Tegra dobra aposta no Rio com projetos de R$ 865 milhões — os últimos do Península

em O Globo, 27/junho

Incorporadora também prepara residencial em terreno de R$ 370 milhões na praia da Barra.

A Tegra, incorporadora residencial do grupo canadense Brookfield, decidiu acelerar seu ritmo de lançamentos no Rio, com foco no segmento de altíssima renda. A companhia prepara dois projetos com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 865 milhões nos últimos lotes do Península, bairro planejado da Carvalho Hosken na Barra da Tijuca, Zona Oeste. No mesmo bairro, já desenha, no curto prazo, o lançamento de um condomínio no terreno à beira-mar pelo qual pagou R$ 370 milhões, em parceria com a São José, em 2023.

Os projetos no Península ficarão no entorno do Green Park, parque localizado no coração do bairro planejado. A Tegra ainda não definiu os nomes dos empreendimentos, mas a ideia é lançar o primeiro até setembro. (A data do segundo lançamento dependerá da “temperatura” da demanda junto a corretores e clientes, mas um lançamento simultâneo não está descartado.)

’Quiet luxury’

O primeiro projeto será erguido em um terreno de cerca de 8 mil metros quadrados e concentrará a maior parte do VGV total: R$ 638 milhões. Serão três torres de 14 andares, com 245 unidades no total. Os apartamentos terão três ou quatro suítes e plantas de 127 a 200 metros quadrados, além de coberturas com até 400 metros quadrados.

— A arquitetura terá inspiração tailandesa, com uma pegada de Phuket. A intenção é nos posicionarmos na linha do chamado “quiet luxury” (luxo silencioso), que vem se impondo como tendência — explicou Felipe Shalders, gerente-geral de novos negócios da Tegra no Rio. — Com a alta dos juros, decidimos apostar sobretudo no segmento de alta renda, que é menos impactado por essa conjuntura.

O segundo empreendimento, projetado em um terreno de 2,9 mil metros quadrados, terá VGV estimado em R$ 227 milhões. Será uma única torre de 15 andares, com 62 unidades de quatro suítes e plantas com mais de 220 metros quadrados. A inspiração arquitetônica será brasileira, segundo Shalders, com paisagismo de Burle Marx.

Bairro planejado

A entrega dos residenciais está prevista para o fim de 2028. Serão os primeiros empreendimentos da Tegra — que já operou com as marcas Brascan e Brookfield Incorporações antes de adotar o nome atual, em 2017 — no Península, lançado pela Carvalho Hosken em 2002. No ano passado, a paulistana Azo lançou um empreendimento de “casas suspensas”, com VGV de R$ 290 milhões, no último terreno da orla do bairro planejado. Agora, a Tegra está assumindo os últimos lotes internos.

— O Península se tornou uma espécie de símbolo do conceito de bairro planejado, dado o trabalho da associação civil que cuida do espaço e diante dos problemas urbanos das grandes cidades. Com os projetos da Tegra, esgotamos as possibilidades de desenvolvimento de novo estoque no Península — afirmou Carlos Felipe de Carvalho, CEO da Carvalho Hosken e filho caçula do fundador Carlos Carvalho, terrenista que ganhou o apelido de “Rei da Barra” e morreu aos 100 anos em 2024.

(Como a coluna já contou, a Carvalho Hosken projeta um eventual Península 2, além de um novo bairro planejado na Barra Olímpica, o Outeiro, nas imediações do Riocentro.)

Bilhão à beira mar?

O cronograma da Tegra prevê ainda o lançamento de um complexo residencial no terreno comprado em 2023 em frente à praia da Barra. Com 30 mil metros quadrados e localizado ao lado do condomínio Golden Green, entre os postos 6 e 7, o terreno foi vendido pelas herdeiras do banqueiro Aloysio Faria, fundador do Real e do Alfa, por R$ 370 milhões.

— O projeto está em aprovação junto à prefeitura, mas não descartamos lançá-lo ainda este ano. Vamos focar no altíssimo luxo, com apartamentos de até 500 metros quadrados — disse Shalders.

O executivo faz mistério sobre a ambição do empreendimento, mas, dadas as dimensões do terreno e sua localização, fontes de mercado estimam que o projeto supere a casa do bilhão em VGV.


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