precisa avançar”. disse.

Correia também destacou o déficit habitacional resiliente no país. São mais de 6 milhões de habitações, e o investimento necessário para eliminar esse déficit seria em torno de R$ 1 trilhão, o que equivale a cerca de R$ 100 bilhões em investimentos anuais, destacou.

“Nós precisamos da coesão do setor e lutar para que isso possa ser vencido com legislação adequada, licenciamentos ambientais coerentes com a realidade e o desenvolvimento sustentável do país”, destacou Correia.

Essa batalha é considerada difícil, apontou o presidente do Sinduscon-PR, Carlos Cade, que destacou apoio à pauta. “Nossa intenção era que antes da Reforma Tributária, houvesse uma Reforma Administrativa, justamente para evitar esse aumento de tributos que está sendo sinalizado. Estamos juntos nessa luta”, alertou.

Siderurgia Sustentável e a Gestão Compartilhada

O primeiro painel do encontro debateu o avanço da tecnologia Tecnored e como ela pode contribuir com a sustentabilidade na redução de gases do efeito estufa, além de debater sobre a gestão compartilhada.

De acordo com o COO Tecnored, Ronald Lopes, o setor da siderurgia é responsável pela emissão de cerca de 7 a 9% dos gases de efeito estufa. Além disso, para cada tonelada de aço produzido são gerados 426 kg de resíduos sólidos. Por isso a necessidade de ampliar o conceito de economia circular e a atenção para a mitigação dos gases, apontou.

A Tecnored, segundo Lopes, tem desenvolvido tecnologias para ajudar o setor a reduzir suas emissões de carbono. As ações estão focadas em três principais áreas: eficiência de processos tradicionais; Substituição de combustíveis; CCS na siderurgia.

Durante o encontro, Lopes destacou o trabalho de gestão compartilhada realizado em Marabá-PA e os principais resultados já alcançados.

Engenharia, Sustentabilidade e Inovação para uma Construção de Baixo Carbono

O segundo painel do 11º Roadshow COIC destacou as mudanças no cenário do setor sustentável e a inserção do ESG (Environment, Social & Governance) de forma mais estruturada na pauta do setor da construção. De acordo com a diretora de sustentabilidade da CTE, Adriana Hansen, 98% dos investidores do setor imobiliário usam dados ESG em seus processos para avaliação de riscos e oportunidades para os negócios, destacou.

O setor da construção, em 2022, representou cerca de 33% das emissões globais de CO2, onde a maior parte está atrelada ao consumo energético dos edifícios, para o aquecimento dos lares. Para mitigar o impacto global, segundo Adriana, o Brasil estabeleceu um compromisso de reduzir suas emissões de carbono para 48% até 2025 e de 53% até 2030, em relação às emissões de 2005.

Adriana, durante o encontro, salientou sobre como a evolução tecnológica pode auxiliar neste processo de redução de consumo e apontou o IOT e IA como algumas ferramentas possíveis para a adaptabilidade das edificações. Além de destacar soluções com menores impactos como fontes alternativas de água, promoção de diversidade de flora, criação de espaços de descompensação, sistemas construtivos de baixo carbono, entre outros.

Saneamentos: Saúde, Sustentabilidade e Oportunidades de Negócios

O último painel do encontro destacou dados sobre a importância da água e saneamento. De acordo com o gerente de pesquisa e inovação da Senepar, Gustavo Possetti, 3,6 bilhões de pessoas sofrem com a falta de serviços de saneamento e cerca de 44% do esgoto doméstico não é tratado com segurança.

Para Possetti, cenários de dificuldades em enfrentar os efeitos extremos estarão cada vez mais presentes e é necessário se preparar. O cenário de mitigação e adaptação às mudanças climáticas não é apenas emergencial, e influencia fatores como PIB (Produto Interno Bruto) e outros indicadores.

A inovação é chave para promover a vida das pessoas e como ferramenta para promover a sustentabilidade. De acordo com Posseti, cidades inteligentes e resilientes estão relacionadas a pessoas sadias, havendo a contribuição direta do saneamento.

A iniciativa aconteceu em colaboração entre a Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC) e a Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CMA) da CBIC, juntamente com o Sinduscon Paraná, e contou com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

A rodada de debate contou com a participação do presidente do conselho deliberativo do Sinduscon Paraná, José Gizzi.

O tema tem interface com o projeto “Sustentabilidade das Empresas do Segmento de Obras Industriais e Corporativas”, da Comissão de Obras Industriais (COIC) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e com o projeto “Descarbonização do setor da Indústria da Construção e os Negócios e Soluções Inovadoras em Sustentabilidade”, da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CMA) da CBIC, com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).


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