Terreno do Colégio Bennett, no Flamengo, dará lugar a condomínio de luxo

em Diário do Rio, 26/junho

Condomínio terá duas torres com 350 unidades de um a três quartos Empreendimento, que pode vir a ter a chancela de um grande estúdio de design. Valor Geral de Venda é estimado em cerca de R$ 500 milhões.

Mais um dos últimos grandes terrenos do Flamengo, bairro da Zona Sul carioca, onde funcionou o antigo Colégio Bennett, vai ganhar um condomínio de alto padrão. O empreendimento é resultado de uma parceria firmada entre o BTG Pactual e o empresário Rogerio Chor. A previsão de lançamento é no fim do ano.

Com Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em cerca de R$ 500 milhões, o condomínio que vai surgir no Bennett terá duas torres nas quais serão distribuídas 350 unidades de um a três quartos. O preço do metro quadrado construído no local está previsto para ser calculado em R$ 20 mil.

Fontes do mercado imobiliário adiantaram ao Portal Metro Quadrado que os incorporadores articulam para que o condomínio seja um branded residence, com o estúdio italiano Pininfarina, que desenha carros para marcas, como Ferrari e Maserati, além de assinar vários projetos imobiliários no Brasil, e um na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro: o Atto, da incorporadora Origem, de Henrique Blecher. Lá, se projeta um resultado positivo de quase 250 milhões, de um VGV total de 600.

O mercado do Flamengo está bombando e esta é a segunda aquisição do BTG no bairro: recentemente arrematou em leilão público os três prédios da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro na Praia do Flamengo 186, com três imensos blocos, que serão retrofitados – desta vez em parceria com a Performance Empreendimentos. O BTG pagará 78 milhões de reais nos prédios de cerca de 20.000m2, que se encontram parcialmente invadidos, mas o despejo dos invasores está sendo feito pela própria Justiça do Trabalho, que utilizará os recursos da venda para quitação de cerca de metade das dívidas da histórica entidade.

Bairro tradicional da Zona Sul carioca, o Flamengo é conhecido pela escassez de terrenos, o que fez da compra da área do Bennett uma ação emblemática. Mas, esta e a área da Santa Casa não foram as únicas compras recentes do mercado no local: recentemente o prédio da OI na Rua Dois de Dezembro também teria sido vendido, apesar de ainda não haver comfirmação sobre quem foi o adquirente.

Em 2024, o terreno de 15 mil m² da velha escola foi arrematado pela dupla Chor e BTG por R$ 60 milhões, após a Fundação Metodista do Rio, dona do colégio, entrar em recuperação judicial. O Colégio Bennett encerrou as suas atividades no início da pandemia, em 2020. Muito se falou sobre o que ocorreria com o terreno.

Rogerio Chor e a Fundação Metodista já haviam firmado um acordo para aquisição do terreno durante o processo de Recuperação Judicial, o que levou o empresário a ter a preferência no leilão. O BTG, por sua vez, entrou no negócio porque era credor da fundação. Com o terreno agora na sua área de special sits, o banco concentrará dois terços do projeto, e Rogerio Chor o restante, segundo o Metro Quadrado. Aliás, de forma bem semelhante ao que ocorreu com os prédios da Santa Casa. Concorrentes que possivelmente se tornam parceiros para diminuir o valor do investimento, com menos concorrência.

Localizado na Rua Marquês de Abrantes, atualmente o terreno é ocupado pelo colégio Pensi, do Grupo Eleva; e por uma faculdade de medicina da Ser Educacional. As instituições firmaram um acordo com os novos donos para continuarem inquilinas, com algum remanejamento de espaço. Da área total, as instituições educacionais ocuparão dois terços, e um terço ficará com o condomínio que será construído.

“Pelo tamanho, vamos conseguir fazer uma boa área de lazer, com quase 2 mil m², algo que tem dado muita força nos lançamentos,” disse Rogerio Chor ao site Metro Quadrado.

Localizado nas proximidades do mercado crescente da Glória e do Centro do Rio, o Flamengo já viveu o seu auge imobiliário, e por conta da falta de grandes terrenos se destacou nos últimos anos por lançamentos focados em estúdios. Por isso, o lançamento, segundo Rogério, “será um dos três maiores dos últimos 30 anos” no bairro. Sobre as perspectivas de venda, o executivo afirmou ao site: “Com essa pouca oferta, o Flamengo tem uma liquidez impressionante, porque é um bairro que tem uma ótima área de lazer (o Aterro), o metrô perto, o Parque Guinle, e uma boa oferta de serviços”.

No terreno comprado da Fundação Metodista também há uma parte tombada: um palacete do século XIX. O imóvel, que era usado pelo antigo Bennett, será revitalizado para ser usado como uma área comum para as torres do novo condomínio.

Ainda há dois enormes terrenos na região, que têm recebido grande atenção do mercado mas que têm dificuldades com imóveis tombados ocupando parte de seu espaço. Os dois se encontram em estado bem ruim de conservação mas são anexos a grandes áreas. Um é a antiga Clínica São Sebastião, próxima ao Largo do Machado, que ainda tem o problema de pertencer a inúmeros herdeiros. Outro é o Palacete São Cornélio, também da Santa Casa, que conta com um grande terreno de 3.500m2 e uma saída lateral para a rua Santo Amaro. O Palacete Histórico, quando for finalmente restaurado, será um dos mais bonitos do Rio, com seus tetos pintados a mão, afrescos e bonita fachada. O imóvel tombado pelo Iphan, que, segundo a entidade, foi entregue em mau estado pela faculdade Souza Marques após uma longa locação, pode receber uma nova edificação no terreno dos fundos e está à venda pela Sérgio Castro Imóveis.


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