Gramado e Canela superam desafios e voltam a crescer
em Valor Econômico, 27/junho
Com lançamentos, aumento do VGV e valorização do metro quadrado, mercado imobiliário das duas cidades gaúchas mostra resiliência e vive ano de retomada.
Gramado e Canela, cidades gaúchas, a cem quilômetros de Porto Alegre (RS), viveram um pesadelo sem precedentes há um ano. O evento climático que arrebatou o estado, em 2024, provocou deslizamentos de terra, estragos na infraestrutura urbana e vitimou pessoas.
A economia também foi afetada — e o turismo de Gramado, que havia recebido oito milhões de visitantes em 2023, foi duramente atingido pelas estradas danificadas e pelo fechamento do aeroporto da capital por cinco meses, que arrastou também o mercado imobiliário.
Doze meses depois, o cenário é outro. Em reconstrução econômica e com expectativa positiva pela volta dos turistas na temporada de inverno, as vendas de imóveis estão aquecidas e há nova safra de produtos.
Estudo inédito da consultoria Brain – Inteligência Estratégica mostra que Gramado e Canela lançaram R$ 1,1 bilhão em VGV, entre julho de 2024 e março de 2025. No primeiro trimestre deste ano, foram cinco novos projetos. A venda de imóveis em Gramado cresceu 11%, e o metro quadrado residencial chegou a R$ 19,5 mil, um dos mais altos da região.
O sentimento é de otimismo e cautela. “O mercado começa a reagir, com demanda em alta, valorização dos imóveis e novos produtos de alto padrão”, analisa Bernardo Tomazelli, presidente da Planta, entidade voltada ao desenvolvimento sustentável do setor na Serra Gaúcha.
Tomazelli cita como indicador a arrecadação de ITBI dos municípios em 2024 (R$ 50 milhões) e o volume de transações realizadas: R$ 3,2 bilhões. “Mesmo na crise, nos superamos e mostramos que a região é um lugar bom para morar e investir”, diz.
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Jeferson Braga, CEO da OwnerInc, aposta na multipropriedade de luxo para consolidar a retomada do mercado local e vai lançar em Gramado, no segundo semestre, o Nest Mountain Lodge, com 106 apartamentos compartilhados com estrutura de gastronomia e lazer completa, incluindo pista de boliche e piscina com raia semiolímpica, na Avenida Borges de Medeiros. “É um produto residencial de alto padrão com arquitetura que valoriza a cultura local”, diz Braga. A cota por duas semanas de estadia no empreendimento custará entre R$ 150 mil e R$ 550 mil.
No início de 2026, será entregue o Own Time Home Club, projeto no Centro de Gramado com 24 casas e 40 apartamentos em meio a um bosque, próximo do agito do Centro. O VGV é de R$ 500 milhões, e 90% das frações já estão vendidas. “Com o metro quadrado entre os mais caros do país, não faz sentido comprar uma casa para usar sozinho apenas nas férias. A multipropriedade entrega uma experiência de luxo a um custo menor”, compara Braga.
Quem também investe na região é a Rede Laghetto, que tem 14 hotéis e um resort em operação mista (reserva de suítes e multipropriedade) e outros três em construção — um deles, em Bento Gonçalves. “A marca ‘Gramado’ é muito forte no turismo nacional. As pessoas continuam a vir de todo o país e, mesmo com crise, estamos recuperando os resultados de 2023”, afirma o CEO, Diego Cáceres.
Com aposta no alto luxo, o Kempinski Laje de Pedra Hotel & Residences, em Canela, lançou recentemente a segunda fase do ambicioso retrofit do histórico hotel da cidade, assinado pelo escritório Perkins & Will, com interiores de Patricia Anastassiadis. O projeto foi apresentado em 2022 com 128 apartamentos (quase todos vendidos) e VGV de R$ 600 milhões.
Agora, serão 67 unidades de 53 a 144 metros quadrados, 35 delas voltadas para o Vale do Quilombo, com valores de R$ 4 milhões a R$ 14 milhões. As cotas de 12 semanas saem em torno de R$ 1 milhão, e o cliente pode trocar tempo por mais espaço.
“Quem abre mão das semanas que não usará o apartamento pode ter um acréscimo de unidades no período que escolher e viajar em grupo”, explica José Paim, sócio-diretor do Laje de Pedra, informando que 40% dos compradores vêm de São Paulo e de outros estados brasileiros.
Os compradores do residencial terão acesso à infraestrutura de lazer do hotel Kempinski, parceria com a marca alemã fundada em 1897, e ao ThirdHome, um portfólio com 19 mil propriedades de luxo para intercambiar férias ao redor do mundo.
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