A tecnologia assume de vez o controle da casa

em O Globo, 1º/setembro

Equipamentos de última geração abrem a porta do imóvel, fecham cortinas e controlam a temperatura ambiente.

O conceito de casas inteligentes chegou para ficar. Segundo pesquisa da consultoria Mordor Intelligence, que analisa tendências de consumo mundiais, esse mercado está aquecido e deve registrar taxa de crescimento anual de 25,3% ao longo dos próximos quatro anos — o que significa passar dos US$ 120,1 bilhões (cerca de R$ 660 bilhões), observados hoje, para atingir US$ 370,95 bilhões (aproximadamente R$ 2 trilhões) até 2029.

Mas, na prática, o que é uma casa inteligente? É um conceito diretamente ligado ao da internet das coisas (IoT), ou seja, que se refere à interconexão digital de objetos cotidianos com a internet, coletando e transmitindo dados por meio da nuvem sem comprometer a privacidade das pessoas.

Em uma casa inteligente, pode-se acender as luzes, controlar a temperatura da geladeira ou abrir e fechar persianas por meio de um dispositivo eletrônico como celular ou tablet. Só para se ter uma ideia do potencial desse segmento, a Hunter Douglas observou um crescimento de 15% nas vendas de suas cortinas motorizadas de janeiro até maio deste ano em comparação ao mesmo período de 2023.

Além dos apartamentos, o mercado imobiliário está de olho nos prédios inteligentes ou prédios 4.0. Eles são peças fundamentais para o desenvolvimento das cidades inteligentes por apresentar recursos de conectividade e de digitalização e também por se basear em princípios de sustentabilidade. O fato é que unidades inteligentes em prédios inteligentes ajudam as cidades a se tornarem mais sustentáveis, eficientes e centradas nas pessoas, graças à gestão das informações.

Não é à toa que, nos últimos tempos, muitos residenciais chegaram ao mercado com elevadores e portarias inteligentes, biometria, sensores que detectam fumaça e ajustam temperatura, circuito fechado de televisão (CFTV), sonorização, botões de pânico personalizados, captação de água escoada por ares condicionados e das chuvas para reuso em sanitários e utilização da luz solar para conversão em energia. Sem falar em sistemas que permitem monitorar as áreas comuns ou fazer a gestão dos colaboradores e prestadores de serviços em tempo real.

Em vez de investir em sistemas complexos de automação, que podem se tornar rapidamente desatualizados, a Canopus está focando em entregar um hardware de alta qualidade. Segundo a gerente de Marketing da construtora, Renata Tavares, isso significa que os apartamentos são construídos mais rapidamente e com uma estrutura cada vez melhor, e os moradores podem optar pela tecnologia que melhor atender às suas necessidades.

— Uma fechadura eletrônica, por exemplo, é praticamente indispensável hoje em dia. Mas já estamos estudando alternativas com reconhecimento facial. São tecnologias que realmente agregam valor e praticidade ao usuário final — afirma.

O sócio da Itten Eduardo Cruz lembra que a inteligência mudou o jogo do mercado imobiliário, abrindo um amplo leque de oportunidades. Ele mesmo recebe vários fornecedores de novas tecnologias, mas, depois de algumas tentativas não tão bem-sucedidas de implantar inovações, passou a criar um arcabouço nos residenciais construídos pela incorporadora que permita ao morador adotar os sistemas que considerar mais úteis e fáceis de usar.

Ele cita a questão da segurança remota. A portaria automatizada ajuda a diminuir a taxa de condomínio, mas há moradores que preferem o porteiro 24 horas. E, no fim das contas, são eles que têm o direito de decidir.

— A melhor forma de definir que tipo de inteligência usar é ouvindo o condomínio. Não adianta um sistema fantástico que os condôminos não conseguem ou não têm interesse em usar. Estamos trabalhando, por exemplo, com tecnologia para economizar água. A boa inovação é a que as pessoas usam — diz ele.


Ver online: O Globo