Número de novos projetos em 2024 bateu recorde no Rio

em Extra, 6/janeiro

Aumento de 55% no número de lançamentos e de 35% nas unidades vendidas na planta embala a expectativa de bons negócios também em 2025.

O ano de 2024 foi de recordes no mercado imobiliário carioca, com aumento de 55% no número de lançamentos e 35% nas unidades vendidas na planta em comparação a 2023. Os resultados mensurados pelo SindusconRio também mostram que houve redução das unidades em estoque. Se os lançamentos parassem de ocorrer hoje, e o ritmo atual de vendas fosse mantido, as unidades na planta disponíveis na cidade do Rio se esgotariam em oito meses, segundo estima a entidade.

Os projetos do segmento econômico, no entanto, fazem o número de lançamentos no Rio de Janeiro destoar do nível federal: no Brasil, eles representaram 53% do que foi lançado em 2024, mas, no Rio, esse percentual foi de 29%. Grande parte desse volume era de empreendimentos de médio e alto padrões, em regiões mais abastadas da cidade. Em São Paulo, os lançamentos enquadrados no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) representaram 60%. Para Claudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio, precisa haver um incentivo maior do poder público para novos projetos imobiliários além da Zona Norte, do Centro e da Região Portuária.

— O novo Plano Diretor do Rio incentiva a chegada de novos empreendimentos à Zona Norte, por exemplo, mas não à Zona Oeste. Além disso, regiões que contornam grandes corredores de transportes, como a Avenida Brasil, poderiam ser melhor aproveitadas para lançamentos do segmento econômico — comenta.

Outra questão que preocupa, segundo Hermolin, é o aumento da taxa de juros, que, embora não afete diretamente o público do MCMV, atinge em cheio os clientes de médio padrão. E aqueles que estão na chamada faixa 4, um pouco acima do limite de preço determinado pelo programa federal, também são impactados com alta da Selic.

— O mercado imobiliário é muito dependente do crédito, que está atrelado à taxa de juros da Selic. Tanto os clientes, que precisam recorrer ao financiamento bancário para comprar um imóvel, quanto as construtoras, que também pegam dinheiro emprestado aos bancos para erguer seus projetos — explica o presidente do Sinduscon-Rio.

Na avaliação do diretor geral da Imobiliária Lopes Rio, Paulo Nunes, a alta da Selic também afeta indiretamente o mercado econômico. O aumento da taxa de juros, ressalta, impacta o crédito das classes C e D, reduzindo o consumo de serviços, alimentação e transporte. Com menos poder de compra, a população tende a adiar o sonho de comprar a casa própria.

—No entanto, a expectativa do mercado é que o ano de 2025 seja bom para novos lançamentos em bairros da Zona Norte do Rio, em função dos incentivos do novo Plano Diretor. O Centro e a Região Portuária também continuarão a colher os frutos da nova legislação — estima Nunes.

O presidente da AdemiRJ, Marcos Saceanu, espera que 2025 seja tão bom para o setor quanto foi em 2024. Para ele, o cenário macroeconômico, com emprego em alta e aumento do PIB, tende a estimular novos lançamentos. Somados a isso, os incentivos oferecidos pelo Plano Diretor e por outras medidas da Prefeitura do Rio, como a expansão das regras do Porto Maravilha para São Cristóvão, também devem impulsionar o aquecimento do mercado.

— O mercado imobiliário é muito dependente de melhorias no cenário econômico para prosperar, assim como de uma legislação que incentive as empresas a construir mais. No segmento econômico, os recursos serão reservados pelo governo federal para estimular novos empreendimentos no Minha Casa, Minha Vida — aposta Saceanu.

Ritmo de lançamentos deve se manter em 2025

Incentivos públicos tornam os preços dos apartamentos mais competitivos

Para a Cury Construtora, 2024 foi um ano excelente, segundo avalia seu vice-presidente, Leonardo Mesquita, que espera a manutenção do ritmo em 2025. No ano passado, foram lançados 12 novos projetos e 7.064 unidades, a maioria na Região Portuária — número que supera os nove lançamentos e as 4.543 unidades de 2023.

Mesquita afirma que os negócios da empresa foram impactados positivamente pelo novo Plano Diretor e cita como exemplo o empreendimento Nova Norte, em Irajá, que teve a primeira fase lançada em 2023 (antes da aprovação das novas regras), e a segunda, depois.

— No mesmo produto, conseguimos lançar uma fase mais viável financeiramente tanto para a empresa quanto para os compradores, ofertando um número maior de unidades a preços mais baixos do que o dos imóveis da primeira fase. Isso mostra como os incentivos públicos podem beneficiar os segmentos econômico e de médio padrão — pontua Mesquita.

A Novolar também tem boas notícias para contar no balanço de 2024. Foi o ano em que a empresa aportou no Centro de Niterói para o lançamento do Green Life, além de ter lançado outros projetos na Zona Oeste do Rio. Em 2025, a construtora pretende expandir seus negócios para outras áreas da cidade, como os bairros da Zona Norte e o Centro.
— Estamos olhando com atenção para Penha, Colégio e Bonsucesso. No Centro, nos agrada a região próxima à Leopoldina, pois acreditamos que será a nova fronteira imobiliária do Rio — antecipa Paulo Araújo, diretor Regional RJ da Novolar.


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