“O mercado imobiliário é do tamanho do ‘funding’ para o setor”, afirma Presidente do Secovi-SP

em Estadão, 11/junho

Rodrigo Luna sugere alterações no Plano Diretor de São Paulo e elogia investimentos do Governo Federal.

O ano de 2023 marcou um momento de retomada do mercado imobiliário brasileiro. Mesmo com os juros ainda altos, observou-se recordes no número de vendas, impulsionadas por novas regras no Plano Diretor, tendência de queda da Selic e programas de habitação social.

Para Rodrigo Luna, Presidente do Secovi-SP e Presidente do conselho administrativo da Plano&Plano, os bons resultados são uma prova de resiliência do setor.

“Depois da pandemia, as famílias precisavam encontrar formas de obter crédito imobiliário para adquirir a casa própria. Os segmentos de classe média e alta renda têm encontrado desafios por conta dos juros altos, que tornam o crédito mais caro e seletivo. Também temos o Plano Diretor, que apesar dos avanços, ainda é restritivo e precisa de melhorias” enumerou o executivo.

Potencial do Plano Diretor

Em meados de 2023, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou o texto substitutivo do Plano Diretor Estratégico da capital paulista. Entre as novidades, estão a permissão para construção de prédios residenciais mais altos a até 700 metros de estações de trem e metrô, a garantia de uma vaga de garagem para apartamentos de pelo menos 60 m² e outros incentivos para o desenvolvimento de empreendimentos em áreas centrais da cidade.

Durante participação no Top Imobiliário, premiação promovida pelo Estadão e pela Embraesp que consagra as companhias do setor que mais se destacaram no último, Rodrigo afirma que as mudanças não são o suficiente para atender as necessidades da população.

“Nos últimos 50 anos, São Paulo se espalhou e vimos diminuir a densidade nos centros onde existe infraestrutura. Hoje, as pessoas de menor poder aquisitivo moram longe dos principais pontos de lazer, escolas, universidades e parques. Por isso, precisam se deslocar diariamente para onde estão essas ferramentas urbanas”, comenta.

Para lidar com os aspectos sociais, ambientais e econômicos deste espalhamento de pessoas, ele defende o espalhamento dos investimentos. “A medida que você centraliza o Plano Diretor, você restringe a construção nessas áreas mais centrais e elas ficam mais caras e escassas, o que torna os imóveis mais caros e apertam o bolso das famílias. Quando isso acontecem, poucos são beneficiados”.

Estímulos do governo

Em contrapartida, Luna destaca que a participação do governo no desenvolvimento ou aprimoramento de iniciativas como o Minha Casa, Minha Vida e o Programa Pode Entrar, em São Paulo, são estímulos que aumentam a capacidade das famílias de adquirir a casa própria.

“O segmento econômico vem performando bem, respondendo ao tamanho do déficit habitacional e mostra o quanto ainda falta para atender esta demanda”, analisa.

De fato, o Minha Casa, Minha Vida é o grande protagonista do mercado imobiliário brasileiro no momento. Apenas na cidade de São Paulo, foram lançados 36,8 mil imóveis econômicos em 2023, enquanto 36,4 mil se enquadram em outros mercados. Ao passo que produtos de baixa renda cresceram 17%, os de médio, alto e altíssimo padrão caíram 18%, segundo dados do Anuário do Secovi-SP.

Luna defende que o caminho para que outros setores acompanhem os bons números do segmento econômico passam obrigatoriamente por investimentos públicos. “O governo vem trabalhando de forma intensa e proativa”, elogia.

“A ampliação do crédito do FGTS para acompanhar o crescimento da demanda comprova este comprometimento. O mercado imobiliário é do tamanho do funding para o setor”.


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