Inovação e industrialização são caminhos para enfrentar escassez de mão de obra jovem na construção civil

em A Tribuna RJ, 31/agosto

Pesquisa do Sinduscon-SP aponta que média de idade dos trabalhadores do setor passou de 38 para 41 anos.

Industrialização dos processos construtivos, inovação e qualificação profissional podem ser a solução para enfrentar a escassez de mão de obra jovem na construção civil. O problema, sentido por empresários do setor em várias partes do mundo, foi um dos temas debatidos durante a 11ª edição do Summit da Construção Civil.

“De fato, a construção civil está crescendo muito, mas, em contrapartida, a oferta de mão de obra está decrescendo. Atrair os jovens, principalmente aqueles da Geração Z (nascidos entre 1997-2012) tem sido um grande desafio”, apontou o consultor David Fratel, membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP).

O envelhecimento da mão de obra no setor é confirmado por um levantamento realizado pela Autodoc a pedido do Sinduscon-SP. Segundo a pesquisa, que ouviu 1,12 milhão de colaboradores brasileiros entre janeiro de 2016 e abril de 2024, a média de idade passou de 38 para 41 anos durante o período.

“Se esse crescimento da idade média continuar no setor, a gente não vai ter um bom resultado pela frente”, alertou Fratel, durante o painel Alternativas à Mão de Obra Escassa. “É verdade que a população brasileira como um todo vem envelhecendo, o que reflete no setor da construção. Isso é algo típico em países desenvolvidos, mas aqui no Brasil a industrialização da construção não é plena, então (ainda) não podemos abrir mão de trabalhadores”.

Para o consultor do Sinduscon-SP, é preciso preparar esses profissionais para uma construção industrializada.

“Industrializar precisa de disciplina, planejamento e precisamos colocar isso na cabeça do pessoal do canteiro e também dos escritórios. Não mais prepará-los para fazer tijolo em cima de tijolo. Modernidade exige pré-fabricação. Você fabrica as coisas (módulos) fora do canteiro e leva depois para fazer a montagem. Precisamos usar a tecnologia e difundir a construção industrializada”, orientou Fratel.

O especialista apontou, ainda, que o Poder Público pode ajudar neste processo de industrialização da construção, por exemplo, reduzindo a carga tributária para importação de tecnologias e alterando a logística das grandes cidades quando necessário para transporte de pré-moldados.

Caminhos para a industrialização plena

Qualificar e capacitar mão de obra

A falta de trabalhadores qualificados é um grande obstáculo. A construção civil no Brasil ainda é predominantemente manufaturada, e a escassez de mão de obra qualificada torna o processo de industrialização um caminho difícil de ser percorrido.

Investir e melhorar o nível de planejamento

Muitas obras no Brasil são caracterizadas por baixos níveis de planejamento, o que resulta em baixa qualidade das obras, alto índice de desperdício e controle ineficaz de custos.

Difundir a construção industrializada

A construção industrializada ainda é pouco difundida no Brasil. Isso se deve, em parte, à falta de conhecimento e aceitação dos métodos industrializados.

Reforma tributária justa e equilibrada para o setor

Quanto custa pré-fabricar a construção no Brasil, por conta da incoerência no conceito e relevância das altas cargas tributárias?

Resolver a logística nas grandes cidades

Em grandes centros, não é difícil relacionar as dificuldades de transitar com cargas que contenham sistemas pré-fabricados, além da questão de vizinhança, ruído e restrições de tráfego.

Racionalizar custos de importação

A importação de equipamentos e sistemas industrializados é onerosa. O mercado brasileiro não paga por isso, porque se baseia ainda na construção artesanal.


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