Segmento corporativo tem boom de negócios

em Valor Econômico, 27/junho

Na capital paulista, demanda por grandes espaços, redução da vacância, valorização de ativos premium e concorrência entre regiões marcam o primeiro semestre do ano.

O segmento de lajes corporativas e escritórios na capital paulista vive forte demanda por espaços maiores, mais modernos, com valorização de ativos premium e aumento no volume de negócios. É o que aponta o relatório “Market overview São Paulo – 1T25”, feito pela consultoria Colliers.

O documento contabilizou 12 contratos de locação acima de três mil metros quadrados na cidade, em empreendimentos de alto padrão, nos três primeiros meses do ano — média de um por semana, um ritmo muito acima do tradicional. Somadas, as locações totalizaram 130 mil metros de janeiro a março, aumento de 85% em relação ao mesmo período de 2024.

“Foi um início de ano espetacular para o segmento corporativo de São Paulo. A redução da vacância foi influenciada pela falta de estoque novo, com forte aumento da demanda, sobretudo por grandes espaços”, analisa Ygor Chrispin, gerente da Área de Office da Colliers.

A taxa de vacância caiu dois pontos percentuais em toda a cidade, encerrando março em 19%. Nas avenidas Paulista, Rebouças, Nova Faria Lima, Faria Lima e JK, o indicador ficou abaixo de 10%. Empresas dos setores financeiro, de varejo, tecnologia, saúde e entretenimento ocupam 65% dos edifícios de categoria A, A+ e butiques.

Na análise dos últimos 12 meses, o valor médio de locação do metro quadrado corporativo na cidade variou 5%, segundo a pesquisa. Os ativos de alto padrão ficaram em R$ 101/mês, enquanto os de Classe B fecharam o trimestre em R$ 82 mensais.

Para Chrispin, o aumento do preço médio observado no primeiro trimestre tende a ser mantido, acompanhando a recuperação da absorção. “Em regiões corporativas mais consolidadas, como Faria Lima, Nova Faria Lima e JK, os preços estão entre R$ 200 e R$ 278 o metro quadrado. Nessas áreas, deve haver aumento maior nos preços até o fim do ano”, afirma o gerente.

O alto custo da ocupação nesses polos tende a beneficiar a oferta de escritórios no entorno imediato, estimulando a competição entre os bairros.

“Vila Olímpia, Itaim e eixo da Faria Lima já disputam a preferência das principais empresas nacionais e multinacionais. Agora, temos observado uma competição entre as regiões da Berrini e da Chucri Zaidan, na Zona Sul, para atrair companhias de médio e grande portes”, comenta Chrispin.

Localização premium

O analista destaca a valorização de ativos premium na cidade: imóveis de alto padrão com lajes flexíveis, alta tecnologia embarcada e sustentáveis. “O mercado está cada vez mais atento à eficiência operacional e à experiência proposta no ambiente de trabalho”, comenta.

Foi a busca por um espaço mais moderno, amigável aos colaboradores e menos oneroso financeiramente que teria levado à mudança de sede da Amazon em São Paulo, noticiada em abril. A gigante de tecnologia norte-americana trocará o escritório atual, no Itaim, pelo edifício Biosquare, em Pinheiros.

Com previsão de entrega para o início de 2026, o projeto é realizado pela incorporadora GD.8 e o fundo de investimento Kinea. A torre terá 130 metros de altura com rooftop panorâmico, lajes de até 2,6 mil metros quadrados e fachada ativa com quatro restaurantes.

“É um produto irreplicável pela região e suas características, pelas certificações de sustentabilidade e pelas grandes lajes, únicas no bairro”, diz Daniel Ribeiro, CEO da GD.8. O executivo acredita que o conceito de “office home” aplicado ao empreendimento, recriando a atmosfera de casa dentro do escritório, e a escolha por um bairro misto (residencial e comercial) valorizaram o projeto. “Optamos por fazer o prédio em Pinheiros, perto de restaurantes e do metrô, e não em um distrito de negócios. Isso tem chamado a atenção das empresas”, diz Ribeiro.

Do ponto de vista da arquitetura, as companhias têm demandado projetos com mais espaços de convivência, áreas comuns inclusive nas coberturas e circulação vertical dentro do escritório. “Esta é uma novidade: escadas e soluções dentro das normas de segurança, planejadas para dar mais flexibilidade de uso aos ambientes”, afirma Daniel Toledo, sóciodiretor e CEO do escritório Königsberger Vannucchi.

O Hy Pinheiros é um desses corporativos de escritórios inovadores, no bairro da Zona Oeste. O prédio AAA destaca-se pelas lajes de 1,1 mil metros quadrados, vãos livres generosos, vistas deslumbrantes para o verde dos Jardins e loja no térreo. “É um projeto que busca equilibrar as demandas das empresas com a oferta de espaços de qualidade para a cidade, contribuindo para um ambiente urbano mais dinâmico e sustentável”, acrescenta Toledo.

Com 100% de ocupação, o empreendimento está localizado na Avenida Rebouças, novo corredor de desenvolvimento de edifícios comerciais da capital paulista. “A Rebouças é uma alternativa estratégica entre a região da Faria Lima, cara e com baixa disponibilidade, e a Paulista, atualmente sem disponibilidade”, afirma Chrispin, da Colliers.

Segundo o gerente, o principal diferencial da via é o equilíbrio entre localização premium e preços mais competitivos. “Enquanto o valor médio do metro quadrado para locação na Faria Lima está em R$ 200 mensais, na Rebouças fica em torno de R$ 159. Isso a torna altamente atrativa para empresas que buscam posicionamento estratégico com melhor relação custo/benefício.”


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